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Mercury Cougar: felino puro-sangue

Releitura luxuosa do Ford Mustang, o cupê nasceu esportivo, mas foi perdendo fôlego com os anos

Por Fabiano Pereira
16 jan 2017, 18h48
O Cougar criou o nicho dos esportivos compactos de luxo
O Cougar criou o nicho dos esportivos “compactos” de luxo (Marco de Bari)

Lançado em 1964, o Ford Mustang criou a febre dos pony-cars. Esses compactos (para os padrões da Detroit da época) usavam motores V8 cada vez mais possantes. Habituada a produzir os mesmos carros da Ford, porém com ênfase na sofisticação, a divisão Mercury aproveitou o fenômeno para oferecer sua releitura do Mustang, só que com mais luxo. Nascia o Cougar.

Mais madura, a Ford não matou a esportividade de sua cria – como fez com o Thunderbird anos antes – e desenvolveu um modelo à parte para esse novo nicho. Os demais pony-cars eram só focados na esportividade e os cupês de luxo eram maiores. “Elegância indômita”, diziam os anúncios do Cougar em 1967, ano do lançamento.

Cougar (“puma”, em português) era uma analogia felina à palavra mustang, uma raça de cavalos selvagens. Cupê sem colunas centrais, sua silhueta lembrava a do Mustang, mas dianteira e traseira tinham um caráter todo próprio. Os faróis vinham escondidos por uma falsa extensão da grade de frisos verticais, imitados pelas grandes lanternas horizontais.

Na traseira, suspensão com feixe de molas
Na traseira, suspensão com feixe de molas (Marco de Bari)
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Com 7,6 cm a mais no entreeixos, 17 cm no comprimento, 90 kg no peso e 350 dólares mais caro que o Mustang, o Cougar vinha de série com um V8 4.7 de 200 cv, mas podia ter o V8 6.4 de 320 cv do Mustang. O prêmio de Carro do Ano da revista Motor Trend ajudou a vender 150.893 unidades em 1967. No mesmo ano, chegava o topo-de-linha XR-7.

O Cougar XR-7 1968 do advogado paulista João Carlos Ferreira Guedes é um mostruário da sofisticação dessa versão. Tem conta-giros, acabamento imitando madeira, bancos de couro, cintos de segurança de três pontos, ar-condicionado, direção hidráulica.

O luxo era evidente nas poltronas de couros
O luxo era evidente nas poltronas de couros (Marco de Bari)

Não é fácil manobrá-lo com as largas colunas C e sem retrovisor direito. O câmbio automático oferece engates precisos, curto em baixa velocidade, mais longo com maior aceleração. Ajuda a aproveitar os 210 cv do V8 de 4,9 litros. “É muito fácil cantar pneu com ele”, afirma Guedes.

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A suspensão é um pouco dura, devido ao feixe de molas atrás, e, nas curvas, tem leve tendência a sair de traseira. “Em provas de regularidade em Interlagos, mantendo um tempo de 3min08s por volta, ele sequer cantava pneu nas curvas”, diz.

Interruptores para as luzes internas e rádio AM com cartucho estéreo
Interruptores para as luzes internas e rádio AM com cartucho estéreo (Marco de Bari)

Reestilizado para 1969, o Cougar ganhou versão conversível. No meio do ano chegou a versão Eliminator, mais potente e agressiva no visual. Em 1974 a Mercury desvinculou seu cupê do Mustang, tirando sua esportividade latente. O Cougar se tornou, então, uma variação do médio Ford Torino.

Quando em 1977 o Thunderbird também passou a derivar do Torino, o Cougar ganhou versões sedã e perua de quatro portas, auge de sua descaracterização. A Mercury voltou a oferecer sua versão Mustang em 1979, com o Capri, mas teve reação morna.

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A partir de 1980, por mais que tivessem desenho diferenciado e viessem só como cupê, Thunderbird e Cougar seriam projetos parelhos, com o Mercury sempre à sombra do Ford. Duraram até 1997. A febre Mustang havia baixado fazia tempo quando a Mercury desistiu de investir no seu herdeiro do clássico pony-car.

Repeteco

Ford Cougar
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O nome Cougar já teve uma segunda chance quando a Ford usou o Mondeo para criar um cupê dentro do seu estilo New Edge. De de 1998 a 2002, ele foi um Mercury nos Estados Unidos e um Ford na Europa. Diferente dos pony-cars V8 dos anos 60, ele só dispunha de motores de quatro cilindros e V6.

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Ficha técnica – Mercury Cougar 1967

  • Motor: V8 de 4,7 e 6,4 litros
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  • Potência: 200 cv a 4 400 rpm ou 225 cv a 4 800 rpm; 320 cv a 4800 rpm
  • Câmbio: manual de 3 ou 4 velocidades, automático de 3 velocidades
  • Dimensões: comprimento, 499 cm; largura, 189 cm; altura, 132 cm; entreeixos, 283 cm; peso, 1 360 kg
  • Carroceria: cupê hardtop
  • Desempenho: 0 a 96 km/h em 7,7 segundos; velocidade máxima de 185 km/h (V8 6.4)
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