Relembre seis episódios marcantes do GP do México de F-1
Categoria volta ao Autódromo Hermanos Rodriguez após 23 anos; país viu carona de Piquet, acidente de Senna e primeiro pódio de Schumi
O México está de volta à Fórmula 1. Famoso por se localizar a 2.300 metros acima do nível do mar, o Autódromo Hermanos Rodriguez foi completamente reformado para receber a principal categoria do automobilismo mundial, que não aportava por lá desde 1992.
Antes de 2015, o México recebeu a F-1 em dois ciclos. O primeiro se iniciou em 1963, tendo como vencedor Jim Clark, e terminou em 1970, por conta de falhas na organização. O país só retornaria ao calendário em 1986, quando testemunhou a primeira vitória de Gerhard Berger e uma cena insólita envolvendo Nelson Piquet. Relembre abaixo seis fatos marcantes das etapas mexicanas.
Desorganização tira país da F-1 (1970)
Pedro Rodriguez foi o responsável por atrair um grande público ao circuito mexicano, que fechou o campeonato de 1970. Ainda abalada pelas mortes precoces de Bruce McLaren e Jochen Rindt (já campeão póstumo daquela temporada), a F-1 ameaçou cancelar a prova por falta de segurança, uma vez que havia espectadores por todos os lados – inclusive em áreas perigosas, como próximo aos guard-rails. A desorganização se tornou mais evidente quando um cachorro entrou na pista e foi atropelado por Jackie Stewart. A gota d’água para a FIA aconteceu depois de a multidão invadir o autódromo com o sexto lugar de Rodriguez. Alegando falta de organização, a entidade máxima do automobilismo retirou o evento do calendário da F-1, que só retornaria ao “circo” 16 anos depois.
Carona do Piquet na volta ao calendário (1986)
A etapa de 1986 poderia ter entrado para a história por dois motivos: o retorno do México ao calendário da F-1 ou a primeira vitória de Gerhard Berger na categoria. Mas uma cena inusitada protagonizada por Nelson Piquet roubou a cena. Quarto colocado na prova, o brasileiro deu carona a três colegas após a bandeirada final. E foi assim que Stefan Johansson, Philippe Alliot, e René Arnoux voltaram aos boxes se equilibrando na Williams.
Única vitória brasileira no México (1989)
O Brasil subiu ao lugar mais alto do pódio uma única vez em solo mexicano. Foi em 1989, quando o então campeão mundial Ayrton Senna vinha de duas vitórias consecutivas naquela temporada, conquistadas em San Marino e Mônaco. Largando da pole-position, Senna rapidamente abriu vantagem para seu arquirrival Alain Prost, que não conseguiu acompanhar o ritmo do brasileiro por conta de um erro na escolha dos pneus. A vitória alçou Ayrton à liderança após a etapa mexicana, mas Prost daria o troco no fim do campeonato, conquistando seu terceiro título mundial.
Senna abandona e Mansell faz ultrapassagem insana sobre Berger (1990)
Embora fosse o vencedor do GP do México de 1990, Alain Prost não foi o personagem principal daquela corrida. Este papel coube a Nigel Mansell, que travou um duelo eletrizante com Gerhard Berger na parte final da prova. O austríaco havia largado na pole-position, mas logo foi superado por Ayrton Senna, que largara da terceira posição. O brasileiro dominava a corrida quando um furo no pneu traseiro de sua McLaren o forçou a abandonar faltando nove voltas para o fim. Enquanto Prost protagonizava uma recuperação incrível, saltando da 13ª posição para a vitória, Mansell se sustentava no segundo lugar, mas via Berger se aproximar perigosamente. A briga parecia decidida quando Gerhard ganhou a posição a três voltas do fim, mas o “Leão” (apelido dado ao inglês pelos fãs) não desistiu e pegou o vácuo de Berger antes de entrar na saudosa curva Peraltada – que no novo traçado não existe mais. O piloto da McLaren até tentou dificultar a vida de Mansell, mas o britânico não se intimidou e fez uma linda manobra por fora, ganhando definitivamente a segunda posição.
Acidente de Senna (1991)
Habilidoso como poucos, Senna raramente se envolvia em acidentes. Mas a batida na prova de 1991 foi tão forte que até o próprio piloto se assustou. Durante a primeira sessão de treinos livres na sexta-feira, Ayrton perdeu o controle de sua McLaren na Peraltada, bateu contra a barreira de pneus e capotou na caixa de brita. “Entrei rapidíssimo na curva, o carro tocou numa ondulação e, como estava reduzindo de sexta para quinta marcha, só tinha a mão esquerda no volante. Não pude controlar a situação. Voei, rodei e capotei”, contou. Senna foi levado ao hospital para ser examinado. E lá confessou. “Foram minutos de terror. Eu estava preso entre as ferragens da McLaren de cabeça para baixo. Sentia pânico só de lembrar que a gasolina derramada nas minhas costas poderia pegar fogo. Eu estava espremido, não havia espaço para me mexer e tinha dificuldades para respirar”.
Primeiro pódio de Schumacher (1992)
O último GP do México foi especial. A Williams estava no auge de seu domínio com os carros “de outro planeta” pilotados por Riccardo Patrese e Nigel Mansell, que no GP mexicano de 1992 conquistou a vitória sem ser importunado, seguido por seu companheiro de time. Senna havia ultrapassado três rivais logo após a largada, mas abandonou já na 11ª volta com problemas no câmbio. Pouco depois um jovem alemão assumiria a terceira posição, subindo pela primeira vez ao pódio. Seu nome? Michael Schumacher.