Novo Chevrolet Corvette dá motivos para sorrir e outros para estranhar
Com motor V8 central-traseiro, oitava geração rompe com jeito típico de muscle americano e parece quase um superesportivo italiano
Alguns temas sempre trazem polêmica à roda do bar. Política e futebol certamente estão entre eles. E, a partir desta semana, a oitava geração do Chevrolet Corvette.
Mostrado nos Estados Unidos após grande alarde gerado pela GM nos últimos meses, o Corvette C8 rompe com algumas tradições, a fim de se adequar aos tempos modernos.
A mudança mais patente está na realocação do cofre do motor.
Antes longitudinal dianteiro, o que conferia ao modelo uma dianteira quase interminavelmente comprida, o “vêoitão” passa a ser central-traseiro, como manda o protocolo dos superesportivos.
A consequência é um habitáculo posicionado 42 cm mais à frente em relação à geração anterior, o que deixa sua silhueta um tanto descaracterizada. Lateralmente, há mais referências a um supercarro italiano do que a um muscle americano.
Uma solução controversa, sem dúvidas. Tanto que dentro da própria redação de QUATRO RODAS há quem tenha achado lindo e quem tenha torcido o nariz.
Felizmente, a marca manter o modelo apegado a outras raízes. O desenho de faróis, lanternas e aerofólio traseiro, por exemplo, ajudam a identificar que se trata, sim, de um Corvette.
Outra boa notícia é que a GM promete lançar o Corvettão C8 abaixo de US$ 60.000 na versão de entrada, chamada FE1.
A nem tão excelente assim é que, para manter os custos de produção relativamente baixos, a oitava geração será feita quase toda de alumínio, e não de fibra de carbono (mais leve e rígida).
Resultado: seu peso a seco será de 1,5 tonelada, contra 1,2 tonelada de um McLaren 600LT, por exemplo.
Também causou estranheza a calibração escolhida para o motor V8 naturalmente aspirado de 6,2 litros: 490 cv e 64,3 mkgf na configuração padrão, ou 495 cv e 65 mkgf se adotado o sistema de escape do pacote esportivo Z51.
É substancialmente menos do que os superesportivos europeus consegue gerar atualmente, mas a GM jura – ainda sem cravar um índice oficial – que o novo Corvette vai de 0 a 100 km/h em menos de 3 segundos.
O câmbio é automatizado de dupla embreagem com oito marchas, e a suspensão traseira passa a contar finalmente com molas helicoidais.
A versão intermediária FE3 incorpora o tal pacote Z51, que traz elementos estéticos mais esportivos, diferencial traseiro com deslizamento limitado, sistema de refrigeração aprimorado e pneus Michelin Pilot Sport 4S.
Já os amortecedores de ação magnética são item exclusivo da versão FE4.
Por dentro, a central multimídia flutuante de 12 polegadas voltada ao motorista passa sensação de modernidade, mas o volante com base e topo achatados e a enorme régua de botões no console central soam exagerados. Será difícil não se atrapalhar com aquela enorme fileira de controles.
O teto rígido é removível e há compartimentos de bagagem tanto no balanço traseiro quanto no dianteiro.
A produção do Corvette C8 será iniciada na fábrica de Bowling Green (estado americano do Kentucky) no último trimestre deste ano, em configurações com volante à esquerda ou à direita.
Ou seja: muitos mercados poderão desfrutar dos predicados do muscle.