Novo elétrico nacional VW e-Delivery se paga em cinco anos e atrai o mundo
Desejada por diferentes países, nova linha da Volkswagen é lançada com série de tecnologias que prometem revolucionar o segmento
Se a eletrificação automotiva ainda pega embalo, o Brasil vem apostando cada vez mais nos fretes através de veículos a bateria. E a Volkswagen mostrou seu comprometimento com a causa ao lançar seus novos caminhões da linha e-Delivery, de concepção totalmente brasileira.
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Já à pré-venda desde hoje (13), o caminhão foi desenvolvido desde o início no Brasil e, claro, será fabricado na fábrica de Resende (RJ). Inicialmente há duas versões com diferentes capacidades de carga e eixos que, apesar de mais caras, prometem compensar a diferença em relação aos equivalentes a diesel em cerca de cinco anos.
A mais simples delas é o Volkswagen e-Delivery 11 toneladas 4×2, que pesa 10.700 kg e carrega até 6.320 kg de carga útil somada à carroceria. Já o e-Delivery 14 toneladas 6×2 pesa 14.300 kg e, somada à carroceria, é recordista de carga entre os elétricos do Brasil, tolerando até 9.055 kg.
Todas as variantes vêm com o mesmo motor, síncrono e de corrente alternada, capaz de atingir 408 cv. A grande vantagem, entretanto, está no torque imediato de 219 kgfm, que dispensa mais do que uma marcha e permite arrancadas tranquilas, mesmo a 17º de inclinação (acredite, não é pouco).
O cliente pode escolher três ou seis módulos de bateria, que levam o caminhão ao máximo de 250 km de alcance — segundo a Volkswagen, adequado para seu objetivo de operação urbana. A fabricante crava que 45 minutos são suficientes para recarregar o utilitário até 80% da capacidade máxima.
Mesmo dedicando atenção especial às células, cada pacote de bateria pesa cerca de 190 kg — totalizando mais de 1,1 tonelada caso o cliente opte por meia dúzia delas. Isso torna ainda mais crucial a eficiência energética do conjunto, que perde apenas 4% de energia na conversão de corrente entre baterias e motor.
Suspensão exclusiva
As novidades dos e-Delivery não se limitam à propulsão, e a suspensão também foi tratada com carinho pelos técnicos. Desse modo, o sistema pneumático conta com bolsões que se ajustam eletronicamente conforme a carga, a fim de maximizar a aderência ou diminuir a resistência ao rolamento, conforme o cenário. Entre outras comodidades, é possível elevar a carga no eixo de tração mediante comandos no painel, a fim de aumentar a aderência com o solo e evitar que os pneus escorreguem em subidas íngremes.
Além da operação mais simples e com menos componentes de desgaste, os caminhões elétricos também apresentam benefícios na frenagem. Como nos EVs, os e-Delivery contam com sistema de recuperação da energia cinética, capaz de recuperar até 40% do que é dissipado na frenagem. Ao mesmo tempo que estende a autonomia, o KERS preserva intensamente o freio de serviço, menos utilizado. Mesmo assim, há freios a tambor em todas as rodas além de ABS e EBD.
Ao todo são mais de 100 sensores eletrônicos embarcados, o que gera incertezas quanto à capacidade da VW de driblar a escassez de matéria-prima que assola a indústria global. Em condições normais, os componentes atuam do ar-condicionado à propulsão, passando pelo promissor assistente de partida em rampa. É possível personalizar totalmente a condução, optando pela prioridade ao conforto ou economia máxima.
Ensaios gerais
Para entregar um produto com qualidade global, a Volkswagen garante ter realizado cerca de uma centena de ensaios, que incluem desde testes de interferência magnética a operação em temperaturas que vão de -20º C a 55º C. Ainda que seja impossível atingi-las no Brasil, os estudos também servem para exportações à América Latina e, provavelmente, à Europa, cujos jornalistas marcaram presença interessada no lançamento da linha.
Jogando em casa, a equipe da VW tratou de entregar um produto feito para o Brasil em primeiro lugar, com até mesmo isolamento para vias alagadas. A preocupação também vale no isolamento reforçado dos fios e até uma função que simula barulho dos caminhões a diesel, a fim de evitar atropelamentos pela falta de ruído dos elétricos.
Interior
Vendo o e-Delivery por dentro, pode ser difícil cravar que se trata de um caminhão elétrico. Intencionalmente, tudo nele se parece com modelos convencionais: desde o conta-giros que se tornou indicador de carga ao velocímetro, praticamente idêntico.
Não há luxo ou design de vanguarda e o detalhe mais curioso fica por conta do seletor de marcha que substitui a alavanca de câmbio. Similar ao ajuste de faróis dos carros da alemã, a chave escolhe entre ponto morto, marcha à ré e a primeira (e única) marcha à frente.
A grande mudança começa à moda nerd, com QR Code adesivado no para-brisa que dá acesso ao ecossistema virtual de gerenciamento de frotas. Através dele é possível até mesmo ceder dados de telemetria para que a manutenção seja feita de modo mais eficiente possível.
Outro destaque é a inteligência artificial que responde dúvidas dos condutores, feitas por comando de voz e dispensando a leitura dos manuais durante o corrido expediente de entregas.
Custo e interessados
Sempre o ponto delicado na apresentação de modelos elétricos, o preço do e-Delivery só foi revelado pela Volkswagen após certa insistência da imprensa. O motivo é seu custo: entre 2,5x e 3x maior que os equivalentes a diesel.
Os números variam conforme acordos de compra, mas o e-Delivery 11 custará a partir de aproximados R$ 690.00, enquanto a variante 14 toneladas 6×2 deve partir da casa dos R$ 800.000. O preço é sujeito à flutuação do dólar, ressalta a marca.
“O custo inicial, por conta do baixo volume da produção, é maior. Mas isso se paga em cinco anos, graças à economia de combustível e os custos reduzidos de manutenção”, prometeu o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes.
Para atrair pioneiros, a divisão de pesados preparou uma gigantesca rede de apoio, que inclui um consórcio voltado à “viabilização da mobilidade elétrica”. São dez empresas responsáveis por soluções que vão desde a destinação final de baterias à implantação de suprimentos solares dos eletropostos. Também há parcerias de suprimentos, manutenção e aquisição.
O conjunto da obra agradou gigantes como a Ambev, que adquiriu 100 unidades e possui intenção de comprar até 1.500 adicionais. A cervejaria também contribui nos testes em mundo real dos modelos. No caso da Femsa, que adquiriu 20 e-Delivery 14, a estimativa é de até 12,6 toneladas de dióxido de carbono poupados anualmente de chegarem à atmosfera.
As empresas implantarão os caminhões elétricos ainda neste ano, e as pré-vendas já ocorrem na rede autorizada da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Dito isso, olhe duas vezes antes de atravessar a rua: um silencioso caminhão elétrico pode estar chegando.
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