Os carros vendidos no Brasil estão cada vez maiores. Isso é resultado de uma mudança no perfil de consumo. O enriquecimento da população aumentou a exigência por qualidade e nível de equipamentos. Além da preferência por automóveis mais espaçosos.
Apesar de os dez modelos mais vendidos no país serem compactos, a representatividade de veículos de grande porte no ranking de vendas é expressivo. Em 2014, foram comercializados 63 295 Toyota Corolla, bem mais que os 49 107 Chevrolet Opala que ganharam as ruas em 1975. Há 40 anos, a oferta de carrões era pequena: Dodge Dart e Ford Galaxie venderam, juntos, menos de 10 000 unidades.
Naquele ano, em São Paulo, foi criada uma lei municipal estabelecendo os limites mínimos para os tamanhos de vagas dos estabelecimentos comerciais da cidade. As medidas eram 4,5 m de comprimento e 2,2 de largura, o suficiente para abrigar o Opala e também o Fusca – o mais vendido do ano. Seria uma vaga suficiente para abrigar até um Civic atual. Mas a regra foi revogada e substituída pela lei 11 228/92.
Foi quando a vida do motorista começou a ficar difícil, pois o tamanho mínimo das vagas foi reduzido para 4,2 m de comprimento por 2 m de largura. A nova lei até estabeleceu valores para vagas grandes (5,5 m x 2,5 m), mas só exige oferta de 5% da capacidade total da garagem. Os SUVs, porém, respondem por mais de 10% das vendas anuais de veículos – sem contar a participação notável de sedãs grandes e crossovers.
Há outra regra: a quantidade mínima de vagas é calculada de acordo com o porte do empreendimento. E para atender às normas, sob mando dos donos, arquitetos e engenheiros reduzem os tamanhos das vagas para aquém dos limites mínimos – e mesmo assim conseguem aprovação dos projetos. Por isso é tão comum chegar ao shopping ou ao condomínio e não conseguir sair do carro. Isso não necessariamente ocorre por conta da legislação vigente. As construtoras é que não estão totalmente adaptadas à realidade atual de seus clientes.
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29 de setembro – São Paulo