Um esportivo clássico, algumas modificações e uma causa nobre. Isso é tudo o que a piloto de rali Renée Brinkerhoff precisa para se tornar a primeira mulher a correr em todos os sete continentes do planeta.
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Brinkerhoff, junto de sua equipe Valkyrie Racing, está preparando uma expedição para percorrer 587 km na Antártida. Para isso, o seu bom e velho Porsche 356 recebeu algumas modificações especiais. As principais são bem evidentes, começando pelas rodas traseiras, que deram lugar a uma esteira de neve. Na dianteira, os pneus foram substituídos por um par esquis.
Também foi acrescentado à frente do para-choque uma proteção contra os pedaços de gelo que possam, por acaso, atingir o para-brisa. A mesma chapa também serve como painel solar para carregar os sistemas elétricos do 356, deixando-o mais sustentável.
As modificações, principalmente a esteira e os esquis, porém, tiveram um efeito negativo. A massa do esportivo clássico aumentou, um problema para encarar a neve mais solta.
Por outro lado, Kieron Bradley, engenheiro de design da Valkyrie, garante que isso não será problema. “O esqui que criamos deve fazer de 40 a 50% do trabalho de compactar e preparar a neve, com a lâmina inferior guiando a direção” explicou o engenheiro. “Isso garante que os trilhos não subam na neve fraca”, completou.
A bordo do Porsche 356, junto de Brinkerhoff, estará o experiente navegador britânico Jason De Carteret, que já participou de mais de 50 expedições ao redor do mundo, incluindo o Polo Norte e a própria Antártida.
Somando-se ao explorador, está a experiência da piloto, que já disputou diversos ralis importantes, como Pequim-Paris, East African Safari Rally e La Carrera Panamericana. Ao final da expedição no Polo Sul, Brinkerhoff terá totalizado mais de 32 mil quilômetros rodados pelo mundo.
Ao contrário do que aparenta, o título de primeira mulher a correr em todos os continentes não vem como uma realização pessoal. O “Valkyries Gives” funciona como um braço filantrópico da sua equipe e foi criado com um viés humanitário. Brinkerhoff usa suas corridas para arrecadar dinheiro para ajudar mulheres e combater o tráfico de crianças. Até agora, o projeto já arrecadou e destinou quase meio milhão de dólares a vítimas do mundo todo.
A expedição estava marcada para começar, inicialmente, há 18 meses, mas precisou ser adiada. O adiamento acabou sendo benéfico para a realização de ajustes no 356. Se tudo correr bem, Brinkerhoff e sua equipe iniciarão o rali em 5 de dezembro deste ano, com término previsto ainda para o fim do mesmo mês. O trajeto terá como linha de chegada o acampamento Union Glacier.
“Embora estejamos extremamente orgulhosos de concluir cada rali de resistência em que participamos, nossa verdadeira missão é nos tornarmos visíveis mundialmente pelo apoio ao fim do tráfico de crianças”, explica a piloto.