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Trocar Fit por City hatch foi a decisão mais arriscada da Honda no Brasil

Após 18 anos, o Honda Fit terá sua produção interrompida no Brasil em dezembro; City hatch estreia em março

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 nov 2021, 07h46 - Publicado em 28 nov 2021, 12h42
Versão EXL tem faróis de led com DRL incorporado
Honda Fit 2018 (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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Eu não gosto do Honda Fit. Nunca gostei. Não somos compatíveis: o tanque de combustível sob os bancos dianteiros não apenas limitam o curso dos trilhos como também faz com que minhas pernas fiquem batendo na parede que envolve o tanque. Mas eu tenho certeza absoluta que foi o carro que mais recomendei para amigos e familiares, seja novo ou usado, manual ou automático, 1.4 ou 1.5.

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O Honda Fit é absolutamente genial. Se você não faz questão de algum equipamento específico, desempenho ou requinte, e não faz a menor ideia do que comprar, compre um Fit.

Se fizer questão que seja 0km, é bom correr: a produção nacional dele vai parar agora em dezembro e só restam as duas versões mais caras, EX (R$ 96.400) e EXL (R$ 102.000). O aventureiro WR-V também vai sair de linha, mas ainda tem três versões: LX (R$ 93.200), EX (R$ 100.700) e EXL (R$ 105.600).

Para-choque agora evita danos à tampa

O Honda Fit é pequeno, tem muito espaço para todos os passageiros, o porta-malas é honesto e, justamente por causa do maldito tanque de combustível, o assoalho traseiro é plano e torna-se um compartilhamento de carga quando o assento é dobrado.

Hatch alto? Minivan baixa? Não importa, o Fit tem seus fãs
Hatch alto? Minivan baixa? Não importa, o Fit tem seus fãs (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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Sim, é verdade que o Honda City Hatch terá a mesma solução quando chegar às lojas, em março. Mas ele é um hatch, uma carroceria que poucas pessoas ainda defendem. O Fit é quase amorfo: uma hora parece mais com hatches e em outras é um monovolume.

Motoristas mais atentos perceberão o fim do efeito quadro a quadro quando o volante é ajustado

Espaço para pernas e cabeça dos ocupantes traseiros é satisfatória
Espaço para pernas e cabeça dos ocupantes traseiros é satisfatória (Christian Castanho/Quatro Rodas)

É um estilo tão ambíguo que a decisão cabe mesmo a quem o vê. Isso, no fim das contas, é uma vantagem. Uma vantagem que o City hatch não tem.

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Modularidade dos bancos traseiros é a maior arma do Fit
Modularidade dos bancos traseiros é a maior arma do Fit (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O City hatch é um carro oportuno no momento errado. Há 10 anos falava-se na nacionalização do Honda Brio, que seria um carro pequeno, de volume, para brigar entre os carros populares da época e, especialmente, com Toyota Etios, Nissan March, Hyundai HB20 e Chevrolet Onix, carros que surgiram nos anos seguintes. Mas a Honda nunca se aventurou.

Porta-malas comporta até 363 litros de bagagem
Porta-malas comporta até 363 litros de bagagem (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Na verdade, a Honda nem sequer explorou o segmento de hatches médios quando eles eram os carros da moda. Imagine o Civic hatch com produção nacional. A Honda nunca foi de arriscar.

Honda City 2022
(Divulgação/Honda)
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Agora, porém, parece estar se arriscando. No primeiro contato, o City hatch pareceu, no mínimo, um carro que deve ser conhecido de perto. O mais curioso é o fato de ele ter banco traseiro mais espaçoso que o do sedã, devido ao arranjo da cabine. Mas será que isso é uma vantagem real no momento em que ninguém dá atenção aos hatches, especialmente em um momento de carros compactos com preços de médios?

Honda City 2022
(Divulgação/Honda)

Indo um pouco mais além, esse ganho no espaço interno do City hatch em muito se deve ao porta-malas pequeno, com 268 litros. O Honda Fit tinha quase 100 litros a mais, 363 litros. E não custa lembrar que o Ford Ka, com seus 257 litros, sofria preconceito custando muito menos, porque a média do segmento está acima dos 280 litros.

honda_city_hatchback
(Divulgação/Honda)

Por ser um hatch com proporções bem definidas, a tampa do porta-malas também é menor que a de um Fit. Quem antes aproveitava a versatilidade do Fit levando bicicletas e até caixa d´agua no porta-malas ficará saudoso com o City hatch.

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honda_city_hatchback
(Divulgação/Honda)

A troca do Honda Fit pelo City hatch é, provavelmente, a decisão mais arriscada que a fabricante japonesa já tomou no Brasil, ainda que seja uma decisão conveniente. Independente de toda a fama e da legião de fãs que o Fit conquistou em 18 anos no Brasil (sempre com produção nacional).

honda_city_hatchback
(Divulgação/Honda)

Se antes a Honda mantinha o City e Fit com plataforma e mecânica igual, mas com carrocerias completamente diferentes, agora terá a chance de aproveitar a economia de escala ao vender duas carrocerias com quase tudo compartilhado entre elas. É tudo igual até o final das portas traseiras. A tendência é que surja um SUV compacto de entrada com a mesma plataforma nos próximos anos. 

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Não será um best seller (o desempenho morno do arquirrival Toyota Yaris nas lojas ilustra bem isso), mas será mais rentável do que produzir a nova geração do Fit no Brasil. 

honda_city_hatchback
(Divulgação/Honda)

Pode ser a primeira vez que a Honda está se arriscando, mas não é a primeira vez (e certamente não será a última) que ela toma uma decisão extremamente pragmática. É tudo que se espera de uma empresa que construiu uma fábrica novinha e esperou anos pelo momento certo de iniciar a produção nela.

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