O Latin Ncap, programa independente de segurança para América Latina e Caribe, já é um velho conhecido para alguns motoristas brasileiros.
A entidade, que completa dez anos em 2020, realiza recorrentemente testes para medir a proteção dos veículos vendidos na região, pontuando-os com estrelas, conforme o desempenho obtido.
QUATRO RODAS já contou em detalhes como funciona a metodologia dos crash-testes da entidade.
Quando o resultado é bom, o normal é que os fabricantes comemorem e divulguem por todos os cantos as tão almejadas cinco estrelas.
Por outro lado, não foram poucas as vezes que um carro decepcionou nas provas da entidade e ficou sem conseguir uma estrela sequer.
Pensando nisso, QUATRO RODAS separou dez carros que tiveram um desempenho pífio no Latin Ncap.
Vale lembrar que a entidade já mudou três vezes seus parâmetros de medição (2013, 2016 e 2020) deixando a marca de cinco estrelas mais difícil de ser atingida a cada ano.
1. Chevrolet Agile – julho de 2013
O hatch altinho da GM chegou ao Brasil em 2009 para competir com o VW Fox, mas não fez tanto sucesso quanto o concorrente da marca alemã.
O fraco desempenho pode ser atribuído ao fato de a GM ter utilizado componentes de modelos já considerados antigos naquela época. A plataforma, por exemplo, era a mesma de Celta e Classic.
O Agile viveu por aqui até 2016, quando saiu de linha para deixar o Onix – lançado em 2012 – prosperar ainda mais em nosso mercado.
Em julho de 2013, no entanto, o carro passou pelo teste do Latin NCAP e seu desempenho não foi dos melhores.
Sem airbags, o Agile obteve nota zero no teste de segurança para adultos. A entidade classificou como instável a estrutura da cabine e os dummies (bonecos usados no teste) sofreram impactos significativos na cabeça e tórax.
O assoalho do carro também se descolou com o impacto, deixando os pés dos passageiros em contato direto com o chão.
2. Renault Clio – julho de 2013
O hatch francês chegou ao Brasil em 1996 ainda importado e como o único da categoria a ter airbag duplo de série em todas as versões, além de freio a disco ventilado nas rodas dianteiras.
Entretanto, o modelo foi perdendo espaço com o passar dos anos e a saída encontrada pelo Renault foi empobrecê-lo cada vez mais para tentar atrair novos clientes.
Quando saiu de linha, em janeiro de 2017, para dar lugar ao Kwid, o Clio era vendido em apenas uma versão, com motor 1.0 de 77 cv.
Em 2013, o Latin NCAP testou o Clio Mío, versão que nem chegou a ser vendida no Brasil. O resultado? Nota zero em segurança para os passageiros adultos.
Com o impacto, a cabeça do dummie colocado na posição do motorista sofreu danos graves, assim como a região do peito.
Já os joelhos do ocupante do banco do carona ficaram expostos a impactos contra estruturas perigosas situadas na parte de trás do painel.
3. Fiat Palio – agosto de 2014
Um dos modelos mais vendidos no Brasil nas últimas três décadas, o Fiat Palio passou por alguns testes do Latin NCAP.
Em 2010, a versão ELX com dois airbags recebeu três estrelas das cinco possíveis, ainda sob o primeiro protocolo de segurança, mais brando.
A geração seguinte do modelo registrou três estrelas em 2014, mas em 2016, com protocolo mais rígido, viu a pontuação cair para apenas uma estrela.
No entanto, chamou mesmo atenção a nota da versão sem airbags do Palio. O modelo era voltado par outros mercados da América do Sul, já que não cumpria os requisitos de segurança para ser vendido no Brasil.
Com a colisão, a cabeça do boneco que representa o motorista sofreu danos severos, assim como o peito, que se chocou contra o volante. Os joelhos do passageiro carona também seriam expostos a partes perigosas do carro.
Por tudo isso, esta versão do Fiat Palio recebeu nota zero em segurança para passageiros adultos.
4. Lifan 320 – dezembro de 2014
Vendido no Brasil até 2013, o Lifan 320 foi um dos modelos que não conseguiram se adequar às novas normas de segurança brasileiras, que passaram a obrigar dois airbags e freios ABS a partir de 2014.
O compacto chinês passou pelo teste do Latin NCap em dezembro de 2014 e teve um desempenho sofrível.
Para se ter uma ideia, o volante se soltou da barra de direção com o impacto e, à exceção do pescoço, nenhuma parte do corpo do motorista ficou resguardada.
O resultado: nota zero em segurança para adultos e crianças.
5. Chery QQ – julho de 2015
O subcompacto chinês foi o carro mais barato à venda no Brasil até sair de linha definitivamente em novembro de 2019.
Desde seu lançamento, o modelo foi alvo de críticas pela baixa qualidade dos materiais, desempenho fraco e pouca segurança. O último quesito, inclusive, foi comprovado por um teste do Latin Ncap realizado em julho de 2015.
A versão testada era voltada a outros mercados latino-americanos, já que não continha airbags, mas o resultado chamou atenção por registrar nota zero em segurança para passageiros crianças e adultos.
Para os mais novos, todos os mecanismos de retenção falharam e deixaram as cabeças dos bonecos expostas a impactos diretos.
Já entre os adultos, tanto a cabeça quanto o peito do motorista sofreram danos graves, sendo que os joelhos do carona ficaram expostos a componentes perigosos que ficam alocados atrás do painel.
6. Kia Picanto – junho de 2016
O terceiro protocolo de segurança do Latin NCAP entrou em vigor em 2016 e exigia, entre outros novos requisitos, testes de colisão lateral e controle de estabilidade, e que este último item estivesse presente na versão mais vendida.
O Kia Picanto, compacto que foi comercializado por aqui até abril do ano passado, foi avaliado com base neste protocolo e não se saiu bem.
A versão não tinha airbags e, com o impacto, as cabeças do motorista e do passageiro se chocaram contra volante e painel, respectivamente.
O peito do motorista também sofreu elevado grau de compressão e se chocou contra o volante. O resultado: nota zero no teste para passageiros adultos.
7. Chevrolet Onix – maio de 2017
Em maio de 2017, o Chevrolet Onix já estava consolidado como o carro mais vendido do Brasil. Entretanto, passava longe de ser o mais seguro, segundo o Latin NCAP.
Mesmo com dois airbags e freio ABS, o modelo foi mal no teste de colisão lateral, deixando a região do peito do passageiro e do motorista exposta a danos graves.
O assoalho do carro também se abriu com a batida e os joelhos dos ocupantes ficaram expostos a peças do painel. Diante do baixo desempenho, o Onix ficou com nota zero no quesito segurança para passageiros adultos.
Um alento é que a nova geração do Onix, tanto nas carrocerias hatch como sedã (Onix Plus), deu a volta por cima e gabaritou o teste em novembro de 2019. Ufa.
8. Ford Ka – outubro de 2017
Em outubro de 2017 o Ford Ka, outro carro de volume do mercado nacional, também zerou o teste do Latin NCAP. O carro não foi bem no teste de colisão lateral, deixando a região do peito dos passageiro prejudicada.
Além disso, houve dificuldade para abertura das portas após o impacto, e deslocamento da coluna B para o habitáculo do motorista.
A falta de dispositivos de absorção de impacto lateral na estrutura e nos painéis das portas também pesou contra o desempenho dos compactos.
9. Chery Tiggo – setembro de 2019
O SUV compacto Chery Tiggo foi vendido no Brasil até 2015 e seguiu uma tradição dos carros chineses ao não ir bem no teste do Latin NCAP.
Conhecido em outros mercados como Tiggo 3, o jipinho teve habitáculo considerado instável e os bonecos que fizeram as vezes de passageiros sofreram danos considerados muito elevados, o que acarretou a nota zero.
Com a reprovação na prova de impacto frontal, o Tiggo nem chegou a passar pelos testes de impacto lateral. No quesito proteção para passageiros crianças, o desempenho também não foi bom: apenas uma estrela.
10. Mitsubishi L200 Triton – novembro de 2019
A única picape da lista não é exatamente a versão vendida no Brasil. A unidade usada para o teste foi uma voltada para o mercado de frotas no Chile e não tinha airbags, aviso de cinto de segurança e controle de estabilidade.
Sem os itens básicos, o esperado era um resultado ruim no teste do Latin NCAP… E não deu outra.
Na prova de colisão frontal a 64 km/h, a estrutura do carro foi definida como instável, principalmente na área dos pés.
Por conta da ausência das bolsas de ar infláveis, cabeça e peito dos passageiros foram lesionadas.
Já os joelhos ficaram expostos a partes perigosas da carroceria. Tudo isso rendeu à picape um total de zero estrela para passageiros adultos.
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