Usar esses remédios e dirigir aumenta risco de acidentes
Abramet divulgou uma lista de medicações que representam uma ameaça no trânsito
Todos sabem que beber e dirigir é proibido, uma vez que a atitude aumenta, e muito, o risco de acidentes de trânsito. Mas remédios não são alvos da mesma conscientização. Para mudar isso, a ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) publicou uma diretriz sobre o assunto.
O documento resume dados de testes científicos e propostas para a mudança da conduta médica, além do pedido para alteração de rótulos e uma lista de medicações que causam riscos à segurança do trânsito. A entidade os chama de MPPCVA (Medicamentos Potencialmente Prejudiciais ao Condutor de Veículos Automotores).
Muitos são facilmente encontrados e não exigem receita, o que pode levar ao arriscado processo de automedicação. Os remédios com substâncias psicoativas são um dos focos. O objetivo da Abramet é conscientizar médicos e autoridades.
“Esta diretriz pode orientar a formulação de uma norma na área da saúde, levando para a embalagem dos medicamentos o alerta visual de risco para o condutor, quando pertinente”, explica Antonio Meira Júnior, presidente da entidade “Na medida em que o uso de medicamentos diversos se acentua, é nosso papel manter o especialista e as autoridades atualizados sobre o assunto”, completa.
A Abramet chegou a recomendar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a utilização de um “símbolo de alerta” para as embalagens dos medicamentos potencialmente prejudiciais aos motoristas, no entanto, isso aconteceu em 2009 e, até agora, a sugestão não foi acatada. A Anvisa afirma que a mera consulta à bula é suficiente. O aviso na caixa é usado em países como a Espanha e França.
Embora a Organização das Nações Unidas (ONU) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) já tenham posições que o consumo de remédios aumenta os fatores de risco de acidentes, ainda não há nenhuma legislação brasileira sobre o assunto.
Os remédios psiquiátricos são também fonte de preocupação, tendo registrado um aumento considerável pós-pandemia. De acordo com o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), a venda de medicamentos para ansiedade aumentou 10% entre 2019 e 2022; o de sedativos do sono saltou 33%; e o de antidepressivos chegou a 34% de incremento. Mas eles não são a única fonte de preocupação. O foco também inclui analgésicos opióides, anti-histamínicos, anfetaminas, antipsicóticos e relaxantes musculares. Confira a lista de classificação de remédios em relação ao risco.
Antidepressivos: Sonolência, hipotensão, tontura, diminuição do limiar convulsivo, prejuízo nas funções psicomotoras.
Anti-histamínicos: Sedação, aumento do tempo de reação e desempenho psicomotor prejudicado.
Benzodiazepínicos: Quase todos os domínios cognitivos do desempenho do condutor são afetados.
Hipnóticos: Sedação, lapsos de atenção, erros de rastreamento, diminuição do estado de alerta, instabilidade corporal.
Opiáceos: Sedação, diminuição do tempo de reação, reflexos e coordenação, déficit de atenção, miose (constrição da pupila) e diminuição da visão periférica.
Algumas medicações não aumentam o risco, exemplos de aspirina, paracetamol ou anti inflamatórios não não esteróides – os esteróides têm efeitos que podem influenciar na segurança do trânsito, o principal é a sonolência. De qualquer forma, a orientação do médico é vital para o paciente entender os riscos.