Em tempos de airbags frontais e freios ABS obrigatórios em carros novos, equipamentos como controles de estabilidade e tração, piloto automático adaptativo e câmeras de pontos cegos estão mais comuns. Nunca dirigimos carros tão seguros. Mas a probabilidade de perda total em acidentes nunca foi tão grande.
É o que diz a seguradora norte-americana Risk Theory. Hoje uma colisão frontal não afeta apenas carroceria, faróis e fura o radiador. Mesmo em carros de entrada também será necessário trocar airbags e sensores posicionados na frente do carro.
Há um paradoxo: quanto mais tecnologia o carro tem, mais seguro ele é – só que mais caro serão os reparos, a ponto de tornar o conserto desvantajoso para as seguradoras.
Vice-presidente sênior da seguradora, Bob Tschippert explicou ao Automotive News que anos atrás, nos EUA, a troca dos airbags dianteiros não passava dos 1.000 dólares. Em carros de hoje, com mais de seis airbags, o custo da substituição passa dos 4.000 dólares.
Airbags não são culpados sozinhos. Em carros mais sofisticados, com faróis de xênon ou led, câmeras de pontos cegos, piloto automático adaptativo (que depende de câmeras, sensores e radar) e quase uma dezena de airbags o valor do reparo ultrapassa facilmente os cinco dígitos.
Quer um exemplo? Um único farol do Volvo S90, um dos carros mais seguros da atualidade, integra conjunto de leds, motores elétricos e dissipadores de calor. Tudo isso tem um preço: 2.200 dólares, valores que se multiplicam no Brasil, onde o moderníssimo farol matrix led de um Audi pode ultrapassar os R$ 15 mil.
De acordo com a Risk Theory, quem vai se dar bem com esta tendência são os ferros velhos. Eles receberão os carros relativamente íntegros declarados como perda total pelas seguradoras. E tendem a ser a opção para manter estes carros mais sofisticados rodando por muitos anos – nos EUA, o número de leilões de veículos sinistrados nunca foi tão grande.
Quem tem ou teve um importado de luxo mais antigo sabe que é assim que as coisas já funcionam.