Se há algum tempo era luxo ter um sistema multimídia instalado no veículo, hoje muitos consumidores tratam este como um item prioritário na hora de comprar um carro. Ainda assim, muitos modelos de entrada ainda não dispõem desse item sequer em seus catálogos de opcionais ou acessórios. E aí? O que fazer? Vale a pena instalar uma central que não é original do carro e mexer com a parte elétrica? Ou, talvez, comprar um GPS, mesmo sabendo que funcional e esteticamente pode deixar a desejar?
Bem, pode ser que não seja necessário nenhum grande investimento para você obter as principais funções de um sistema assim. Tudo vai depender de sua experiência com o app do Google. Nós o testamos para saber como ele se sai no dia a dia, e se supre as necessidades básicas do motorista.
NAVEGAÇÃO BÁSICA
Antes de qualquer coisa, vamos deixar registrado: para conversar com o aplicativo, as palavrinhas mágicas são “ok, Google”. A partir de então, o sistema vai interpretar sua fala e tentar te ajudar.
A primeira coordenada dada foi o endereço exato da casa da minha namorada – err, digo, não que eu precise de orientação, mas apenas para testar, claro. O app entendeu perfeitamente e a voz feminina misteriosa me explicou que o trânsito estava leve, estimando o tempo de deslocamento em 42 minutos. Me ofereceu também algumas rotas alternativas, ficando a meu critério acionar a navegação via Google Maps. Legal.
Em seguida, avisei que estava com ganas de ir a um shopping não tão próximo da região em que estava. Dessa vez, portanto, não informei o endereço, mas sim o ponto de interesse. Mais uma vez, nível de trânsito informado, tempo de chegada estimado e rotas sugeridas, sem sustos.
A única situação curiosa foi quando tentei pensar num nome qualquer de rua e comecei a falar o comando. “Quero ir à rua…”. Como não completei – quis ter alguma grande sacada de rua, pra saber se o reconhecimento de voz seria efetivo -, o aplicativo começou a buscar algo condizente com o meu “rua”, e ofereceu um trajeto até uma rua qualquer na região central da cidade.
MANTENDO CONTATOOpa, aqui o bicho pega. Sabemos o quanto é perigoso mandar mensagens e falar ao telefone enquanto dirige, motivo pelo qual muitos consumidores fazem questão de ter carros com volante multifuncional pelo qual possam acessar o telefone. Se não for o caso do seu carro, o aplicativo em questão dá conta do recado.
Na maior parte das tentativas, tudo correu bastante vem. Quando solicitado um envio de mensagem, após mencionar o contato desejado, o sistema inteligentemente pede para que você especifique qual dos telefones do contato deve ser o escolhido – claro, pense que inconveniente você mencionar o nome da pessoa e a mensagem ser enviada para um telefone fixo! Em seguida, uma vez que você tenha falado o termo escolhido (celular, principal, trabalho, etc), o SMS é disparado.
A funcionalidade é basicamente a mesma quando a demanda é por uma ligação telefônica. Há a opção de fazer o contato via rede telefônica padrão ou por algum aplicativo com a função Voip. Mas, um aviso: certifique-se de que a pronúncia do nome do contato é clara. De propósito, pedi uma ligação para uma pessoa de sobrenome Merlo, querendo saber se poderia haver alguma confusão com o conhecido palavrão que tem a primeira sílaba igual. Dito e feito! Foi preciso cancelar o comando e repetir em melhor tom para ter sucesso.ESTABELECIMENTOS GENÉRICOS
Já que este repórter é esfomeado, o primeiro pedido foi por um restaurante. Muito gentil, o app do Google me deu algumas opções de estabelecimento no raio de dois quilômetros – claro, quem tem fome não gosta de esperar com barriga vazia. Mas, então, resolvi ser mais específico, e decretei: “quero comer pizza”. E o que surgiu foi um vídeo do YouTube, este abaixo.
Naturalmente, não era esse o comando certo para a compreensão do sistema. Se eu tivesse dito “quero ir a uma pizzaria”, a história teria sido bem diferente. O mesmo vale para quando o pedido foi “quero tomar café”. O resultado foi a letra da música “Só Hoje”, de Jota Quest (“Hoje eu preciso tomar um café. Ouvindo você suspirar…”). Erro rapidamente corrigido quando a solicitação foi “quero ir a uma cafeteria”.
OUVINDO MÚSICA
Ops. Chegamos a um ponto em que o app não agrada muito. Na verdade, acionar o tocador de músicas do seu celular é bastante fácil: basta dizer “tocar música”. O problema é que você não pode solicitar exatamente o que quer ouvir. Por exemplo, “tocar música de Frank Sinatra”, “quero ouvir Frank Sinatra” ou “executar Frank Sinatra” (soou engraçada, esta última) não vão te ajudar. Portanto, você terá que tirar as mãos do volante e ficar procurando pela pasta com músicas do “Ol’ Blue Eyes” (ou qualquer outra coisa que preferir). O mesmo vale caso você peça para abrir um dos programas instalados em seu aparelho dedicados a rádio ou música.
VALE A PENA?
“Oras, que pergunta estúpida”, pensará você. Claro, é um pouco mesmo, já que o aplicativo é gratuito e está disponível com todas as funcionalidades para Android 4.1 ou superior e iOS 7 ou superior. A pergunta certa seria: ele realmente substitui um sistema multimídia?
A resposta é: depende de suas necessidades. Se você já tem rádio com CD/MP3/USB, utilizar o seu celular num suporte (hoje em dia, há opções mais discretas e práticas desse tipo de item) como auxílio para o deslocamento pode ser muito interessante, seja para acertar o caminho, seja para saber como está o trânsito, seja para descobrir onde está o estabelecimento que você quer visitar. Em resumo, torna sua vida bem mais prática.
Por outro lado, se sua ideia é fazer dele o seu dispositivo principal, inclusive para tocar áudio, talvez estejamos falando do clássico caso de “muita areia para o caminhão” do app, ao menos no que diz respeito a evitar o uso das mãos durante o processo – evitar, na verdade, as desatenções que podem causar acidente. Ainda assim, vale utilizá-lo para que você possa sentir essas virtudes e essas limitações.