Notícias que chegam de diferentes lugares dão conta de que a FCA (Fiat Chryslers Automobiles, conglomerado que inclui as marcas Fiat, Chrysler, Jeep, Dodge, Alfa Romeo, Lancia e Iveco, entre outras) estaria negociando suas operações com a fabricante chinesa GAC (Guangzhou Automotive Group China).
A primeira informação nesse sentido surgiu em maio do ano passado, quando o jornal italiano Il Giornale de Milão, afirmou que o grupo chinês teria planos de fazer uma oferta pelo controle da empresa ítalo-americana. A GAC já é sócia da FCA, produzindo os modelos Jeep Cherokee e Renegade, na China. E, segundo o jornal, a GAC teria interesse em estreitar os laços com a parceira ocidental.
No Brasil, o assunto esquentou esta semana em razão de informações que chegaram à redação de QUATRO RODAS vindas de diferentes fontes. “Há dez dias, uma delegação de chineses está visitando a fábrica, andando pelos departamentos e participando de reuniões”, disse um funcionário que não quer se identificar.
“Terceirizados foram informados que os contratos existentes serão cancelados e renegociados com os chineses que compraram parte da fábrica”, afirmou o empregado de um fornecedor. As fontes não conseguem confirmar se as negociações seriam de compra, fusão ou parceria e nem se isso ocorreria a nível mundial ou regional.
Oficialmente, o diretor de comunicação da FCA, Marco Antônio Lage afirma que a empresa no Brasil desconhece qualquer movimentação nesse sentido e que nega que exista alguma delegação chinesa visitando a fábrica de Betim. Segundo ele, “esse tipo de negociação, se houvesse, seria tratado com todo sigilo nos níveis mais altos do Grupo, na Europa”.
Para o diretor da consultoria KMPG, Ricardo Bacellar, esse tipo de notícias será cada vez mais comum, pois atualmente a indústria automobilística passa por um processo de busca de sinergias, assim como já ocorreu com os bancos, nos anos de 1990, e com as empresas de telefonia, nos 2000, no Brasil.
No caso particular da indústria automobilística, ele lembra que recentemente houve a compra da Opel pela PSA e que a própria FCA é fruto da união da Fiat com a Chrysler.
De acordo com Bacellar, as empresas procuram parcerias por diferentes razões: seja para ganhar eficiência operacional com a expansão dos volumes produzidos; pelo aumento da eficiência financeira com a racionalização de departamentos como o de RH; o crescimento do poder de negociação do departamento de compras; e para entrar em novos mercados ampliando penetração dos produtos em novas regiões.
No caso específico da FCA e dos chineses, um casamento poderia gerar bons frutos para as duas partes uma vez que a FCA poderia aumentar sua presença no mercado chinês (o maior do mundo), enquanto a GAC entraria no Brasil, um mercado que, apesar da crise, ainda é considerado um dos mais relevantes do planeta.
A FCA também é uma oportunidade para os chineses ganharem uma porte de entrada para os Estados Unidos, o segundo maior mercado depois da China. Se essa união vai acontecer, só o tempo vai dizer. Mas como diz o ditado popular, onde há fumaça há fogo. A espera pode ser breve.