GWM inaugura fábrica no Brasil pronta para fazer híbridos e até picape a diesel
Fábrica já começa a operar com soldagem e pintura feita no Brasil e com componentes nacionais nos Haval H6; picape e SUV de sete lugares estreiam em setembro

A GWM inaugurou nesta sexta-feira (15) sua fábrica em Iracemápolis (SP). A unidade, que foi comprada da Mercedes-Benz em 2021, tem duas linhas de montagem prontas e capacidade para montar 30.000 carros em 2026. O evento contou com a participação do presidente Lula, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Comércio, Geraldo Alckmin, e outros ministros, além de Mu Feng, CEO da GWM global, e Parker Shi, presidente da GWM International.
Durante a solenidade, o presidente Lula fez questão de finalizar a produção do primeiro veículo fabricado pela GWM no Brasil, um Haval H6 GT branco, com a colocação do adesivo de “fabricado no Brasil”. Ao final do processo, o presidente Lula posou para fotos com os trabalhadores da linha de montagem.

A fábrica está pronta há alguns meses, montando unidades em pré-série. A produção começa com todas as versões do Haval H6, desde a híbrida plena (HEV), aos plug-in (PHEV) e também a carroceria GT. Nada muda nestes modelos, a não alguns componentes de origem nacional, como as tintas Basf e os pneus Pirelli.

Nos próximos meses, a segunda linha, dedicada aos carros com carroceria sobre chassi, começará a montar o SUV Haval H9 com sete lugares e a picape média Poer P30, ambos com motor diesel. Estes estão na fase de pré-série neste momento.

Tanto a Poer quanto o Haval H9 serão lançados no Brasil em setembro, ainda com unidades importadas da China. Seu motor 2.4 turbodiesel terá ajustes específicos para o mercado brasileiro.
A fábrica de Iracemápolis também montará os Haval H6 reestilizados a partir de 2026, quando o SUV médio enfim receberá o motor 1.5 flex. A intenção da GWM é aumentar a produção para 50.000 unidades anuais até 2028 junto com a nacionalização de componentes. Depois disso, a fábrica poderá passar a operar em dois turnos, ampliando sua capacidade para 100.000 carros/ano.

A GWM já tem 18 fornecedores locais e 110 cadastrados, e planeja usar isso para diminuir a dependência de peças chinesas ao longo do tempo. Neste momento, a fábrica de Iracemápolis opera em um sistema de importação peça a peça, que permite que cada uma tenha seu regime tributário definido. Os impostos de importação de cada peça variam entre 2% a 18%, caso das baterias.

Este é um modelo diferente do SKD (de carros semidesmontados, importados armados e pintados) e CKD (nos quais os carros são importados como kits e armados e pintados no país), mas a GWM avalia importar kits CKD agora que o governo isentou esta modalidade por mais seis meses.
Independente de como as peças chegam, os carros são soldados e pintados no Brasil, com o uso de robôs nesta etapa – diferentemente de algumas outras operações de CKD no Brasil.

A nacionalização gradual tem segundas intenções. Apenas quando os GWM montados em Iracemápolis tiverem pelo menos 35% dos componentes fabricados no Brasil é que eles poderão ser exportados para os países do Mercosul, Argentina, Paraguai e Uruguai, com tributação diferenciada. E as configurações mecânicas definidas exclusivamente para o Brasil lá em março de 2023 ainda são muito cobiçados nos países vizinhos por serem mais potentes.
Fábrica e centro de desenvolvimento
A fábrica da GWM em Iracemápolis ocupa um terreno com área total de 1,2 milhão de m² e área construída de 94 mil m². A unidade já tem capacidade instalada para produzir 50.000 veículos por ano. Ela já emprega 600 pessoas e chegará aos 1.000 funcionários até o final deste ano.
A GWM ainda anunciou a construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento em um terreno de 15.000 m² ao lado da fábrica, que terá uma área construída de 4.000 m².
De acordo com a fabricante, na primeira fase este centro tertá 60 técnicos e engenheiros atuando no desenvolvimento e nos testes de produtos locais, com foco em tecnologia flex e na adaptação de veículos globais às condições de rodagem brasileiras.