Morre o Chevrolet Impala, carro que ajudou a dar vida ao nosso Opala
Relembre as versões e motores que equiparam o modelo, que inaugurou a sigla SS, mas viveu mais baixos do que altos em sua trajetória de 62 anos
Completando 63 anos de sua estreia no mercado norte-americano, o Chevrolet Impala deixou as linhas de produção em Detroit, Estados Unidos, nesta sexta-feira (28).
O modelo é um dos mais vendidos dos Estados Unidos e teve três fases de produção: a primeira, de 1958 a 1985; a segunda, de 1994 a 1996; a terceira, de 2000 até hoje.
Sua estreia aconteceu logo quando a fabricante completava 50 anos de atividade, sendo uma versão de luxo do lendário Bel Air.
Junto com o novato, outros modelos também chegavam ao mercado: Cadillac Eldorado Seville, Buick Roadmaster Riviera, Oldsmobile, etc.
No entanto, o Bel Air Impala se diferenciava pelo conjunto duplo de faróis na frente e as seis lanternas traseiras.
Adotando o “life style” norte-americano, o veículo alcançou a marca de 180.000 unidade vendidas em seu primeiro ano de venda – número equivalente a 15% da produção total da marca estadunidense.
Ele podia ser encontrado com o propulsor Blue Flame de seis-cilindros em linha e 3.8 litros de 145 cv, compartilhado dos primeiros Corvette, ou com um V8 Turbo Fire de 4,6 litros que podia ser encontrado nas variações de 185, 230 e 250 cv.
O propulsor mais potente disponível para o veículo era um V8 Turbo Thrust de 5,7 litros, com calibrações de 250, 280, 300 e 315 cv de potência.
Dois anos se passaram e chegou a década de 1960. A data marcou a independência do sedã luxuoso, que deixou de ser uma versão do Bel Air e se tornou um modelo independente com configurações cupê, perua e conversível.
O veículo passou a ter seus próprios traços. Na parte frontal, a dupla de faróis ainda era compartilhada do Bel Air, porém a grade alinhada ao conjunto óptico e o pára-choque em linhas retas, davam uma nova personalidade ao modelo.
O veículo trocou as linhas arredondadas de seu passado e passou a abusar dos vincos.
A traseira era o que mais chamava a atenção no modelo. As seis lanternas ainda estavam lá e ficavam entre o para-choque cromado e as asas de gaivota – formato originado dos vincos do tampão traseiro.
Porém as mudanças ainda não chegavam ao cofre do motor e o Impala seguia com os motores de quando era uma versão luxuosa do Bel Air.
Observando o sucesso que a Nascar fazia entre os norte-americanos, a Chevrolet criou uma versão esportivada do Impala: a SS – foi aí que surgiu a sigla que está presente até hoje nos veículos da marca.
Assim como aconteceu com o Opala SS aqui no Brasil – aliás, o nosso Opala teve seu nome e algumas partes de seus traços inspiradas no Impala, além de herdar a base do motor seis-cilindros, embora sua carroceria tivesse como base o Opel Rekord –, a versão mantinha a motorização que já estava no catálogo, porém ganhava alguns itens exclusivos.
O câmbio deixou de ser na coluna de direção e foi colocado no túnel central do veículo. O conjunto de rodas e pneus eram novos, bem como os freios, a suspensão e o sistema de direção com assistência.
Mas com o sucesso do SS, a empresa resolveu dar uma nova opção de trem de força para a versão: V8 de 6,7 litros e 431 cv de potência.
O Impala ainda tinha poucos anos de vida quando recebeu sua segunda geração. Com a tendência de mercado voltada à veículos com visuais mais simples, a Chevrolet logo deu novas linhas ao modelo.
O veículo ainda lembrava a geração anterior por conta da grade frontal, alinhada aos duplos faróis nas extremidades, e da traseira, que seguia com as seis lanternas.
No entanto, a carroceria passou a adotar o estilo fastback, deixando para trás todo o estilo do modelo anterior e, consequentemente, o glamour dos rabos de peixe na traseira.
Começou aí o declínio do sedã. A chegada dos muscles cars em meados da década de 1960 ganhou o mercado automotivo norte-americano.
Menores e motores mais ajustados, os veículos tinham desempenho melhor que os modelos anteriores comercializados nos EUA. O golpe foi forte e logo de início a versão SS do modelo entrou em extinção.
Na virada para a década de 1970, o Impala teve o seu pior momento no mercado.
Com a chegada de veículos europeus, novos segmentos de mercado foram instalados e as fabricantes norte-americanas passaram a repensar o uso de seus motores big blocks, que perdiam prestígio entre os compradores por serem gastões e de potência limitada.
Foi então que veio quarta geração do modelo. A reestilização deu ao veículo um visual mais clássico e atualizado (para época), as grade frontal seguia lá, porém, não eram mais conectadas aos faróis, o capô era inédito e as novas linhas somada as quatro portas, deixavam o carro com aspecto mais familiar.
No entanto, ele não abandonou o motor V8, que era ainda maior e tinha 7.4 litros e 390 cv de potência.
Ele parecia ter a receita ideal para ganhar novamente o mercado dos Estados Unidos, era grande e confortável e contava com opcionais como ar-condicionado e toca fitas.
Porém, os planos da marca norte-americana foram por água abaixo depois de dois fortes golpes. O primeiro foi em 1972 com as novas normas de emissão de poluentes e um ano depois veio a crise do petróleo.
Com isso, a potência do grande V8 foi reduzida para apenas 270 cv e o consumo de combustível foi elevado, porque era necessário mais combustão para arrastar os 5,6 metros de aço do Impala.
Não deu outra, os compradores passaram a buscar veículos menores e de consumo mais baixo.
A medida encontrada pela Chevrolet, no final da década de 1970, foi dar uma nova geração ao veículo, desta vez 300 kg mais leve, mas sem perder o grande motor.
O visual antigo do modelo havia entrado em extinção e apenas o nome era levado adiante. Os faróis e lanternas agora eram retangulares na horizontal, abandonando os últimos detalhes arredondados que marcaram época no início da década de 1960.
A reestilização deu mais oito anos de vida ao sedã, que teve a produção interrompida pela primeira vez em 1985.
Nove anos depois, a Chevrolet tentou um retorno e ofereceu um novo Impala que não carregava nenhuma lembrança de seus antecessores, a não ser a motorização: V8 de 260 cv.
Porém, não obteve sucesso e, após dois anos de fabricação, saiu de linha pela segunda vez.
A saída precoce do mercado na década de 1990 deu espaço para o sedã retornar ao catálogo de veículo da GM nos Estados Unidos em 2000.
Ele não esbanjava torque e potência como os grandes “vêoitões”, mas ganhou dignos motores V6 de variantes 3.4 e 3.8.
O veículo já pertencia a um novo nicho no mercado, porém não deixou de ganhar sua versão mais esportiva. Em, 2004 o SS foi relançado, mas sem V8. Desta vez, viria equipado com o mesmo motor V6 de 3,8 litros já disponível na gama GM.
Dois anos depois, chegou uma nova geração. Ainda prestigiada, foi apresentada no Salão de Los Angeles daquele ano e apresentava nova plataforma e também novos motores V6 de 3,5 e 3,9 litros, além da volta de um V8 de 5,3 litros destinado ao SS.
A última atualização antes do adeus foi em 2014. O modelo passou a se adequar a filosofia de design da marca e ganhou linhas iguais ao dos outros modelos da GM, deixando de lado a personalidade das décadas de 1960 e 1970.
Embaixo do capô, os motores seguiram as tendências atuais. Os grandes propulsores ficaram para trás e deram (muito) espaço para os pequenos quatro-cilindros de 2,4 (182 cv) e 2,5 (195 cv) litros, além de um V6 3.6 de 303 cv.
Neste ano, o veículo deixa pela terceira vez de ser produzido, desta vez devido à queda acentuada das vendas anuais e sem muita perspectiva de que .