Prefeitura de Jacareí ameaça desapropriar a fábrica da Caoa Chery
Prefeitura cobra que o complexo volte a funcionar e dá prazo de 45 dias para que a montadora apresente um plano de retomada da produção

A novela da antiga fábrica da Caoa Chery em Jacareí, no interior de São Paulo, acaba de ganhar mais um capítulo. Devido ao tempo de inatividade, a prefeitura da cidade está ameaçando desapropriar o local, que encerrou suas atividades há três anos.
Para quem não se lembra, a Caoa Chery paralisou toda a produção da fábrica em 2022, sob a promessa de que seriam feitas melhorias no local para a produção de veículos elétricos. Até hoje, os planos não saíram do papel.
No ano passado, surgiram rumores de que a Omoda Jaecoo, duas marcas chinesas que pertencem ao grupo Chery, estariam negociando para produzir seus carros em Jacareí. Já em abril deste ano, a Caoa Chery doou parte do terreno da fábrica para a Acteco Brasil, empresa que tem como nome fantasia Omoda & Jaecoo.
Em suas redes sociais, o prefeito de Jacareí, Celso Florêncio (PL), diz ter tentado, de maneira amigável, negociar com a Caoa Chery para reativar a fábrica, mas não obteve sucesso. Desse modo, ele partiu para o litígio, buscando de maneira legal reverter a doação.
O prefeito ainda alega que a promessa da Caoa Chery de criar cerca de 3.000 empregos diretos nunca foi cumprida, enquanto a prefeitura fez toda a sua parte, dando incentivos e arcando com a infraestrutura necessária para o funcionamento da planta. Quando foi fechada, 485 funcionários foram demitidos.
Quando fechou a fábrica em 2022, a Caoa Chery dizia que iria remodelar todo o complexo para fazer “um novo salto tecnológico” e que pretendia produzir carros híbridos e elétricos no local. O trabalho de reforma seria realizado ao longo de três anos, para que as linhas de montagem voltassem a operar em 2025. A decisão causou surpresa, pois aconteceu menos de um ano depois do lançamento do Tiggo 3X, produzido em Jacareí, levando ao fim do SUV compacto de entrada.

Ainda segundo a prefeitura, dois ofícios foram enviados à Caoa Chery, o mais recente na última segunda-feira (21). A notificação estabelece um prazo de 45 dias para que a montadora apresente um plano de retomada de produção ou uma alternativa concreta que assegure a efetiva utilização do imóvel.
Caso contrário, será dado início ao processo de desapropriação mediante a um pagamento de R$ 17,7 milhões pela prefeitura de Jacareí. O valor é referente à diferença entre os R$ 46 milhões investidos pela prefeitura em infraestrutura e incentivos fiscais, e o valor atual do complexo, que chega a R$ 63 milhões.
Questionada sobre o processo, a Caoa Chery ainda não respondeu. A matéria será atualizada assim que a empresa se pronunciar.