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Força g nos carros da F1 chega a 6,5. Como isso afeta os pilotos?

Lewis Hamilton foi submetido a 6,5 g durante o GP da Austrália; especialista em medicina automobilística responde se há motivos para se preocupar

Por Vitor Matsubara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
6 abr 2017, 11h46
GP da Austrália de F-1
Pico de força g foi registrado durante volta de classificação do inglês (reprodução - F-1/Quatro Rodas)

Um episódio impressionante passou despercebido durante o treino oficial do GP da Austrália de Fórmula 1. Durante a volta rápida que lhe rendeu a pole position, Lewis Hamilton foi submetido a uma força g de surreais 6,5 g na curva 11 do circuito de rua de Melbourne. O gráfico comparativo da transmissão indicou um aumento de 1,2 g em relação ao pico registrado na mesma prova da temporada passada.

(para ver o vídeo abaixo, é necessário clicar e abri-lo em uma nova janela, por restrições do YouTube)

O incremento é resultado direto das inúmeras mudanças realizadas no regulamento da categoria, que adotou pneus mais largos e realizou alterações no desenho das peças, aumentando a pressão aerodinâmica e a velocidade dos monopostos em até 40 km/h dentro das curvas.

Diante disso, surgiu a dúvida: mesmo com tanto preparo físico, estariam os pilotos expostos a riscos (ainda) maiores à saúde por conta desse aumento na força g?

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“A força G incide sobre o corpo do piloto em três eixos: longitudinal, lateral e vertical, representados pelas letras X, Y e Z. Não há muito problema na adaptação à força exercida nos dois primeiros eixos, mas no eixo Z (que responde pela força no plano vertical, ou seja, da cabeça aos pés) há uma preocupação maior por poder influenciar em fatores como a pressão arterial”, afirma o Dr. Dino Altmann, diretor-geral do GP Brasil de F-1 e cirurgião-geral do Hospital São Luiz.

Dr. Dino Altmann
Dr. Dino Altmann acumula quase 30 anos de experiência em atendimento nas pistas (divulgação/Quatro Rodas)

Pilotos de caças a jato precisam suportar forças de até 9 g por períodos sustentados de até 15 segundos, principalmente no temido eixo Z, quando o manche é puxado para trás ou empurrado para frente. Para que não percam os sentidos, eles vestem macacões anti-g que impedem que o sangue se acumule na parte inferior do corpo. No caso da Fórmula 1, a experiência dura menos, e (com raras exceções, como na Eau Rouge) atua apenas nos eixos longitudinal e lateral.

Mesmo assim, a força g pode ter consequências perigosas no automobilismo. Altmann lembrou da suspensão de uma prova da Fórmula Indy que seria realizada no Texas em 2001. Após ouvir queixas de fortes náuseas e tonturas por parte de todos os pilotos que participaram dos treinos, os médicos concluíram que a inclinação das curvas submetia os atletas a uma força de aproximadamente 5,5 g em 18 dos 22 segundos necessários para completar uma volta – 3 g por longos períodos é considerada o limite para preservar a saúde de um piloto nas provas.

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A maioria deles sequer conseguiu completar 10 voltas rápidas em sequência no circuito. Até hoje a etapa do Texas foi a única da história da categoria a ser cancelada por apresentar riscos à saúde dos pilotos.

Veja abaixo (em inglês) a cobertura realizada à época pela ESPN sobre a etapa texana:

https://www.youtube.com/watch?v=wVyfgh3TVCM

Mesmo assim, Dino não acredita que o episódio ocorrido com Hamilton possa ameaçar a integridade do inglês e dos outros pilotos da Fórmula 1.

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“Algumas mudanças no regulamento desta temporada, especialmente a adoção de pneus mais largos e o aumento na pressão aerodinâmica dos carros, implicaram no aumento da força g incidida sobre os pilotos. Assim, todos eles precisaram melhorar seu preparo físico e ganhar massa muscular para suportar o desgaste físico durante as corridas. E foi justamente por isso que, apesar de 6,5 ser uma força g significativa, não vejo risco à saúde desses atletas”.

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