Além de sangue, Moisés Nivoloni, 46 anos, tem barro nas veias. Há dois anos, se afastou das atividades da empresa da família, especializada no ramo cerâmico, para se dedicar a duas paixões: participar de ralis e construir carros.
É o caso do VW Gol com tração nas quatro rodas e 300 cv que vira e mexe é visto levantando poeira em alguma estrada ou fazenda do interior de São Paulo.
Até montar o Gol – que lhe tomou cerca de 500 horas de trabalho e consumiu R$ 80.000 em investimentos –, Nivoloni bancou o Professor Pardal em outros projetos.
Seu currículo inclui um Willys 1951 com motor Vortec (4,3 litros, V6), um Engesa com motor de seis cilindros e até uma VW Saveiro 4×4 com um V6 Mitsubishi.
Batizado de Maxi BR, o Gol surgiu do desejo de construir algo com peças mais baratas e fáceis de encontrar.
“Antes eu andava de Subaru Impreza, mas era caro de construir e manter. Então, me perguntei: por que não um nacional?, explica Nivoloni.
A referência foram os modelos Maxi Rally da equipe argentina Baratec, que começou transformando justamente o Gol, mas hoje faz também Peugeot 208 e Citroën C3.
Feito a partir do monobloco de um Gol G5, o brinquedo de Nivoloni trocou o motor EA-111 1.6 pelo antigo AP 1.8 com peças internas de 2.0. “Brinco que esse carro é 1.9”, diz.
O sistema de tração (câmbio e diferenciais central e traseiro) é de Subaru, assim como os agregados das suspensões dianteira e traseira. A cabine tem gaiola de proteção homologada pela FIA (Federação Internacional do Automóvel).
Para aliviar peso, portas dianteiras de fibra e vidros e tampa traseira de policarbonato. Na hora de parar, o Maxi BR apresenta freios de caminhão VW.
Claro que o carro não ficará apenas passeando por estradas de terra.
“O Gol está no processo de homologação para participar de campeonatos regionais e no Brasileiro de Rali. Tenho um convite para correr no Campeonato Gaúcho. Se tudo der certo, estreio em outubro”, diz.
E não para por aí. “Pretendo produzir outras unidades, em pequena escala, para vender. Manteria o EA111, mas turbinado e com 85% de índice de nacionalização. A exceção seriam os itens que não dá pra fugir da importação, como bancos e cintos”, explica Nivoloni.
Preço? Um Gol 4×4 como esse sairia em torno de R$ 150.000.