Nissan teria desistido de fusão com a Honda, afirma jornal
Negociação travou após desacordos sobre os termos da fusão, que tornaria a Nissan uma subsidiária da Honda

A fusão entre Honda e Nissan poderia dar origem à terceira maior fabricante de automóveis do mundo. Poderia, pois pode ser que o negócio não saia do papel. Após assinarem um memorando de entendimento, em dezembro, para iniciar as conversas sobre a união das duas empresas, surgem relatos de que a Nissan teria recuado e desistirá do acordo.
As primeiras informações sobre a desistência da Nissan surgiram nas mídias japonesas. O jornal Asahi Shimbun e o portal Nikkei Asia relataram que os executivos da Nissan preparavam-se para uma reunião com a diretoria para discutir a possível fusão. A agência Reuters foi além e afirmou que a fabricante decidiu desistir do negócio de US$ 60 bilhões (R$ 346 bilhões).

Nos três casos, as publicações ouviram de fontes ligadas à negociação que as duas fabricantes não estavam conseguindo chegar a um acordo e que iriam suspender as conversas enquanto discutiam internamente se ainda valia a pena ir atrás da fusão.
Um dos problemas seria que a Honda estaria interessada em transformar a Nissan em uma subsidiária, o que basicamente transformaria a fusão em uma aquisição da empresa, com a Honda no comando. Isto teria levado a uma forte oposição dos executivos da Nissan. Em dezembro, o presidente da Nissan, Makoto Uchida, havia enfatizado que as duas empresas seriam “iguais”, sem que uma dominasse a outra.

Do lado da Honda, existem muitas dúvidas sobre o futuro da Nissan, por conta dos resultados fracos no último trimestre de 2024. Outro problema é a ligação com a Renault, que teria levado a Honda a pressionar a Nissan para que recomprasse as ações que estão nas mãos da empresa francesa.
A situação do mercado norte-americano também não ajudou. As potenciais tarifas dos Estados Unidos para produtos feitos no México afetariam muito mais a Nissan do que a Honda, pela produção de modelos de maior volume como Kicks, Sentra e Versa para toda a região. Já a Honda faz o Civic na carroceria sedã no Canadá, outro país ameaçado com novos impostos de importação.
Tanto a Honda quanto a Nissan disseram ao Nikkei que nada foi anunciado e que irão finalizar a negociação na segunda quinzena de fevereiro, quando farão uma declaração sobre o assunto.
Durante a apresentação do Nissan Kicks Play, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (4), o presidente da Nissan Brasil, Gonzalo Ibarzábal, garantiu que não há nenhum plano de mudança no Brasil referente a uma possível fusão e só terão mais detalhes sobre o assunto a partir de junho deste ano.
O executivo enfatizou que o Brasil é o sexto maior mercado da Nissan no mundo e que no ano de 2024 pretendem crescer 6% no país, além disso garantiu que tanto o atual Kicks como a segunda geração podem ser exportadas para vinte países da América Latina.