Ainda há brasileiros que enxergam o automóvel como um investimento, apesar de só haver custos em sua propriedade ou uso. Aliás, a aquisição é algo bastante usual por aqui. Não por menos, a modalidade de financiamento mais comum no Brasil é o CDC (Crédito Direto ao Consumidor). Nesse caso, os bancos financiam a aquisição do bem, que fica alienado à instituição financeira em garantia. Quando todas as prestações são pagas, a alienação fiduciária é extinta automaticamente. Quase 80% das operações de financiamento adotam essa forma de aquisição.
Outra possibilidade de pagar a prazo é o leasing – bem menos comum entre pessoas físicas, porém bem visto no mundo corporativo. Nesse tipo de contrato, não há juros propriamente dito, mas uma contraprestação ao capital investido pela instituição financeira pela aquisição do bem. Também não é possível antecipar parcelas antes de dois anos, como no CDC. Porém, a liquidação antecipada dificilmente é um bom negócio. No leasing operacional, as parcelas podem incluir o custo do seguro, manutenção e IPVA. Com algumas variações, essa é a forma de financiamento mais comum nos Estados Unidos.
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Nessa modalidade, o cliente arrenda o veículo de sua escolha por 24 ou 36 meses, dependendo do valor do carro e das parcelas, já que o preço da contraprestação do serviço não pode ser inferior a 90%. E ao final do contrato, o bem pode ser devolvido para empresa arrendadora. “O cliente paga pelo uso efetivo do automóvel e não tem que arcar com a alta desvalorização dos veículos zero-km”, diz o superintendente da Rodobens, Wagner Salvadori. A Rodobens foi pioneira ao oferecer o leasing operacional tanto para pessoas físicas quanto para jurídicas.
“Há oito anos começamos a oferecer esse tipo de produto e nos surpreendemos com a aceitação de nossos clientes, que são em sua maioria empresas”, afirma o executivo. “O consumidor final tem pouco interesse por esse tipo de produto. O brasileiro prefere possuir o bem e não apenas utilizá-lo”, conta. Por ora, estão disponíveis para arrendamento toda linha Mercedes-Benz, Toyota e Hyundai HB20.
O professor João Paccez decidiu aderir ao novo método de compra há oito anos e não se arrepende. “O leasing operacional é sempre 30% mais barato que um financiamento, não preciso pagar entrada e ainda posso incluir na parcela o custo do seguro e a manutenção. Esses argumentos foram mais que suficientes para minha decisão”, diz. “Faço contrato de três anos para modelos zero km e posso escolher a versão e opcionais”, conta.
Atuamente o educador possui três veículos arrendados: um Corolla XEi 2014 (pelo qual paga R$ 1.600 de parcela, incluindo o valor do seguro), um Etios 2014 (por R$ 950 mensais) e um Fiesta Rocam – a R$ 450. “Ao fim do contrato devolvo o carro e assino outro por um modelo zero km. Para mim é a melhor forma de usar um automóvel. Ando sempre de carro novo e pago menos por isso”, conclui Paccez.
Para o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), Osmar Pinho, o leasing operacional ainda tem uma participação muito pequena no mercado, mas acredita que nos próximos anos ele será o principal responsável pelo aumento no número de vendas. “Acredito que é uma questão de tempo para que o brasileiro acredite que é mais viável pagar para usar do que pagar para ter”, diz Pinho.
Para exemplificar a diferença entre leasing operacional e o financiamento CDC, simulamos a compra de dois modelos nas duas modalidades. Confira:
Modelo | Preço de tabela | Leasing Operacional | Financiamento CDC |
---|---|---|---|
HB20 1.6 Comfort Plus aut. | R$ 55.900 | 36 X R$ 1.474 ou 36 X R$ 1.738 (com IPVA, DPVAT e licenciamento) | Entrada de R$ 5.590 + 36 X R$ 2.295 |
Etios 1.3 X aut. | R$ 47.770 | 36 X R$ 1.205 ou 36 X R$ 1.482 (com IPVA, DPVAT e licenciamento) | Entrada de R$ 4.777 + 36 X R$ 1.965 |