Sensação do Salão do Automóvel de 2018, ainda como conceito, o Fiat Fastback está chegando agora ao mercado, como linha 2023. Quem esperava um modelo totalmente inédito, em razão da carroceria de SUV cupê, que em 2018 era rara mesmo nos segmentos de alto luxo, se surpreenderá, porém, ao saber que o Fastback não é tão original assim.
Apesar da carroceria de SUV cupê, a primeira na linha Fiat, ele combina a plataforma MLA do Pulse com as portas do Cronos e os motores 1.0 turbo de 130 cv, do Pulse, ou 1.3 turbo de 185 cv, da Toro. Sua missão? Se destacar entre os SUVs compactos como Chevrolet Tracker, VW T-Cross e Hyundai Creta, sem se esquivar do “primo” Jeep Renegade.
Houve um esforço para fazer do Fastback um carro refinado, como mostra a presença do freio de estacionamento eletrônico, em um conjunto de freios traseiros a tambor, o que ajudou a fábrica a definir a estratégia de preços. O Fastback parte de R$ 129.990, na versão Audace 1.0 turbo, que custa só R$ 2.600 a mais que o Pulse Impetus.
Na versão Impetus, também 1.0 turbo, o SUV cupê sai por R$ 139.990. Sendo que o Jeep Renegade Sport, de R$ 132.890, tem o mesmo motor 1.3 turbo do Fastback Limited 1.3 turbo, que custa R$ 149.990. Em outubro, QUATRO RODAS mostra as duas opções mais caras para entender essa estratégia da marca. E há muito mais!
Confira outros destaques da edição de setembro:
FERRARI PUROSANGUE Atualmente, não precisa muito para um veículo ser chamado de SUV. De subcompactos a superesportivos, há SUVs de todos os jeitos. Contrariando essa corrente, porém, a Ferrari apresentou a nova Purosangue e foi categórica: ela não é um utilitário esportivo.
Obviamente há controvérsias. O que não se discute, entretanto, é que a primeira Ferrari de série com quatro portas e quatro lugares empolga com seu motor V12 e tração 4×4. Ela chega ao Brasil no final de 2023, mas fomos à Itália conhecer o “não-SUV” que custará cerca de R$ 7 milhões.
HONDA HR-V ASPIRADO Motores turbo são a solução definitiva para bons números de desempenho e consumo? Mais uma vez um motor aspirado e com injeção direta mostra que isso não é, necessariamente, uma verdade.
A própria Honda deixou o melhor para o final, e ainda lançará o novo HR-V 1.5 turbo. Na edição de outubro, porém, mostramos que o HR-V 1.5 aspirado, já à venda, tem desempenho de SUV turbinado ao mesmo tempo que corrige o apetite do antigo 1.8 por combustível na cidade.
ESPECIAL PNEUS Os automóveis estão mudando radicalmente, e os pneus certamente não ficariam de fora dessa revolução tecnológica. O especial de outubro mostra tendências (pneus com 5G e pneus de carros elétricos), explica os riscos de negligenciar a manutenção desse componente e até lista carros brasileiros que utilizam pneus tão específicos que parecem um “sapato de cristal”.
CAOA CHERY TIGGO 5X PRO HYBRID Não há montadora com fábrica no Brasil que esteja tão empenhada em eletrificar sua frota quanto a Caoa Chery. A versão híbrida leve do Tiggo 5x Pro é a opção mais acessível para quem deseja estrear nesse mundo.
O motorzinho elétrico conectado ao virabrequim promete consumo melhor (permitindo que o 1.5 turbo flex funcione em regime mais eficiente) e pode dar uma força extra quando o motorista pisa fundo. Para avaliar se os R$ 5.000 a mais da versão híbrida justificam, levamos o SUV à pista de testes. Spoiler: somente um dos aspectos mostrou melhorias consideráveis.
BMW SÉRIE 3 O modelo mais famoso da BMW está de cara nova. Para adiantar o que logo estará no Brasil, fomos à Alemanha e conhecemos todos os detalhes do sedã, que manterá o motor flex nas versões fabricadas em Santa Catarina.
MERCEDES-AMG C43 O C43 AMG trocou o antigo motor de seis cilindros por um de quatro,
mas, graças à ajuda do sistema híbrido, sua potência aumentou.
CELEIRO DE CAMPEÕES A Monterey Car Week é mais que um evento de carros clássicos:
uma semana de celebração com corridas, desfiles temáticos, leilões, carros inéditos e o concurso de maior prestígio do mundo.
A distribuição às bancas e assinantes de todo o Brasil começou hoje (7/10), mas o prazo de chegada pode variar dependendo da região.
Carta ao leitor: Eis a Questão
Ouvir os executivos da Ferrari dizerem que o mais novo modelo da marca, a Purosangue, não é um SUV é algo surpreendente. Estamos acostumados a ver as fábricas se esforçarem para conseguir um lugar ao sol na praia dos SUVs, e a Ferrari, que tinha todas as licenças para esticar sua toalha vermelha de frente para o mar, não quis.
A Purosangue, que você vê na página 52, entra no segmento de SUVs. Tem porte, proporções, espaço e até tração 4×4. Mas a Ferrari nega de todas as formas possíveis que seu carro seja um SUV. Imagino que você, ao ler esta carta até aqui, se lembrou do Renault Kwid, “o SUV dos compactos”. Na época do lançamento do Kwid, houve polêmica em torno dessa classificação. A Renault se apoiou na definição de SUV do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que dispõe basicamente das dimensões do carro: altura e geometria de suspensão.
Quando SUVs ainda eram novidade, havia quem se queixasse do uso dessa sigla sem critério. Na definição clássica, SUV teria de ser uma variação sofisticada de jipe, com tração 4×4, construção robusta, vão livre elevado. Com o tempo, porém, o estilo aventureiro agradou tanto o mercado que a indústria se apropriou da abreviação. No começo, ainda se usou a palavra “crossover”, para modelos semelhantes aos SUVs do conceito original. Mas, agora, só os puristas fazem distinção.
Hoje em dia, há carros identificados como SUVs de todos os tamanhos e estilos: pequeno, médio, grande, básico, de luxo, 4×4, 4×2 dianteiro, 4×2 traseiro, superesportivo e até conversível já apareceu. Aliás, nesta edição, há o lançamento de um SUV cupê: o Fiat Fastback, na página 26.
Certa vez, o executivo de uma fábrica me disse que: de acordo com o posicionamento definido pela empresa, um determinado modelo seria para pessoas de espírito jovem, praticantes de esportes e admiradores da natureza, mas, em seu entender, os interessados que não tivessem esse perfil também poderiam comprar.
“Se chegar com o dinheiro, eu vendo”, falou. Ou seja: afirmando e negando conceitos, os discursos das fábricas diferem, mas o objetivo é o mesmo: seduzir o consumidor.