PM do Rio de Janeiro pode ser mais uma vítima dos airbags mortais da Takata
Familiares indicaram corte no pescoço como causa; esta seria a segunda morte de um brasileiro causada pelo airbag só neste mês

Motivador do maior recall do mundo, os airbags mortais da Takata podem ter feito mais uma vítima no Brasil. Seria o nono caso registrado no Brasil.
Um soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Marcel Magno , dirigia um Toyota Corolla quando bateu na traseira de um Fiat Fiorino, que freou para não atropelar uma moto que fazia uma bandalha, atravessando uma avenida pelo canteiro central. A colisão deflagrou o airbag e quando a polícia chegou ao local Marcel Magno já estava morto.
O caso aconteceu na última segunda-feira (23). De acordo com o G1, familiares disseram que a causa da morte foi um corte profundo que uma peça do airbag causou no pescoço de Marcel. QUATRO RODAS obteve a imagem da peça que supostamente foi projetada contra Marcel.

A Polícia Civil ainda investiga o caso, mas foi justamente a projeção de fragmentos metálicos o que motivou o recall dos airbags de mais de 100 milhões de carros no mundo inteiro. O carro do policial militar é um Toyota Corolla 2025/2016, que está envolvido no recall dos airbags Takata.
O Brasil ainda tem cerca de 2,5 milhões de carros com o recall dos airbags Takata pendentes, de um total de 5,8 milhões de carros envolvidos. A Toyota disse lamentar a situação e confirmou que o Toyota Corolla acidentado está com recall ativo para a troca do airbag.

O caso do policial Marcel Magno pode ser a segunda morte motivada pelos airbags da Takata registrado no Brasil apenas em dezembro. No início do mês, o motorista de um Honda Civic colidiu com um outro carro e também teve o pescoço perfurado por estilhaços do airbag do carro. O caso aconteceu em Rio Verde (GO).
Troca dos airbags é gratuita
Os defeitos dos airbags Takata vieram à tona há 10 anos. A fabricante japonesa declarou à época que havia tomado conhecimento sobre os defeitos em 2008, mas uma reportagem do The New York Times revelou que a descoberta aconteceu em 2004.

Tudo começou com a investigação de um acidente envolvendo um Honda Accord 2002, ocorrido em Alabama, Estados Unidos. Na ocasião, diversos detritos de metal atingiram o motorista no momento do acionamento da bolsa de ar. No entanto, os executivos da Takata teriam ignorado as sugestões dos engenheiros para a realização de um procedimento corretivo.
Havia versões do deflagrador menos e mais perigosas – que lançam pedaços metálicos em cerca de 50% das deflagrações. A Takata declarou falência neste ano, tendo sido adquirida pela rival norte-americana KSS.
“A ativação do gerador de gases do sistema de airbag pode resultar em uma pressão excessiva e acarretar na ruptura do gerador de gases com a projeção de fragmentos metálicos para o interior do veículo”, diz um dos comunicados deste que foi o maior recall do mundo.
Cada carro tem sua própria bolsa de airbag, adaptada às suas dimensões internas. Mas o deflagrador pode ser o mesmo: é o componente responsável pela reação química que gera gases quase instantaneamente para que o airbag se abra. Pode acontecer mais do que isso em airbags usados por carros de mais de 17 marcas fabricados entre o final dos anos 1990 até 2015.
O recall afeta carros de praticamente todos os fabricantes. No Brasil, envolveu desde Fiat Uno, Chevrolet Celta e Nissan Frontier, até Honda Civic e Toyota Corolla, que são carros equipados com airbags há décadas.
São feitas novas convocações com regularidade, além do envio de mala direta aos proprietários, aproveitando o cruzamento das informações com a base de dados do Senatran.
Carro com recall pendente não será licenciado
A nova lei de trânsito, que entrou em vigor em 12 de abril de 2021, obriga proprietários a fazerem os recalls de seus veículos para que o licenciamento anual seja liberado. Isso fecha o cerco aos carros com recall pendente no Brasil, onde a adesão a essas campanhas é pequena.
O recall não atendido após um ano da notificação será automaticamente incluído no Certificado de Licenciamento Anual do veículo, e o mesmo só poderá ser licenciado a partir da comprovação do serviço realizado.
Após fazer o reparo, a fabricante terá 15 dias para informar ao sistema do governo sobre o conserto feito em cada unidade. Já o proprietário terá um recibo com o dia, horário, duração e local onde o recall foi feito.
É um estímulo tão forte para a execução de qualquer recall.