O lema de todo participante do Rally dos Sertões é o desafio, afinal, são milhares de quilômetros percorridos em terrenos com diversos níveis de dificuldade. Para o engenheiro mecânico Youssef Haddad, no entanto, essa provocação irá além na 30ª edição da prova: ele é o primeiro piloto da história do Sertões a competir sozinho, sem ajuda de um navegador.
Youssef já tem na bagagem 13 participações no rali brasileiro, onde conquistou 3 títulos na posição de navegador, além de 8 participações no Rally Dakar, levando o prêmio de melhor dupla estreante na edição de 2009. Ou seja, é uma sucessão de desafios: ele passa de navegador para piloto e, logo em sua estreia, sozinho dentro de sua picape.
“Eu procurava alguma coisa que me motivasse novamente para estar dentro do carro encarando o Sertões, e há três anos nasceu essa ideia, a ideia foi evoluindo e a gente achou que justo nessa edição especial seria a hora de colocar isso em prática”, disse Youssef, referindo-se à maior edição da história do Sertões.
Ele pondera, porém, que não necessariamente pulou diretamente do banco do carona para o posto principal do veículo, já que foi piloto de testes da Mitsubishi por muitos anos e participa do desenvolvimento de alguns veículos, incluindo a Mitsubishi L200 Triton Sport R que utilizará na competição.
Mas como é possível competir sozinho, sem as direções dadas pelo navegador? É “simples”. A picape do piloto recebeu o mesmo sistema de navegação das motos que correm no Sertões.
Além disso, o sistema foi instalado em uma posição próxima ao posto de pilotagem, com uma leve inclinação para que ele, sem movimentos tão livres por estar preso pelos cintos de segurança, capacete e pela estrutura do veículo, possa visualizar o que vem à frente – sem que isso prejudicasse a visibilidade na estrada.
“Foi um desafio grande achar posição para tudo, que ergonomicamente estivesse tudo ao meu alcance, sem que me atrapalhasse em termos de performance”, destaca Youssef.
“Esse, sem dúvida, é um dos maiores desafios da minha carreira. Vai ser extremamente difícil, tanto do ponto de vista físico como psicológico, encarar esse trajeto tão longo e difícil, sozinho, acumulando as funções de piloto e navegador.”, completa.