Recentemente, marcas como a Citroën popularizaram, no Brasil, o uso de plataformas simplificadas. Em linhas gerais, pega-se o que há de arquitetura e estrutura veicular utilizados para carros de países ricos e corta-se custos onde é possível: uma suspensão mais simples (e desconfortável), sistemas de segurança menos robustos e por aí vai.
Por conta de coisas assim, pode até surpreender descobrir que montadoras com presença global têm modelos ainda mais simples em outros mercados. Em certos casos, a simplificação não está na tecnologia do carro em si, mas em aspectos como potência ou tamanho, por exemplo.
O preço, em compensação, cai junto, inclusive com renúncias nem sempre tão grandes e em mercados onde o poder aquisitivo da população é ainda maior que o do Brasil. Confira a lista de carros que não existem em nosso país e surpreendem por conta do que oferecem e quanto custam por isso:
Renault Triber – R$ 38.020
Ele tem estilo de Kwid e plataforma de Kwid, mas… leva sete pessoas. Na prática, o Renault Triber é basicamente uma versão de sete lugares do subcompacto fabricado no Brasil, com foco naquele que é o novo país mais populoso do mundo, a Índia (ele também é vendido na África do Sul).
Após a estreia em 2019, veio o facelift em 2021, que não trouxe todas as novidades estéticas do irmão mais novo mas, ainda assim, tem detalhes como o teto em preto e para-choques na cor da carroceria. Curiosamente, o Triber, com seus 3,99 m de comprimento, mantém o motor 1.0 de 72 cv e míseros 9,8 kgfm, que é oferecido com câmbio manual de cinco marchas ou uma opção automatizada por ação eletromecânica.
A versão básica do Renault Triber custa o equivalente a R$ 38.020 e traz ar-condicionado, assistente de partida em rampa, dois airbags e controle de tração, entre outros recursos.
Nissan Magnite – R$ 36.000
Com a mesma plataforma CMF-A do Kwid, a Nissan conseguiu sucesso na Índia com um SUV compacto inferior ao Kicks, o Magnite. Sua chegada ao Brasil, inclusive, foi especulada diversas vezes, mas ficou por isso mesmo.
Com design moderno e pacote de equipamentos que poderia tranquilamente concorrer com modelo consagrados no mercado nacional, o Magnite mais barato parte de R$ 36.000, contando com o mesmo 1.0 aspirado do Triber.
Versões mais caras trazem motor 1.0 turbo, que rende 100 cv e 16,3 kgfm. Entre os equipamentos de série de toda a linha, há ar-condicionado, direção elétrica e sensor de estacionamento. Versões mais caras acrescentam à lista itens como faróis em leds, rodas de liga leve, e 15’’ de telas divididas entre quadro de instrumentos e central multimídia.
Honda N-WGN – R$ 46.594
Entre seus vários produtos icônicos, o mercado automotivo japonês se destaca pelos famosos kei cars, raramente vistos fora do arquipélago asiático. São carros de performance tímida e tamanho reduzido: costumam ter, no máximo, números na casa de 70 cv e 3,4 m de comprimento e são feitos sob medida para as apertadas ruas locais, também gozando de impostos bem mais leves que os de veículos convencionais.
O Honda N-WGN é uma das opções mais baratas disponíveis, com preço partindo do equivalente a R$ 46.594 — a curiosa versão de tração integral sai por R$ 51.368. Valores que dizem respeito a um veículo de 3,4 m de comprimento e espaço para quatro pessoas.
O motor 0.6 pode ser aspirado ou turboalimentado. Nesses casos, potência e torque variam entre 56 cv e 6,6 kgfm e 64 cv e 10,6 kgfm, respectivamente. O consumo pode bater números tão bons quanto 29,0 km/l de gasolina na cidade, com ajuda do câmbio CVT de série.
Tudo isso com bom acabamento, quadro de instrumentos digital e amplo sistema de segurança. Racionalidade que faz sucesso no Japão.
Toyota Pixis Epoch – R$ 30.834
Ainda menor e mais barato que o Honda N-Wagon é o Toyota Pixis Epoch, compacto até para os padrões dos kei cars. Apesar das quatro portas e espaço para quatro pessoas, o carrinho tem meros 3,3 m de comprimento e 1,47 m de largura.
O motor também é um 0.6 (tamanho limite para os kei), capaz de gerar 49 cv e 5,8 kgfm, também com câmbio CVT. O consumo do Pixis Epoch, que custa o equivalente a R$ 30.834, pode bater 35,2 km/l, dependendo do ciclo de medição.
Assim como o carrinho rival, o modelo da Toyota manda bem em quesitos de segurança: há alerta de frenagem, farol alto automático, airbags de cortina e até um sistema que detecta quando o motorista pisou no pedal errado, freiando o veículo automaticamente.
Hyundai Grand i10 – R$ 34.372
Enquanto o HB20 faz sucesso no Brasil, os indianos contam com outro compacto à venda, o Hyundai Grand i10, que é 20 cm menor. Seu design pode, inclusive, lembrar o hatch brasileiro antes do facelift de 2022, principalmente na dianteira, mas o preço passa longe de ser parecido com o praticado no mercado nacional.
A versão básica do Grand i10 custa o equivalente a R$ 34.372 — menos da metade um HB20 básico. Por esse montante, o comprador indiano têm à disposição um carro com motor 1.2 aspirado de 69 cv e 9,7 kgfm, com transmissão manual de cinco marchas.
O interior do Grand i10 está à altura de qualquer modelo mais barato do Brasil, com destaque para o sistema start-stop, central multimídia, saídas de ar traseira e seis airbags de série. Melhor que vários carros que superam os R$ 100.000 aqui.
Volkswagen Polo Vivo
Enquanto a Volkswagen do Brasil criou o Polo Track para substituir o Gol, a sucursal da África do Sul conta com o Polo Vivo. É o Polo da geração passada, que não tivemos no Brasil.
A versão básica tem rodas de aro 14 com calotas, par de airbags, controle de estabilidade e rádio com tela monocromática e Bluetooth. O motor é 1.4 aspirado, como o da velha Kombi, com 75 cv e 13,2 kgfm, com transmissão manual.
Kia Picanto
Quem tem boa memória, lembrará do Kia Picanto, que foi vendido no Brasil entre 2006 e 2020. Na Coreia do Sul, ele continua sendo comercializado sob o nome de Kia Morning, com sua terceira geração reestilizada recentemente.
Por R$ 44.257, os sul-coreanos têm à disposição a versão básica, Morning Minus, com motor 1.0 de 76 cv e 9,7 kgfm, sempre com câmbio automático de quatro marchas. Ele custa o equivalente a R$ 44.257, já incluindo seis airbags, assistente de partida em rampa e controle de estabilidade.