Enquanto a Tesla ainda colhe os frutos de seu pioneirismo na automação veicular, a Mercedes-Benz acaba de assumir a liderança da corrida pelos carros que dirigem sozinho. A fabricante alemã anunciou, nesta quinta-feira (10), que seu sistema DRIVE PILOT é o primeiro assistente de nível 3 aprovado no mundo, com estreia prevista para daqui a alguns meses.
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Tais níveis seguem a classificação da SAE, que vai de 0 (sem automação) a 5 (carros totalmente autônomos e com volante e pedais dispensáveis). Por mais que as funcionalidades do Autopilot impressionem, os Tesla trazem apenas nível 2+ de tecnologia, de modo que segue ilegal abandonar o volante do carro e curtir a viagem.
Para ser “promovido”, o DRIVE PILOT recorreu ao Lidar — equivalente do radar que troca ondas de rádio por pulsos de laser, capazes de detectar com precisão objetos no ambiente. O sistema é bem caro e, inclusive, foi criticado por Elon Musk, que chamou-o de “muleta” dada a complexidade do equipamento.
Pouco tempo depois, entretanto, o próprio chefe da Tesla teve que recorrer ao laser para evoluir o piloto automático da marca.
Também há câmeras de alta resolução e visão panorâmica no para-brisas e sensores de umidade instalados no cubo das rodas. Em adição, microfones na traseira são calibrados para detectar veículos de emergência, cujas sirenes são notadas pela inteligência artificial do carro.
Camadas de segurança
Como na aviação, o documento das Nações Unidas que regula o nível 3 de automação pega pesado, uma vez que motoristas em carros com essa capacidade poderão usar o telefone, ver filmes e até trabalhar. Afinal de contas, ninguém quer levar a culpa de um acidente causado por carros controlados por si próprios.
Como legislações nacionais também precisam ser adaptadas, o DRIVE PILOT estreará na Alemanha, onde já existe preparo jurídico. Mesmo assim, o condutor só poderá se tornar passageiro em estradas já mapeadas e a até 60 km/h.
Como a precisão do GPS é insuficiente para tudo que o sistema é capaz, as vias compatíveis tiveram imagens de altíssima resolução capturadas e disponibilizadas na nuvem da marca. Assim, câmeras instaladas ao redor do sedã podem situar o veículo ao passo que o lidar mede a distância até uma espécie de “marco geográfico”, com localização conhecida. A união de pulsos de laser, reconhecimento computacional de imagens de trânsito e até os velhos radares permitem uma precisão de centímetros, mesmo sob condições climáticas ruins.
A todo momento, o sistema compara as imagens das câmeras embarcadas com os mapas em HD, e é capaz de tirar novas fotos e enviá-las à nuvem. Fechando a conta, o sistema da Mercedes-Benz ainda é capaz de criar uma rede local, informando o computador de modelos vizinhos acerca de buracos, ventos laterais e todo tipo de coisa que, até agora, é responsabilidade do motorista.
O DRIVE PILOT entrará em funcionamento a partir do meio de 2022. Segundo a Mercedes-Benz, o sistema será ampliado em breve para China e EUA, a depender de legislações locais.