Cheiro de carro novo não tem preço. Ou melhor, tem sim: é sempre mais caro que o de um seminovo. Mesmo que esse seminovo ainda exale odores de juventude.
É certo que um carro zero tem garantia de fábrica integral e nenhum defeito ou risco na pintura (pelo menos não deveria).
Mas o mercado de seminovos está cheio de boas opções, que já sofreram a desvalorização pelo fato de serem usados. Pensando nisso, apresentamos aqui alguns exemplos.
Encontramos carros em média 30% mais baratos que seus pares zero-quilômetro.
Reunimos os modelos em quatro faixas de preço – R$ 35.000, R$ 50.000, R$ 80.000 e R$ 110.000 tendo sempre um zero-quilômetro como referência. Ao todo, listamos 12 seminovos. Os interessados em outras faixas de preço, porém, podem fazer seu próprio levantamento.
Em nossa busca, optamos por considerar seminovos ainda no prazo de garantia de fábrica. Concentramos a pesquisa em um só lugar: o Auto Shopping Global, localizado em Santo André (SP), que tem 68 lojas.
Mas não se preocupe se você não pode ir até lá ou se os carros já foram vendidos: os modelos e preços são equivalentes à média do mercado. Portanto, arregace as mangas, faça sua pesquisa e descubra as vantagens.
Carro zero km até R$ 35.000
Renault Kwid Life 1.0 12V (R$ 34.790)
O Kwid é um compacto 1.0 de 70 cv e equipamentos como quatro airbags, Isofix em dois pontos, predisposição para som, rodas de aço e direção mecânica. No mercado há alternativas de seminovos maiores e mais equipados e potentes.
Carros seminovos até R$ 35.000
Chevrolet Onix Joy 1.0, 2018, (R$ 35.900)
O Onix 2018 tem o visual da versão Joy da geração anterior, atualizada este ano, mas é maior que o Renault Kwid e a unidade à venda já traz sistema de som e ar-condicionado, além de duplo airbag e freios ABS.
Com apenas 31.000 km rodados, esse Onix está bem conservado por dentro e por fora
e seus pneus ainda demonstram disposição para rodar mais 30.000, sem precisar de troca.
Renault Sandero Expression 1.0, 2017, (R$ 34.790)
Com preço idêntico ao de um Kwid, este Sandero traz ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, rádio
e CD-player e sensor de estacionamento, que na época era vendido como opcional.
Com mais espaço na cabine, o Sandero oferece porta-malas ligeiramente maior que o do Kwid: são 320 litros contra 290 litros. Está com 46.000 km.
Nissan March S 1.6, 2017, (R$ 35.000)
Este compacto tem um porta-malas com apenas 265 litros. Mas seu principal atrativo é o motor 1.6 flex com 111 cv. Seu câmbio é manual de cinco marchas e, entre os equipamentos, os destaques são ar-condicionado, direção elétrica e vidros, travas e retrovisores elétricos.
Ele rodou 44.000km e, por ser um modelo de único dono, ainda traz manual do proprietário e chave reserva.
Carro zero km até R$ 50.000
Chevrolet Onix Joy 1.0, (R$ 48.690)
A versão Joy está sempre defasada em relação à linha Onix. Mas como a linha Onix mudou este ano, a Joy também foi atualizada. A Joy 1.0 de 80 cv traz ar-condicionado, direção elétrica, chave canivete, Isofix, rodas de aço e preparação para som.
Carros seminovos até R$ 50.000
Ford Ka Sedan 1.5 SE, 2018, (R$ 46.900)
Além de custar menos, este Ka sedã oferece motor 1.5 flex de 110/105 cv e porta-malas de 445 litros (no do Onix cabem 289 litros). Com apenas 24.000 km rodados, ele ainda tem dois anos de garantia e seu estado de conservação é muito bom.
Entre os equipamentos, conta com bancos de couro, sensor de ré, ar-condicionado, trio elétrico e banco do motorista e volante com ajustes de altura.
Nissan Versa SV 1.6 CVT, 2018, (R$ 49.900)
Sedã médio com preço de compacto, o Versa ganha nova geração no segundo trimestre de 2019, o que deve acelerar a desvalorização do modelo atual. Mas ainda assim ele merece atenção.
Além do porta-malas de 460 litros e do câmbio automático CVT, ele traz ar-condicionado, trio elétrico e rodas de liga leve. A versão SV 1.6 CVT, que é uma das mais completas da linha, zero-km custa R$ 66.490.
Hyundai HB20S Comfort Plus 1.6 Aut., 2017, (R$ 52.900)
Este Hyundai está um pouco acima do preço, mas é uma escolha defensável. Ele é único dono, tem manual do proprietário e chave reserva, e está bem conservado. O HB20S traz trio elétrico, sistema de som, volante multifuncional.
Seu motor 1.6 gera 128/122 cv (etanol/gasolina) de potência
e o câmbio automático de seis marchas tem opção de trocas no modo manual.
Carro zero km até R$ 80.000
Jeep Renegade STD 1.8 AT, (R$ 79.290)
SUV líder do mercado já é bem equipado desde a versão de entrada, que inclui piloto automático, ar-condicionado, auxiliar de partida em rampa
e ESP. Pesa contra ele o motor 1.8 16V flex com 128/122 cv de potência, que tem rendimento fraco.
Carros seminovos até R$ 80.000
Honda HR-V EXL1.8 CVT, 2017, (R$ 76.390)
Trata-se de uma boa oferta por custar menos que o Renegade, ter o consagrado pós-venda da Honda e ainda oferecer um conjunto mecânico mais eficiente. O HR-V tem motor 1.8 de 140/139 cv conjugado ao câmbio CVT com 7 marchas.
A versão EXL é completa: traz central multimídia com GPS e câmera de ré, bancos de couro, ESP e rodas de liga leve entre outros recursos.
Hyundai IX35, GLS 2.0 Flex, 2015, (R$ 69.900)
Apesar de ser ano/modelo 2015, este ix35 está pouco rodado. Tem só 45.000 km. E, por conta da garantia de fábrica da Hyundai ser de cinco anos, ele ainda tem a cobertura por um ano.
Bem equipado, o ix35 tem câmbio automático, central multimídia, bancos de couro, rodas de liga leve, trio elétrico e ar-condicionado de série. Maior que o Renegade, este SUV tem porta-malas de 465 litros.
Nissan Kicks 1.6 SLCVT, 2019, (R$ 79.880)
Considerando que o preço de tabela do Kicks SL 2020 é de R$ 102.790, esta unidade 2019 custa quase 24% a menos. Ou seja: seu comprador não pagará a desvalorização maior do carro que acontece no primeiro ano.
Este Kicks está realmente novo. Ele rodou apenas 12.000 km. E a maior diferença dele para a versão zero-quilômetro da linha 2020 é a assinatura led nos faróis.
Carro zero km até R$ 110.000
Toyota Corolla 2.0 XEi, (R$ 112.900)
O Corolla tem um público fiel. De qualquer modo, a reflexão é sempre válida para quem procura um carro nesta faixa de preço. O Corolla XEi tem motor 2.0 de 177 cv, câmbio CVT de 10 marchas e um pacote de equipamentos completo.
Carros seminovos até R$ 110.000
Honda Civic EXL 2.0 CVT, 2018, (R$ 105.900)
O principal concorrente do Corolla surge aqui em uma versão topo de linha com apenas 15.000km rodados, por um preço mais em conta. O Civic EXL tem motor 2.0 de 155/150 cv e câmbio automático CVT de sete marchas.
Entre outros equipamentos, o Honda vem com seis airbags, bancos de couro, central multimídia com câmera de ré, piloto automático, ESP, rodas de liga leve.
Jeep Compass Longitude 2.0 Diesel, 2017, (R$ 114.000)
Por praticamente o mesmo preço de um sedã médio zero-km é possível levar um SUV médio seminovo como este Compass Longitude 2.0 Turbodiesel de 170 cv, câmbio automático de nove marchas e tração 4×4 sob demanda.
Único dono, esse Compass rodou 51.000 km. Entre
os equipamentos, ele traz ESP, central multimídia, sensor de ré, piloto automático e rodas de liga leve.
Audi Q3 Ambiente Plus 1.4 TFSI, 2018, (R$ 114.900)
Este SUV de luxo é menor que o Compass, mas traz o conteúdo próprio do segmento premium, com bancos de couro e detalhes de alumínio no painel, seis airbags, faróis de xenônio, ar-condicionado bizona e chave presencial.
O motor 1.4 flex, com turbo e injeção direta, rende 150 cv. O câmbio é automatizado de seis marchas com trocas no volante. Único dono, rodou apenas 26.000 km.
Veja algumas dicas para uma compra tranquila e segura
Sangue frio
Não compre por impulso. Antes de sair de casa, reúna todas as informações que conseguir sobre o carro.
Veja os preços de outros modelos iguais que também estão anunciados, consulte o que dizem os especialista sobre esse carro (reportagens, depoimentos de proprietários).
QUATRO RODAS tem várias seções que podem ajudar, como Longa Duração, Usado do Mês, Autodefesa e RaioX. Use o autocontrole também para negociar o preço.
Não demonstre interesse exagerado pelo veículo e negocie o valor. Lojistas e particulares sempre têm uma margem qualquer que aceitam negociar.
Procedência
É possível conhecer a procedência do carro por meio do laudo de vistoria do veículo, que é um documento obrigatório para a transferência de propriedade. Esse laudo é emitido por empresas credenciadas pelos Detrans.
Elas conferem características do veículo, sinais identificadores (chassi, motor, placa, marcação de vidros), documentação e equipamentos de segurança obrigatórios. O veículo precisa ser aprovado para ser transferido.
Quando se compra um semi-novo de uma loja, normalmente, o estabelecimento já fez o laudo no momento em que comprou o carro do proprietário anterior.
Mas é necessário desconfiar de particulares que saem para vender o veículo já com um laudo de vistoria em mãos. Se isso acontecer, vá com o vendedor até uma vistoriadora de sua preferência e peça um novo laudo.
Estado de conservação
Você pode fazer um exame visual do carro observando o estado de pintura, pneus e bancos por conta própria ou com o auxílio de um amigo que entenda do assunto ou ainda de um profissional, um mecânico ou um consultor dessa área.
Saia com o carro para dar uma volta. Confira se todos os sistemas estão funcionando.
Além desse exame detalhado, outra dica é pedir informações sobre como foi feita a manutenção do veículo pelo dono anterior.Se o carro ainda tiver o manual do proprietário, é possível checar se as revisões foram feitas dentro do prescrito – o que é uma condição para o direito à garantia de fábrica.
Além das revisões registradas no manual, verifique também se o proprietário tem as notas fiscais de outros serviços feitos fora da rede autorizada.
Vendedor
Você pode comprar seu seminovo em uma loja ou de um particular e cada situação tem prós e contras. A principal vantagem das lojas é a segurança, uma vez que elas são obrigadas a dar garantia de três meses.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a cobertura abrange todos os componentes de veículo (art. 26) e, em caso de problema, a loja (concessionária ou independente) tem 30 dias para encontrar uma solução, sob pena de ter que substituir o carro, devolver o dinheiro ou abater o conserto do valor do carro (art. 18). O ponto forte dos particulares é basicamente o preço, que costuma ser menor que o das lojas.