Start-stop desliga o motor a cada parada: ajuda ou atrapalha?
Sistema desativa o propulsor para economizar combustível, mas nem todo mundo gosta. O editor de testes da QUATRO RODAS fala sobre o equipamento
Juro. Juro que eu tento usar sempre o sistema start-stop, aquele que desliga o motor toda vez que o trânsito para ou o semáforo fecha – que, por isso, deveria se chamar stop-start, acabando de vez com a confusão com aquele outro sistema de partida por botão. Confira o nosso teste que mostra problemas no funcionamento do sistema no Fiat Argo.
Eu tento usar o sistema porque é o correto para quem se preocupa em economizar combustível e reduzir emissões. Mas algumas vezes fica difícil depender desse sistema para reduzir a minha pegada ambiental.
Não sei se é problema de algoritmo ou simplesmente pouca capacidade de processamento, mas o fato é que o funcionamento desse dispositivo pode atrapalhar bastante a viagem.
Algumas vezes, o acionamento desastrado pode comprometer a segurança. No Jeep Renegade, por exemplo, mais de uma vez já fiquei em dificuldades quando o motor apagou na hora em eu ia iniciar uma manobra como a de entrar em uma avenida.
Além da segurança, há também o problema do conforto. Em algumas situações de trânsito pesado o motor desliga tantas vezes que o ar-condicionado não consegue manter a temperatura na cabine.
Já me disseram que nos carros de alto luxo isso não ocorre porque o ar-condicionado é alimentado por um motor elétrico e não depende do motor do carro para funcionar.
Mas isso é a exceção das exceções. Conversando com um engenheiro da Audi, ele me contou que nos carros da marca o assunto é resolvido com o monitoramento da temperatura na cabine por meio de sensores colocados em pontos estratégicos que conseguem avaliar não só a temperatura do ambiente como a dos ocupantes do veículo.
O pior caso nesse aspecto de conforto são os dos carros da Chevrolet, como Cruze, Tracker e Equinox.
Esses modelos não permitem que o motorista desabilite a função start-stop, como é possível fazer nos modelos das outras marcas.
Os Chevrolet não possuem a tecla para isso (com o símbolo de um A circulado por uma flecha) e também não dispõem de atalhos quando se entra no computador do carro no menu de configurações.
Já perguntei mais de uma vez aos executivos da fábrica qual a razão disso e eles nunca me responderam claramente.
Seria para ganhar pontos nos programas de controle ambiental dos governos, não só instalando o recurso mas obrigando o motorista a usá-lo? Não. Basta oferecer o equipamento para ganhar a benção oficial.
Um engenheiro da GM se justificou dizendo que o sistema se encarregaria de conciliar a economia de combustível com o conforto desejado pelo motorista, religando o motor assim que a temperatura interna da cabine começasse a subir.
Mas, na prática, não é isso o que ocorre. Em um dia de sol com trânsito travado o motorista passa calor.
Quando estou ao volante de um Chevrolet nessas condições de clima e de trânsito, a solução que encontrei para manter o ar-condicionado funcionando foi deslocar a alavanca de câmbio para a posição de trocas manuais porque, dessa forma, o motor não apaga.
Fazendo isso, eu perco a comodidade das trocas automáticas – e tenho de ficar atento para não esquecer a alavanca travada na primeira marcha, o que, além do ruído e das vibrações incômodos ainda contribui para o aumento do consumo: justamente o contrário do que se pretende com um sistema Start/Stop.
Um amigo que mora na Alemanha me diz que usa permanentemente o sistema Start/Stop, que já se acostumou com ele e que não tem queixas. Mas, na Alemanha, o clima e o trânsito são bem diferentes dos do Brasil.