Nissan pode encerrar a produção da Frontier na Argentina este ano, diz sindicato
Com produção cada vez mais baixa e pelo alto custo para fabricar na Argentina, picape média passaria a vir importada do México para toda a América Latina

Ao mesmo tempo em que tem problemas nas negociações para a fusão com a Honda, a Nissan enfrenta outra situação ruim na Argentina, que pode levar ao fim de sua produção no país vizinho. O Sindicato dos Mecânicos e Trabalhadores Afins dos Transportes Motorizados (SMATA) visitou o local e teria comunicado aos funcionários que a produção da Nissan Frontier será encerrada no dia 31 de dezembro.
A situação da Nissan na Argentina não é boa há um tempo. A Frontier não tem um bom resultado em vendas, ficando entre as picapes menos emplacadas de 2024, com 9.258 unidades. Ficou à frente apenas da Volkswagen Amarok (7.328) e Fiat Titano (6.223). Também superou a BYD Shark (313) e JAC Hunter (32), porém ambas estrearam no último trimestre.
A queda na demanda é sentida pela fábrica. O jornal argentino La Voz afirma que a produção era de 180 unidades por dia em 2023, chegando a 33 mil veículos por ano. Em 2024, caiu pela metade e, com 100 dias de paralisação ao longo do ano, a produção foi de 17.500 unidades. A projeção para 2025 era para manter o ritmo do ano anterior, porém começou com 65 unidades por dia.
Nos bastidores, a Renault já estaria se preparando para a saída da sua parceira. A fábrica em Santa Isabel é da marca francesa e recebeu investimentos para produzir novos modelos, como a picape Niagara (que ainda teria uma versão da Nissan) e mais utilitários. Isto teria mudado a relação das empresas quanto a unidade fabril. Se até então a Nissan tinha o produto de maior volume e rentabilidade, agora a Renault está caminhando para ter mais força no local.

O jornalista Horacio Alonso relata que o plano da Nissan seria encerrar a produção antes, porém o sindicato conseguiu adiar a decisão para dezembro, quando o contrato atual entre as duas empresas chegará ao fim. O SMATA ainda diz que a fabricação ao longo de fevereiro e março seguirá um cronograma de duas semanas parada e uma semana de produção, fazendo um rodízio dos funcionários – a linha de montagem tem 180 empregados, dos quais 120 estão com contrato suspenso.
O provável fim da Frontier produzida na Argentina não significa que sairá de linha. A imprensa argentina diz que o destino da picape será o mesmo que o Volkswagen Taos, outro carro que deixará de ser feito no país vizinho em breve, passando a vir importado do México.
Em nota enviada à imprensa local, a Nissan Argentina diz que “estuda regularmente possíveis oportunidades para otimizar suas operações de fabricação. Não anunciamos nenhuma mudança em nossos planos de produção na Argentina.”