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Resgate de navio naufragado expõe a destruição de 4.000 carros novos

Enquanto o gigantesco navio é trazido de volta à costa em operação complexa, mais de 4 mil carros no seu interior vão despencando ao mar

Por Eduardo Passos
3 dez 2020, 20h20
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Comparados a 1/8 do MV Golden Ray, os carros destruídos parecem miniaturas (Divulgação/St. Simons Sound Incident Response)

Tudo que envolve navios cargueiros é colossal, mas o resgate do navio MV Golden Ray repleto de carros 0 km, parcialmente afundado ano passado, próximo à costa dos EUA, não deixa de impressionar.

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A operação de corte vem sendo conduzida desde novembro desse ano e consiste em fatiar o navio em oito partes menores, rebocando-as até terra firme. São justamente as fotos dessas seções e seus veículos que dão ideia da tragédia.

A operação

Encalhado  próximo ao porto de Brunswick, na Geórgia, o MV Golden Ray levava mais de 4,1 mil carros — principalmente Chevrolet, GMC, Kia e Hyundai — ao Oriente Médio, onde seriam vendidos. Minutos após iniciar viagem, a embarcação de 200 m de comprimento adernou até ficar parcialmente submersa de cabeça para baixo.

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Os trabalhos ocorrem dia e noite para evitar que mais carros afundem (Dattymubz/Reprodução)

Ainda em 2019, as autoridades começaram a esvaziar os tanques de combustível e seus 1,1 milhão de litros de óleo pesado. Isso não impediu, entretanto, que houvesse incêndios ao longo de 2020 causados por resquícios de materiais inflamáveis, tanto do gigante quanto dos carros armazenados. Análises ainda constataram diesel, gasolina e fluidos automotivos nas águas da região.

A fase principal da operação de resgate começou em setembro, com a instalação de uma barreira ambiental ao redor da embarcação, a fim de conter eventuais vazamentos durante sua remoção. 

Além disso, proteção semelhante foi instalada ao redor de pequenas ilhas próximas ao acidente, que recebem ninhos de pássaros selvagens. Biólogos vigiam e capturam aves que se aproximam dos destroços, tentando evitar ingestão e contaminação da fauna.

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A cena do acidente com destaque para as barreiras, que controlam o vazamento de óleos e peças automotivas (Divulgação/St. Simons Sound Incident Response)

Depois que o corpo de engenheiros retornou do Chile, onde estudou a estrutura interna do Sister Ray — navio-irmão do Golden Ray —, foi a vez de trazerem à Geórgia o absurdo VB-10.000, uma grua-pórtico flutuante capaz de içar até 6.800 toneladas e colocá-las em balsas de transporte.

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O absurdo VB-1000 consegue içar 6,8 milhões de quilos e tem altura equivalente a um prédio de 23 andares (Bureau of Ocean Energy Management/Divulgação)

Com o VB-1000 posicionado, iniciou-se o corte do cargueiro, dando ideia das perdas veiculares. As fotos mostram carros completamente destruídos e, literalmente, caindo aos pedaços no mar.

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Pensando nisso, os órgãos locais organizaram ação cooperativa para monitorar e conter as diversas peças que já cobrem as praias da região. Os carros afundados, entretanto, não serão resgatados e repousarão no fundo do Atlântico.

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Uma das peças automotivas que caíram do Golden Ray e chegaram às praias da Geórgia (Divulgação/St. Simons Sound Incident Response)

De acordo com o comandante da Guarda Costeira, o corte e remoção da primeira parte do Golden Ray ocorreu bem, e a intenção é “refinar estratégias para aumentar a eficiência dos próximos seis cortes”.

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Picapes, SUVs e compactos ficaram destruídos e revirados no interior da embarcação (427Corvette/Reprodução)
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A remoção do navio e todos os carros (ou o que restou deles), seguirá até o ano que vem.

Fabricado pela própria Hyundai, o MV Cargo Ray foi lançado ao mar em 2016, e tinha capacidade de transportar até 7.400 carros. Relatórios preliminares indicam que seu tombamento foi causado por carregamento inadequado dos automóveis e níveis incorretos de água no lastro do navio. Os 24 tripulantes sobreviveram.

O prejuízo material do incidente, sem levar em conta todo o resgate e danos ambientais, foi estimado em mais de R$ 800 milhões.

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