Por que a mineradora Vale baniu a Fiat Toro 2.0 diesel da sua frota?
Mineradora relatou repetidos casos de desligamento do motor com as Fiat Toro em movimento; fabricante relata contaminação do combustível e do Arla 32

A Fiat Toro 2.0 turbodiesel está banida da frota de carros da mineradora Vale. Um comunicado de segurança divulgado aos seus colaborares há algumas semanas trouxe à tona casos de desligamento repentino do motor com a picape em movimento dentro da operação da empresa.
Uma das maiores empresas de mineração do mundo, a Vale tem mais de 3.000 carros de passeio, picapes e utilitários em sua frota. No comunicado, a empresa diz que o desligamento dos carros em movimento representa um risco significativo de acidentes e que até estabelecera ações que poderiam evitar o problema, mas eles se repetiram. Há relatos de carros que pararam dentro de minas da empresa.
“Ressaltamos que mesmo após diversas tentativas de obter um parecer técnico da montadora, não tivemos um retorno formal sobre as causas dessas falhas”, diz o comunicado da Vale, que reforça a substituição imediata de todas as Fiat Toro 4×4 a diesel, mesmo que os carros sejam de locadoras.

Essa decisão também impede que qualquer outra Fiat Toro 4×4 a diesel seja incorporada à frota da Vale.
QUATRO RODAS procurou a mineradora para obter mais detalhes sobre as ocorrências de desligamento do motor e entender a dimensão dessa decisão, ou seja, saber quantas Toro estavam na frota da empresa. A mineradora, porém, reforçou que tomou a decisão visando a segurança dos seus trabalhadores.
“A Vale adota medidas rigorosas de controle e gestão de frotas para minimizar riscos potenciais. A segurança das pessoas é prioridade absoluta na empresa. A Vale também mantém diálogo frequente com as locadoras de veículos para aprimorar produtos e serviços, visando a excelência operacional.”
Como a fabricante da Fiat Toro é citada no comunicado, também procuramos a Stellantis, controladora da Fiat, na tentativa de entender o problema.

A Stellantis esclareceu que teve acesso a algumas unidades problemáticas e que teria constatado a contaminação por minério no diesel utilizado nos veículos.
“A empresa verificou também alterações nas características originais do produto, como troca de componentes por peças não genuínas, com especificações distintas das preconizadas pela fábrica e o bocal do tanque de combustível com avarias que podem ter contribuído para a contaminação com minério”, diz a nota da Stellantis.
Um dos carros aos quais teve acesso ainda tinha “fluídos não recomendados, como a mistura de Diesel no tanque de ARLA 32″. O produto é uma solução de ureia usada em veículos a diesel para reduzir a emissão de poluentes. A Fiat Toro só passou a ter ARLA 32 no início de 2022, o que indica ser um carro relativamente novo.
“Todos estes elementos influenciam diretamente ou indiretamente no bom funcionamento dos veículos, podendo ocasionar os inconvenientes relatados no comunicado da mineradora.
Já estamos em contato com a companhia para entender e contribuir com a melhor utilização do produto, uma vez que o relato deste inconveniente não é comum entre nossos clientes, proprietários do mesmo modelo, no uso cotidiano.
A Stellantis reitera que seus produtos passam pelos mais rígidos testes e um extenso processo de homologação, atendendo e superando assim a todas as normas dos mercados onde seus veículos são comercializados. Por fim, a empresa permanece à disposição de todos os seus clientes por meio da rede de concessionárias de suas marcas para qualquer esclarecimento quanto ao tema”, completa o comunicado da fabricante.