Pequenos amassados na lataria costumam ser intragáveis ao brasileiro. Por isso, não é coincidência que o martelinho de ouro seja tão popular aqui. Mas, se a maioria conhece essa técnica, poucos sabem que seu nome tem um dono. Pertence a Pedro Souza Santana, de 65 anos.
O funileiro detém o registro do nome Martelinho de Ouro, além de um currículo com 50 anos de experiência na área. O termo veio de um apelido dado por um cliente. “Um dos meus primeiros fregueses era revendedor de carros e se impressionou com meu método, mais rápido e barato que a funilaria tradicional”, conta.
Sua carreira começou no setor de acabamento na fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), onde dava brilho aos veículos. Com o tempo, ele e dois colegas desenvolveram uma técnica que eliminava pequenos amassados durante a fabricação. “Fiquei conhecido porque fazia reparos preservando a originalidade da pintura”, diz.
O Sr. Martelinho também afirma ter criado ferramentas específicas no ofício: usa alavancas feitas com chifres de boi, cipós, galhos e até tacos de sinuca. “Esses objetos servem para desamassar partes curvilíneas, como um capô. E continuo usando o bom e velho martelinho.”
Santana trabalha todos os dias, mas um acidente o deixou com o movimento dos braços limitado. Ainda assim, a oficina que leva o nome consagrado está sempre cheia. “Até poderia ter me aposentado, mas isso é uma diversão e uma terapia.”