SsangYong Torres se inspira nos Land Rover, mas foge do off-road
Além da aparência, o SUV também tem o nome que sugere um espírito de aventura; mas o conjunto mecânico não acompanha isso
A SsangYong tem enfrentado sérios problemas financeiros, com direito a um pedido de falência. Mesmo assim, a coreana permanece ativa no mercado, desenvolvendo e produzindo novos modelos, como o Torres, um SUV “inspirado” nos Land Rover e que parte do equivalente a R$ 107.000 na Coreia do Sul.
Na dianteira, o SsangYong Torres não faz questão de disfarçar a influência da primeira geração do Range Rover Evoque, especialmente nos faróis e nos nichos dos faróis de neblina. Já a grade nos faz lembrar dos Jeep, com suas sete fendas. Por outro lado, o SUV tenta passar personalidade com os traços retilíneos.
A traseira segue a inspiração com lanternas que remetem ao Range Rover Sport, verticais e com um pequeno espichado em direção às laterais, mas para por aí. A tampa traseira, com abertura lateral, simula a presença de um estepe pendurado ali. O pneu sobressalente, porém, fica em outro local, já que o volume central é interrompido pelo rebaixo da placa de licença.
As laterais têm volumes bem marcados, rodas que podem variar entre 17 e 20 polegadas, e mais um detalhe já conhecido dos britânicos. Se lembra do baú lateral presente no Land Rover Defender? Pois bem. Ele também aparece no SsangYong Torres.
Se por fora o SUV coreano exala referências, por dentro ele tem personalidade. O painel tem linhas horizontais e angulosas, uma tela “flutuante” de 12,3 polegadas para a central multimídia e outra menor, de 8 polegadas, para os comandos de climatização, como nos Audi e nos próprios Land Rover.
O quadro de instrumentos digital tem layout simples, mas de aparente boa leitura. A lista de equipamentos segue com bancos dianteiros ventilados, monitoramento de pontos cegos, piloto automático adaptativo, sistema de permanência em faixa e faróis full LED. A SsangYong diz que o porta-malas tem 703 litros de capacidade.
Sobrenome comum no Brasil, o nome Torres do SsangYong vem de outro lugar. Ele se baseia no montanhoso Parque Nacional Torres del Paine, no Chile, com a intenção de sugerir um espírito de aventura ao SUV. Também é o que o visual de Land Rover sugere, mas tudo isso não passa de aparências.
Isso porque o Torres não tem qualquer credencial off-road, já que o motor 1.5 turbo a gasolina (170 cv e 28,6 kgfm) é sempre ligado a uma tração dianteira e câmbio automático de seis marchas, e não há planos para versões a diesel. Por outro lado, é esperada para 2023 uma configuração elétrica do SUV.
Lutando contra a crise
O Torres é o segundo modelo apresentado pela SsangYong desde que a empresa passou a lutar por sua sobrevivência. Em 2020, a indiana Mahinda&Mahindra, que detinha 75% da coreana, retirou seu financiamento também por uma crise financeira. Em dezembro do mesmo ano, a SsangYong entrou com pedido de falência no tribunal de Seul, capital da Coreia do Sul.
Em outubro de 2021, a coreana parecia ter encontrado a solução para suas contas com a Edison Motors, mas o negócio não vingou e a busca por um novo investidor seguiu. Hoje, a KG Group, empresa que atua nas indústrias química e siderúrgica, aparece como preferida para assumir o investimento na SsangYong.
Está previsto para julho um desfecho acerca do acordo e, para agosto, a divulgação da nova estratégia da SsangYong. Mesmo assim, a coreana segue lutando com os próprios braços e segue produzindo seus atuais modelos, mesmo cortando custos e congelando grande parte dos projetos. No ano passado, o e-Korando, versão elétrica do SUV, foi o primeiro modelo lançado em meio a crise.