Toyota Hilux e SW4 têm vendas suspensas por irregularidade em motor diesel
Auditoria independente constatou que testes no 2.8 turbodiesel motores alteraram dados de potência e torque, motivando suspensão de vendas pela Toyota
Ano novo e velhos problemas para a Toyota: pela segunda vez em dois meses, a montadora está envolvida em acusações de fraudes nos testes de veículos. Agora, a questão envolve a Hilux e o SUV SW4, bem conhecidos no Brasil.
Tanto a picape média quanto o SUV tiveram seus motores adulterados durante ensaios de certificação. Segundo a Reuters, a curva de potência do propulsor 2.8 turbodiesel foi maquiada para aparentar maior suavidade do que o de fato. Já o periódico Kyodo News informa que a adulteração ocorreu na curva de torque. Outros dois propulsores a diesel também estariam envolvidos na questão.
Fato é que a irregularidade fez a Toyota suspender as vendas e exportações de 10 modelos, que, além de Hilux e SW4, incluem Land Cruiser 300, Hiace, Inova e o Lexus 500D. A fabricante calculou que cerca de 84.000 veículos com o motor irregular foram vendidos no último ano fiscal. Em outra declaração, o CEO estimou que esse número pudesse ser cinco vezes a maior. A previsão é que as vendas retornem quando os esclarecimentos e ações corretivas forem suficientes para tal.
Correção de conduta
O problema dos motores não foi encontrado por agências governamentais, mas por uma auditoria independente contratada pela própria Toyota. A empresa vem fazendo um pente fino em suas atividades após o escândalo que envolveu a subsidiária Daihatsu.
No final do ano passado, descobriu-se que testes de colisão (crash tests) correspondentes a mais de 88.000 veículos teriam sido fraudados, a fim de melhorar suas notas. O achado gerou repercussão negativa na sociedade japonesa e a empresa viu-se obrigada a apresentar reparações pelo descaminho perante o governo local.
Ainda não está claro porque os problemas no motor 2.8 ocorreram, mas alterações assim já foram usadas, no passado, para que propulsores poluentes demais passassem em testes de emissões. O caso mais conhecido, claro, é o Dieselgate, da Volkswagen.
No comunicado, a Toyota explicou que não se trata de coisa do tipo, mas de detalhes técnicos como o software utilizado nas medições. A auditoria destacou falhas importantes na cultura da empresa, que acabaram contribuindo para que o problema persistisse.
“Nos sentimos profundamente responsáveis pela má-conduta que persistiu por tanto tempo e pela falha em descobri-la e retificá-la. Faremos o melhor para reconstruir a companhia tendo o cumprimento das leis como nossa prioridade máxima”, disse o presidente da Toyota Industries, Koichi Ito.
Brasil ileso
Segundo a investigação, os modelos afetados foram exportados para países como a Austrália, o próprio Japão e nações do Oriente Médio. Dessa forma, as unidades vendidas no Brasil — fabricadas na Argentina — seguem sua vida normalmente.
Em nota à imprensa, a Toyota do Brasil confirmou que não há impacto nas vendas nacionais. A marca também reforçou que o problema não afeta questões como a performance e segurança dos carros afetados no exterior.