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‘Novos’ pilotos

Nunca é tarde para começar a andar de moto. Chegar maduro às duas rodas pode ser uma boa maneira de respeitar os próprios limites

Por Mário Curcio
Atualizado em 16 ago 2022, 17h20 - Publicado em 29 mar 2010, 18h30
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Para resgatar um amor impossível de adolescente (calma, estamos falando de motos…), reavivar o espírito da juventude, adotar um estilo mais libertário de vida – ou apenas ter uma condução econômica que escapa de congestionamentos -, muita gente madura está optando por motos e scooters. Mesmo depois de passada a juventude, em que normalmente a paixão pelas motocicletas aflora, a vida sobre duas rodas pode ser estável e feliz. O início tardio pode ser vantajoso: a maturidade traz prudência e reconhecimento dos limites, já definidos.

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A história de amor de Ricardo Savioli com as motos começou mais tarde do que para a maioria. Ele passava dos 40 anos. Hoje com 48, ele não larga mais o osso. “Comecei com uma Honda CG 125 ‘para experimentar’. Rodei uns seis meses e já passei para outra Honda, uma 200 Strada. Com ela, passei a fazer pequenas viagens”, diz o administrador de empresas, que está em sua quarta motocicleta, uma Suzuki Boulevard M800.

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Savioli tomou gosto pelas motos na adolescência, andando numa Garelli, ciclomotor de um vizinho, mas teve a paixão truncada pela mãe. “Ela prometeu: ‘Se seu pai te der uma moto de presente, eu darei um caixão junto!'”, diz Ricardo. Aqui entre nós, o pensamento de dona Maria Savioli não era muito diferente do de nossas próprias mães, há mais ou há menos tempo.

Ricardo se casou aos 24 anos. Logo vieram os filhos e, diante deles, adotou a filosofia de sua mãe: “Não comprei moto antes para não dar o ‘mau exemplo’ aos dois meninos”. Hoje ele usa sua custom para ir a Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, ou em passeios pela antiga Estrada dos Romeiros, que passa por municípios próximos à cidade de São Paulo, como Santana do Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus.

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Osmar Becher, delegado aposentado de Lages (SC), estava em plena viagem de Santa Catarina ao Alasca em sua moto quando o contatamos. Foi entrevistado por e-mail durante sua parada em Las Vegas. “Tenho 61 anos. Comprei minha primeira moto em 2001, já com 52 anos.” Becher atravessou toda a América Latina com sua Harley-Davidson Ultra Classic. “Não existe melhor jeito de viajar do que numa moto. Cansamos de viagens aéreas e pacotes prontos. Fazemos nosso roteiro e paradas. A gente é parte da paisagem”, afirma o veterano novato, que viaja com outros da turma PHD: “Proprietários de Harley-Davidson”.

Outro que adotou mais tarde as duas rodas foi o eletrotécnico aposentado João Alberto Machado dos Santos, de 72 anos, que já cruzou a Cordilheira dos Andes numa Honda Shadow 750. “Ela era carburada e apagou no caminho, quando atingi 3 000 metros de altitude. Tirei o filtro de ar para prosseguir”, diz ele. O gaúcho de Ijuí comprou sua primeira motocicleta aos 63. “Deu a louca e resolvi tirar a habilitação para moto. Escondido da esposa.”

Santos gosta de levar uma vida saudável. “Vou à academia todas as manhãs. Ninguém acredita em minha idade quando olha para mim.” Ele atribui parte dessa vitalidade à motocicleta. “Andar de moto conserva o espírito jovem.” Ele não viaja sozinho, mas com os membros do Motogrupo Rota 470, de Bento Gonçalves (RS), cidade onde mora, e já planeja a próxima viagem pelo Brasil. Pretende atingir a capital do país, Brasília, e depois seguir para Minas Gerais.

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História diferente vem do administrador Roberto Gomes, que se reencontrou com as motos há um ano. Hoje tem 53. “Vi a Suzuki Hayabusa de um conhecido, achei a moto linda e comprei uma para mim.” Gomes não andava de motos havia cerca de 25 anos. “Tive uma Honda CB 400 quando jovem, mas sofri um acidente feio aos 27 ou 28 anos. Estava sem capacete, naquela época só o usava na estrada. Cheguei a perder a memória e, por causa disso, meus pais me forçaram a vender moto.”

Integrante dos Amigos da Estrada, Gomes faz passeios no fim de semana com a garupa vazia. “Minha esposa não anda junto, não gosta.” Para conciliar viagens e família, seu motoclube arranjou um jeitinho: “Numa viagem recente a Campos do Jordão, a mulherada foi de carro e deu tudo certo”.

A empresária Helena Bastos, de 32 anos, por sua vez, fez o movimento contrário, saindo da garupa para assumir o guidão. Incentivada pelo marido, Paulo Henrique Ribeiro, ela começou a andar com um scooter Suzuki 125 Burgman há três anos – nem tão tardiamente, mas já na idade adulta. Foi seu primeiro veículo motorizado, pois Helena também não dirigia carros e tirou as duas habilitações de uma só vez. “Gosto muito do Burgman na cidade por ser automático e ganho tempo com ele.”

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No fim de 2009, Ribeiro deu-lhe de presente uma Kawasaki Ninja 250: “Nas viagens eu acelero forte nas retas, mas vou devagar nas curvas. É bom ter medo quando se é iniciante”, diz Helena, que também passeia na garupa da Daytona 675 de Paulo Henrique. O casal dá outra dica valiosa: “Você pode até economizar na moto, mas nunca nos equipamentos de proteção, como capacete, roupas, luvas e botas”.

Entre os membros do motoclube paulistano Jacarés do Asfalto, há vários que se tornaram motociclistas depois dos 40. Nicola Spensieri, hoje com 56 anos, começou a andar de moto aos 47. “Quando jovem, meus pais eram contra – e eu também não tinha dinheiro para comprar uma moto grande, como queria. Em 2000, minha esposa morreu. No ano seguinte comprei uma moto”, afirma Spensieri. “Hoje não estou casado, mas também não fico sozinho.” O jeitão desse técnico em mecânica tem tudo a ver com a filosofia “born to be wild”: cabelos compridos, colete de couro e uma bela Yamaha Virago 1100.

Já o auditor de qualidade Eliseu Montesante, de 45 anos, que comprou sua primeira motocicleta aos 42, tem companhia na garupa. “Minha mulher nem pergunta para onde é a viagem. Se for de moto, ela vai sem pensar”. Tinha medo de moto e nunca quis ter uma antes. “Mas comecei a ir ao Ibira Moto Point [encontro paulistano semanal] por causa das bandas que tocavam lá, conheci o Kaypira Motoclube, tomei gosto pela coisa e comprei a primeira moto, uma Hyosung Cruise 125”, afirma Montesante, que trabalha numa montadora de automóveis e sempre teve carro. O gosto pela novidade o levou a tatuar o brasão do clube nas costas. Bikudo, como Montesante é conhecido no motoclube, vendeu a antiga moto e tem agora uma Kasinski Mirage 250.

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GENTE NOVA NO PEDAÇO Apenas depois de formado, o médico Márcio Henrique Bombonatti, de 30 anos, resolveu driblar a oposição paterna à motocicleta. “Primeiro comprei a moto, só depois avisei. Inventei desculpinhas, disse que era um investimento, que ia usar apenas para dar umas voltas. Estou escutando deles até hoje.” A ideia surgiu durante uma conversa entre amigos. Um deles, dono de uma concessionária de motos, ajudou-o a encontrar um modelo usado em boas condições. Bombonatti tem uma Honda VT 600 Shadow 1999.

Com ela, o médico, que mora em Sorocaba, costuma viajar nos fins de semana até a rua do Porto, em Piracicaba, também no interior de São Paulo. Com o apetite pela estrada amenizado, chega a hora de forrar o estômago. Ali, o médico e os amigos param para saborear um peixe bem preparado. Sua dica é o lombo do peixe filhote. Outras boas pedidas são a piapara no tambor e o tradicional pintado na brasa.

A cantora Ângela Corradi Guerreiro, de 29 anos, andou nas antigas Mobylette quando menina. Ao atingir a maioridade, habilitou-se apenas para dirigir automóveis. As motos vieram quase uma década mais tarde. “Dois anos atrás resolvi tirar a carta de moto, estava no sangue da família, meus irmãos já pilotavam. Experimentei Honda Falcon, Yamaha Lander, Suzuki V-Strom e até uma Harley-Davidson Fat Boy, que achei muito grande. Acabei comprando uma Suzuki Boulevard M800. Tem o centro de gravidade baixo e é fácil de manobrar”, diz Ângela. “Agora só viajo de moto. Levo menos tempo, sem trânsito.”

CARTA NOVA ADIÇÃO DE CATEGORIA: PARA QUEM JÁ DIRIGE CARRO

Quem já tem habilitação classe B em diante precisa fazer a adição de categoria para conduzir motos de qualquer cilindrada. O candidato está dispensado do exame teórico, mas terá de fazer 15 aulas de motocicleta (12 diurnas e três noturnas) e o exame prático correspondente. Quando aprovado, ele receberá uma nova carteira unificada, em que constará a letra A ao lado daquela que já havia em sua habilitação anterior. Nos centros de formação de condutores da cidade de São Paulo, o custo médio do novo documento é de cerca de 500 reais. Se a primeira habilitação for anterior a 22 de novembro de 1999 e o motorista ainda não tiver feito o curso de formação de condutores (com noções de direção defensiva e primeiros socorros), terá de providenciá-lo também.

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