Atrasado para assumir o volante do BMW Série 3, por ter ficado conversando com um engenheiro da fábrica, me joguei no banco do motorista, fixei o cinto e parti sem ajustar assento, volante e retrovisores.
“Há males que vêm para o bem”, diria minha avó. Para minha surpresa, tudo parecida já ajustado, sensação que senti pouquíssimas vezes ao volante de um carro, na vida.
A BMW levou mesmo a sério a intenção de aprimorar o lado esportivo do sedã. A posição de dirigir com o corpo perfeitamente apoiado e alinhado com volante e pedais é coisa de esportivo.
O test-drive do novo Série 3 foi dividido em duas partes. Na primeira, dirigimos a versão 330i. Na segunda, no segundo dia de evento, pilotamos a versão M340i xDrive, em uma pista.
A apresentação da BMW aconteceu no Algarve, em Portugal, nas ruas e estradas da região e no Autódromo Internacional do Algarve.
Os primeiros quilômetros do test-drive nas ruas foram cumpridos no modo de condução Confort.
Além da capacidade de vestir o motorista , o novo Série 3 acelera com disposição atlética e roda com a suavidade que os compradores de sedãs de luxo apreciam.
Com o tempo e já nas rodovias com retas e trechos de serra, passei a explorar os outros modos: Sport, primeiro, e Sport Plus, depois.
A cada degrau que subia no seletor de modos de condução, o carro ficava mais nervoso e na mão ao mesmo tempo.
O giro do motor sobe cerca de 500 rpm do modo Comfort para o Sport e mais 500 do Sport para o Sport Plus.
A direção por sua vez fica mais pesada. E a suspensão, mais firme.
Depois de um longo período no modo Sport Plus, voltei a optar pelo Comfort e o carro me pareceu meio solto. Mas, em qualquer modo, o Série 3 sempre apresentou dirigibilidade exemplar.
A versão 330i é equipada com motor 2.0 de quatro cilindros, turbo, com 258 cv de potência. O câmbio é automático sequencial de oito marchas.
Segundo a fábrica, o 330i acelera de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos e atinge 250 km/h, de velocidade máxima.
Já a M340i traz o motor 3.0 com a clássica configuração de seis cilindros em linha, com 374 cv e câmbio automático sequencial de oito machas.
E é capaz de fazer de 0 a 100 km/h em 4,4 segundos e chegar aos mesmos 250 km/h de velocidade, limitada eletronicamente.
O novo Série 3 chega ao Brasil em 2019. O lançamento será no segundo trimestre. As primeiras unidades serão importadas da Alemanha. A produção local começa no segundo semestre, em julho.
Outra surpresa que tive foi estética. As imagens não fazem justiça ao modelo de perto.
Nas fotos e de longe, o novo Série 3 parece meio sem graça. Uma versão do antecessor com nova frente.
De perto, porém, a história é outra. A nova geração marca presença. E tem detalhes interessantes.
Há um vinco lateral muito bonito, que começa no para lama dianteiro e vai até a metade da porta traseira.
A base da coluna C exibe a tradicional forma Hofmeister kink (presente nos BMW desde os anos de 1950) reinterpretada.
E as lanternas traseiras têm lentes em alto-relevo.
Por dentro, houve atualização do painel, mas a ousadia se deve mais ao conteúdo, nos materiais de acabamento e nos equipamentos, do que ao design cuja forma segue a função.
A cabine ficou mais espaçosa. Na sétima geração, o Série 3 cresceu 7,6 cm no comprimento, 1,6 cm na largura e 4,1 cm na distância entre-eixos. A altura cresceu 1 mm.
A BMW ainda não definiu o conteúdo da versão comercializada no Brasil – e nem mesmo se haverá versão Acrive Flex, como oferecida na atual 320i.
E, até agora, somente a versão 330i está confirmada. A M340i xDrive ainda é incerta.
Na Europa, seja qual for a configuração, a lista de equipamentos de série inclui faróis led, head-up display, sistema de som Harman Kardon, alerta de colisão e atropelamento com função de freio de emergência autônomo, sensor de mudança involuntária de faixa, câmera 360º e sistema de assistência em manobras de estacionamento.
A maior novidade, entre os equipamentos de série, é a nova central multimídia com o sistema inteligente (Intelligent Personal Assistant) que permite acionar os diferentes recursos por meio de comandos de voz, gestos e botões (no console e no volante).
Assim com o sistema MBUX, da Mercedes, o da BMW reconhece comandos em português, com pronúncia natural e pode ser acionado com uma simples saudação.
Mas uma diferença entre esses sistemas está no modo da saudação. No caso do MBUX, o usuário deve chamar o sistema pelo o nome Mercedes – Hey, Mercedes! – No BMW, o usuário pode batizar o sistema com o nome que quiser, com por exemplo: Oi Alfredo!.
Entre os opcionais, na Europa, o BMW pode trazer também suspensão ativa M Sport, direção com relação variável, diferencial eletrônico, teto solar, piloto automático adaptativo, sensor de mudança de faixa com assistência em correções, sensor de tráfego cruzado, assistente de estacionamento ativo e auxiliar de marcha ré.
A unidade disponibilizada para teste era completa.
O novo Série 3 começa a ser vendido em março, na Europa. Ele chega na versão sedã, apenas. Depois virão as variações como a perua Touring e esportiva M3. A fastback GT ainda é dúvida.
No circuito do Algarve a apresentação teve seu gran finale, com a possibilidade de voar baixo durante quatro voltas no traçado, tentando acompanhar o carro madrinha conduzido por um piloto da fábrica.
Ao final do evento, porém, a sensação era de que o 330i é a opção mais que suficiente para qualquer motorista até mesmo aqueles com alma de piloto.