O que dizem as primeiras avaliações do Bugatti Chiron?
Esportivo custa o equivalente a R$ 8,2 milhões e já foi dirigido pela imprensa britânica
Dizem as más línguas que os Bugatti são os carros franceses mais respeitados do mundo. O Chiron, mais novo carro da marca, já passou pelo crivo da imprensa britânica. Será que ele é capaz de sustentar a boa herança deixada pelo Veyron?
Richard Meaden, da Evo Magazine, matou uma charada ao explicar as diferenças entre o motor W16 8.0 e o usado pelo Veyron. São 1.500 cv e 163,2 mkgf de torque entre 2.000 rpm e 6.000 rpm – 300 cv e 10,2 mkgf a mais – que só foram alcançados porque a grande maioria dos componentes internos são novos, até o virabrequim.
Além disso, os quatro novos turbocompressores são maiores, o que só não aumenta o turbo-lag (atraso da resposta do turbo) pois apenas duas trabalham até os 3.800 rpm – só depois a outra dupla entra em ação.
O câmbio de dupla embreagem da Ricardo mantém as sete marchas, mas os discos de embreagem são mais pesados e as engrenagens são mais leves para o Chiron.
O resultado, de acordo com a mesma publicação, é de empalidecer o Veyron. O Chiron tem comportamento mais explosivo e deixa o motorista mais conectado à máquina. A percepção de ter doses monstruosas de potência e torque disponíveis é maior, mas sem perder o jeitão de carro pesado. Mesmo assim, a sensação é perturbadora para o motorista.
Matt Prior, da Autocar, pontua que o Chiron leva a aceleração a um outro nível. Há um pequeno atraso entre o momento que o acelerador é pressionado e a força jogando o corpo contra o banco. A partir daí, o motor passa a rugir cada vez mais forte e a paisagem se transforma em borrão. Diz ele que o ronco do motor não tem alma, mas também não é desagradável (então tá!).
Prior olha para o Chiron como um carro normal e garante que dirigir ele é quase tão fácil quanto dirigir um Golf, no sentido da facilidade para se adaptar ao carro, entender seus botões e se ajustar na posição de dirigir. O espaço para os dois passageiros é bom, mas a visibilidade seria mediana.
Os modos de condução do Chiron mostram que ele não é exatamente um carro normal. Há três opções: o EB padrão, Highway (para estrada) e Handling (para pistas ou uma tocada mais forte). Se nos dois primeiros ele é confortável e suave como se espera de um carro com acabamento tão refinado, o modo Handling mostra como o Chiron pode ser bruto.
Nessa opção, mudam as respostas do acelerador, dos amortecedores adaptativos e o peso da direção. Prior diz que o volante chega a ficar excessivamente pesado, além de só retornar sozinho em manobras para a direita. Por outro lado, ele garante que o Chiron é bem controlável e bom de pilotar: estaria mais para um Porsche 911 GT3 do que para uma Ferrari 488 GTB.
Ambos os jornalistas fazem ressalvas com relação ao conforto da suspensão e antecipam que ela só será confortável em lugares com boas estradas. Para eles, o Chiron não seria nada confortável nas rodovias belgas. Imagine no Brasil…
Obviamente, o que realmente impressiona são os números de desempenho. O zero a 100 km/h se dá em 2,5 s, praticamente em primeira marcha. Os 200 km/h são alcançados em 6,5 s e os 300 km/h, em 13,6 s. Os pneus desenvolvidos pela Michelin só aguentam até os 418 km/h.
Caso o proprietário consiga um lugar para acelerar seu Chiron com tudo, basta usar uma segunda chave para ativar o modo que permite chegar aos 420 km/h – no Handling, a velocidade não ultrapassa os 380 km/h, embora exista a possibilidade de programar este limitador. A limitação de velocidade é eletrônica, mas também está ligada aos pneus. A Autocar estima que o Chiron seja capaz de passar dos 440 km/h.
Serão fabricadas 500 unidades do Bugatti Chiron, sendo que aproximadamente 250 já estão vendidos. O preço de cada um? R$ 8,2 milhões, sem impostos. Richard Maeden conta que boa parte doas abonados clientes já possuem um Veyron e alguns encomendaram duas unidades: uma para o início da produção e outra para o final, quando, se repetirem a estratégia do Veyron, surgirão séries especiais únicas.
Maeden conclui dizendo que não existe nenhum outro carro que seja capaz de alternar tanto entre o conforto e a selvageria, nem capaz de alcançá-lo em refinamento técnico. Basta dizer que sua estrutura é toda de fibra de carbono, dividida entre a parte frontal e a traseira, onde está o motor. Estes dois nichos são unidos por 10 parafusos de titânio e a rigidez é de 50,000Nm por grau, algo comparável apenas com os protótipos que correm nas 24h de LeMans.
Maeden deu cinco estrelas para o Chiron, enquanto Prior não deu mais que quatro. O repórter da Autocar diz que criar um carro capaz de passar dos 400 km/h mantendo o conforto, o interior refinado e, principalmente, sua agilidade, é algo bastante ousado e que aumenta o nível de exigência de sua avaliação.
Para o Grupo Volkswagen a melhor notícia é que desta vez a Bugatti lhe dará algum lucro a cada carro vendido, não prejuízo, como ocorria nos tempos do Veyron.