GWM Haval H6 GT tem qualidades de elétrico, mas peita SUVs de luxo?
Versão esportiva do SUV híbrido traz a maior autonomia elétrica, recarga rápida e pacote tecnológico robusto custando cerca de R$ 130.000 mais barata
Faz exatamente um ano que publicamos o teste exclusivo com a versão GT do GWM Haval H6. Deu tempo do SUV ter pré-venda, começar a ser entregue e fechar o ano de 2023 como o segundo carro híbrido mais vendido do Brasil com exatos 10.701 exemplares emplacados, ficando atrás apenas do Toyota Corolla Cross – que esteve à venda o ano inteiro.
Isso é um feito importante, principalmente para uma marca tão nova no Brasil: as entregas começaram em maio do ano passado. E é só rodar um pouco por grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, para se deparar com os Haval nas ruas.
A explicação para o sucesso está na combinação de bom preço, desempenho e design. Essa trinca vencedora fica ainda mais escancarada no Haval H6 GT, com carroceria de SUV cupê. Por isso convocamos novamente o modelo para uma avaliação completa que você confere no vídeo acima.
Um dos principais diferenciais é o design. A grande diferença dessa versão convencional está no caimento da traseira, mais acentuado. O caimento só não é maior porque as portas (mesmas do H6 Premium) limitam a inclinação, mas o estilo é completado pelo aerofólio duplo.
O porte do Haval H6 GT é maior que o H6 Premium. Ele tem 4,72 m de comprimento, 1,94 m de largura e mantém a altura de 1,73 m e o entre-eixos de 2,74 m.
Na frente a grade é deslocada para baixo e o prolongamento do capô separa os faróis full-led, lembrando bastante um Lamborghini Urus – e trazendo mais requinte pra essa versão esportiva.
A traseira também é exclusiva com uma faixa que imita fibra de carbono que une as duas lanternas e confere mais requinte ao SUV. O porta-malas é um pouco menor que o da versão convencional com 515 litros de capacidade, mas confesso que fiz uma viagem com ele e me impressionou a quantidade de malas que consegui encaixar. E facilita muito o fato de não ser tão alto pra encaixar bagagens maiores.
A própria GWM considera como principais rivais dessa versão GT o Volvo XC60 e o Audi Q5 e mesmo tendo um porte bem próximo ambos carregam menos, com 468 litros para o Volvo e 455 litros pro Audi Q5.
O Haval H6 tem o menor entre-eixos entre os rivais e mesmo assim o espaço traseiro é generoso. A carroceria diferente não reduz o espaço, que é surpreendentemente bom até para a cabeça de quem viaja atrás. Se o cupê vendido na China tem bancos traseiros individuais com aspecto esportivo, mas para o Brasil são inteiriços.
Na primeira fileira é que se encontram as diferenças dessa versão esportiva, a começar pela imitação de fibra de carbono e o tecido suede, que estão presentes por toda a cabine. A central multimídia de 12,3’’ tem ótima resolução, brilho e qualidade de imagem. A conexão com Android Auto e Apple Carplay é sem fio.
O H6 GT ainda tem reconhecimento facial que, via pequena câmera na coluna A, identifica os ocupantes e, automaticamente, ajusta itens como posição dos bancos, retrovisores e modos de condução.
O pacote tecnológico inclui controle de cruzeiro adaptativo com stop-and-go, assistente de permanência em faixa e frenagem autônoma de emergência. São cinco câmeras e 14 radares distribuídos ao redor do veículo.
Como anda a versão esportiva?
No Brasil, o conjunto chamado eTraction, o mesmo que equipa o Haval H6 phev, traz um elétrico em cada eixo e o 1.5 turbo dianteiro. São 393 cv e os 77,7 kgfm combinados.
Os dois motores elétricos movem o SUV na maior parte do tempo e até os 145 km/h. O 1.5 turbo a gasolina tem algo ao redor dos 150 cv e 23 kgfm e pode tracionar as rodas em médias e altas velocidades.
A bateria de 34 kWh é maior que a de elétricos como Renault Kwid E-Tech e Chery iCar. É uma reserva tão grande que garante autonomia de até 170 km (NBR) ou 116 km (Inmetro), sem precisar acionar o motor a gasolina. É a maior autonomia entre os carros híbridos plug-in no Brasil.
E o SUV esportivo tem mais uma vantagem: é possível recarregar as baterias em recarga rápida de até 48 kW e isso quer dizer que é possível ir de 10 a 80% de carga em meia hora. Os concorrentes só aceitam carga lenta, portanto vão demorar pelo menos 8 horas para uma carga completa em um walbox doméstico ou público. Apenas o Range Rover Velar 2024 aceita recarga rápida, mas sua autonomia é de apenas 64 km.
Em nossa pista, o GWM Haval H6 GT acelerou de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos. É mais rápido que um Chevrolet Camaro.
O consumo é relativo. Quando a bateria chega ao redor dos 8%, o H6 GT passa a funcionar como um híbrido (HEV), nesta condição, cravou 20,4 km/l em regime urbano e 19 km/l no rodoviário. Em uma condição em que o motor 1.5 atua focado em recarregar a bateria, o consumo urbano cai a 13,8 km/l e o rodoviário a 9,1 km/l.
Bom, só com os números de venda dá pra ver que o Haval já caiu no gosto do brasileiro. Mas a versão GT quer concorrer com modelos de marca de luxo como Audi e Volvo. E a própria GWM declara que não quer ser uma marca de luxo, mas oferecer um modelo que pode concorrer de igual pra igual custando bem menos. E custa menos mesmo, hoje o Haval H6 GT sai por R$ 315.000 – enquanto os rivais partem de R$ 450.000 – uma diferença gritante de R$ 135.00, que é alta mesmo nesse segmento.
A questão que fica é se quem é cliente de marcas de luxo toparia trocar o seu SUV Audi ou Volvo por um GWM. O tempo dirá.
Teste – GWM Haval H6 GT
Aceleração
0 a 100 km/h: 4,8 s
0 a 1.000 m: 25,8 s – 188,7 km/h
Velocidade máxima 189 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 2,2 s
D 60 a 100 km/h: 2,8 s
D 80 a 120 km/h: 3,7 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,4/24,4/54,1 m
Consumo
Urbano: 20,4 km/l
Rodoviário: 19 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 43,5 (charge)/- dBA
80/120 km/h: 64,4/69,9 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 97 km/h
Volante: 2 voltas
Seu Bolso
Preço: R$ 315.000
Garantia: 5 anos
Ficha Técnica – GWM Haval H6 GT
Motor: gas., diant., transv., 4 cil., 16V, turbo, inj. direta, 1.499 cm³; 2 elétricos síncronos; potência comb., 393 cv; torque comb., 77,7 kgfm
Câmbio: automático, DCT, 2 marchas, tração integral
Bateria: 34 kWh; autonomia, 170 km (NBR) 116 km (Inmetro)
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 235/55 R19
Peso: 2.050 kg
Dimensões: compr., 472,7 cm; larg., 194 cm; alt., 172,9 cm; entre-eixos, 273,8 cm; porta-malas, 560 litros; tanque, 55 litros