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Será este o futuro SUV nacional da Toyota escondido no Salão de Tóquio?

Daihatsu Rocky, versão de produção do conceito DN Trec, terá versão com logotipo Toyota. Será que é o modelo a ser feito em Sorocaba?

Por Leonardo Felix, de Tóquio (Japão)
23 out 2019, 19h05
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  • Daihatsu Rocky
    Daihatsu Rocky, irmão do futuro Toyota Rise (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    A coletiva de imprensa foi toda conduzida em japonês, sem sequer um serviço de tradução simultânea. O material fornecido a jornalistas falava apenas sobre simpáticos e futuristas conceitos de vans e kei cars.

    Mas eis que, de maneira breve, o telão do estande da Daihatsu, marca subsidiária da Toyota no Japão, exibiu por alguns segundos a imagem de um SUV compacto que constava no espaço.

    Daihatsu Rocky
    Traseira denuncia que ele é derivado do conceito DN Trec (Leonardo Felix/Quatro Rodas)
    Daihatsu DN Trec concept
    Aqui está explicado por quê (Wikimedia/Internet)

    Era por ele que eu estava procurando. Até porque o desenho da traseira me parecia bastante familiar.

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    Logo na entrada do estande havia duas unidades à paisana, uma vermelha e uma branca. Ao lado delas, uma ficha técnica em japonês na qual se podia ler, com ajuda do tradutor do Google, a expressão “Novo SUV compacto”. Assim, sem nome.

    Daihatsu Rocky
    Modelo tem frente bojuda, mas não é tão largo. Conjunto óptico dianteiro é full-led (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    Tentei localizar algum representante da Daihatsu que falasse inglês e pudesse dar mais detalhes do misterioso produto. Até que consegui, enfim, ser apresentado a Toshio Shibagaki, gerente do departamento de estilo da companhia.

    Daihatsu Rocky
    Já as lanternas trazem apenas uma discreta luz de posição em led (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    Shibagaki explicou que o nome definitivo do carro deve ser “Rocky”. Que, sim, o modelo deriva do conceito DN Trec, apresentado em 2017. E que, sim, sua plataforma é a DNGA, variante simplificada da TNGA do nosso Corolla.

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    Segundo ele, os exemplares exibidos no salão ainda são protótipos em estágio final, mas a versão definitiva de produção deve ser revelada “muito em breve”. Após pesquisas, descobri que a tal data é 5 de novembro. As vendas, efetivamente, devem ser iniciadas no princípio de 2020.

    Daihatsu Rocky
    Rodas aro 17 trazem quatro furos e são calçadas por pneus com menos de 20 cm de largura na banda de rodagem (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    Mas o mais importante é que, ao ser perguntado se o modelo gerará um irmão com logotipo da Toyota, o representante da marca disse: “Espero muito que sim”. O modelo em questão se chamaria Rise.

    Daihatsu Rocky
    Rocky tem interior com aspecto bem espartano (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    É esta a informação que mais me interessava, pois, segundo rumores dos últimos meses, estamos falando do futuro SUV nacional da Toyota, que será desenvolvido com investimento de R$ 1 bilhão na fábrica de Sorocaba (SP) e, conforme apuração exclusiva de QUATRO RODAS, começará a ser produzido em março de 2021.

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    O que mais nos intrigou é que o Daihatsu Rocky é muito pequeno para os padrões de um SUV compacto brasileiro.

    Daihatsu Rocky
    Central flutuante à parte, cabine do motorista é simples, sem muitos botões ou firulas (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    São 3,99 metros de comprimento (30 cm a menos que um Honda HR-V e 20 cm a menos que um VW T-Cross), 1,69 m de largura (4 cm a menos que o Chevrolet Onix Plus, um sedã compacto) e 2,52 m de entre-eixos (3 cm a menos do que um Toyota Yaris hatch ou sedã).

    Daihatsu Rocky
    Apesar do entre-eixos curto, assoalho plano e bancos finos ajudam a ampliar espaço traseiro para pernas. Mas não há sequer difusor de ar (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    O peso, 980 kg, é equivalente ao de um VW up! TSI. E basta abrir uma das portas para sentir a estranha e extrema leveza da carroceria. Sua única dimensão condizente é a altura, 1,62 m, quase igual à de um Hyundai Creta.

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    Tanto o Daihatsu é pequeno e leve que seu motor no Japão será um 1.0 três-cilindros turbo com apenas 98 cv de potência e 14,3 mkgf de torque, aliado a câmbio CVT.

    Daihatsu Rocky
    Apesar de muito compacto, Rocky oferece espaço interessante no porta-malas (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    Minha reação inicial foi: “Não é possível que a Toyota vá lançar um SUV pequeno assim no Brasil”. Resolvi então entrar na cabine.

    O espaço para pernas e cabeça surpreendeu. Como o modelo é alto e utiliza bancos dianteiros finos, os vãos são satisfatórios para acomodar quatro adultos sem aperto. Mas a largura não é tão generosa assim e três ocupantes juntos na fileira traseira vão inevitavelmente raspar ombros o tempo todo.

    Daihatsu Rocky
    Nas guarnições das portas é possível perceber o quanto o acabamento do modelo é simples (Leonardo Felix/Quatro Rodas)
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    Já o acabamento é espartano: couro e tecido mesclados nos bancos, muito plástico rígido, painel limpo, central multimídia flutuante, quadro de instrumentos aparentemente digital, ar-condicionado manual e poucos botões.

    Mas há duas câmeras no para-brisa para sistemas ativos de segurança, como frenagem autônoma emergencial e assistente de permanência em faixa.

    Daihatsu Rocky
    Por falta de uma, há duas câmeras para monitorar as assistências semiautônomas de segurança (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    Por fora, faróis, capô e recortes do para-choque dianteiro remetem ao novo RAV4, mas a grade lembra bem a do Creta. A coluna A inclinada e o caimento mais quadradinho do teto parecem inspirados no Jeep Renegade.

    Já as lanternas bipartidas e integradas por uma faixa em preto brilhante têm um quê de Chery Tiggo 5X. As rodas aro 17 trazem acabamento diamantado, mas usam pneus finos (195/60) para os padrões de um SUV.

    Daihatsu Rocky
    Retrovisores externos trazem alerta de ponto cego (Leonardo Felix/Quatro Rodas)

    A sensação de estranhamento perdurou. O Daihatsu Rocky não é desarmonioso ou desajeitado, mas continua parecendo compacto e simples demais para brigar com HR-V, Creta, T-Cross, Kicks e afins.

    Será que a Toyota vai arriscar mesmo assim? Será que sua intenção é brigar num segmento inferior, já mirando no mini-SUV que a VW fará em Taubaté?

    Será que o projeto receberá modificações profundas para ficar mais comprido e largo no Brasil? Será que, no fim das contas, nosso SUV será outro modelo que nada tem a ver com este? Será?

    Confesso que entrei no estande à procura de respostas, mas saí de lá com muito mais perguntas na cabeça. Agora é esperar mais um ano, até o Salão de São Paulo 2020, onde nosso futuro SUV deve ser enfim revelado.

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