Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Grandes Brasileiros: Ford Galaxie Standard

Filho de uma influente família, ele fez voto de pobreza para conquistar o mercado e enfrentar os conterrâneos de Detroit

Por Felipe Bitu
27 jan 2017, 19h20
Nome
Nome “Standard” não era oficial: apenas Galaxie (Xico Buny)

Há 50 anos, o Galaxie foi a principal atração do 5º Salão do Automóvel, realizado em 1966. Era o primeiro carro de passeio produzido pela Ford no Brasil. Atualíssimo, redefiniu o padrão de luxo dos automóveis nacionais ao combinar direção hidráulica e ar-condicionado (e transmissão automática em 1969, no Ford LTD).

Entretanto, uma de suas versões mais curiosas dispensou esses equipamentos em 1970: o Galaxie Standard.

“A Ford saúda o Dart e pede licença para apresentar seu novo Galaxie.” Foi dessa forma que o fabricante anunciou a versão acessível destinada a disputar mercado com o Dodge Dart.

Anunciado pela Chrysler como o carro de luxo mais seguro, rápido, econômico e potente da categoria (198 cv), o Dart custava NCr$ 23.950. Já o Galaxie 500 saía por NCr$ 32.590,00 sem opcionais, o equivalente a dois Corcel Luxo ou quase três Fuscas.

O preço alto demais colocou as vendas do enorme sedã em declínio. Os executivos da filial paulistana precisaram agir rapidamente para salvar suas carreiras e preservar o investimento de Henry Ford II, que queria produzir apenas utilitários.

Continua após a publicidade

A solução encontrada foi o Galaxie Standard, por NCr$ 25.950. O maior carro nacional era imbatível na relação custo-metro: 5,33 metros de comprimento, 2 de largura e 3 metros entre os eixos. Os passageiros continuavam desfrutando o mesmo espaço e conforto, mas era inegável a supressão de inúmeros itens considerados supérfluos pela empresa de Dearborn.

As rodas eram de aço com calotas e os pneus perderam a faixa branca
As rodas eram de aço com calotas e os pneus perderam a faixa branca (Xico Buny)

Apelidado de “teimosão” e “pé de camelo” (referência aos despojados Willys Teimoso e VW Pé de Boi), o Galaxie exibia acabamento espartano por dentro e por fora. A grade dianteira era a mesma do modelo produzido até 1968, com os frisos mais finos pintados em preto fosco e sem o emblema central. A identificação externa se resumia à inscrição “Ford” no lado esquerdo do capô e “Galaxie” na tampa do porta-malas.

O aspecto simplório se estendia às laterais, sabiamente escondidas pela campanha publicitária: as rodas de aço eram pintadas com a mesma cor da carroceria e equipadas com as pequenas calotas centrais dos modelos 1967. Os pneus eram os mesmos diagonais na medida 7,75 x 15, mas sem as charmosas faixas brancas.

Continua após a publicidade

Os emblemas sumiram: a única concessão era o refletor em acrílico vermelho no para-lama traseiro, item de segurança obrigatório em todos os Ford. Na prática, os cromados se resumiam aos para-choques, maçanetas das portas e molduras dos faróis: os frisos das caixas de roda, portas e janelas foram abolidos, bem como o acabamento frisado em alumínio.

O interior também era sacrificado em nome da economia: bancos e laterais de porta estofados em vinil preto com costuras simples (com opção de tom vermelho).

O velocímetro horizontal foi um dos poucos sinais de luxo que permaneceu no painel
O velocímetro horizontal foi um dos poucos sinais de luxo que permaneceu no painel (Xico Bunny)

O painel perdia o rádio, relógio, acendedor de cigarros, ventilação forçada e a luminária inferior. O carpete de buclê foi substituído por outro bem inferior. Até a luz de cortesia do porta-malas foi eliminada.

Continua após a publicidade

Já não era possível dirigir com apenas um dedo, pois a direção perdia a assistência. Porém, o Standard era o mais rápido dos Galaxie – o motor 4.8 de 190 cv não sofria o arrasto da bomba da direção hidráulica. O câmbio era manual, de três marchas.

A versão empobrecida não ajudou: a Ford perdeu clientes para a Chrysler e GM. Mesmo espartano, o Galaxie Standard custava mais que o Chevrolet mais caro da época, o Opala 3800 Luxo, por NCr$ 21.704. As vendas (ainda) baixas levaram a Ford a caprichar em 1971: voltaram os frisos e molduras cromadas.

É desse ano o Galaxie das fotos, do colecionador André Chinelato: “O visual é tão requintado que só depois percebi se tratar da rara versão Standard”. Rejeitado, o “Teimosão” teve menos de 100 unidades produzidas em 1972, ano em que foi descontinuado.

A lanterna
A lanterna “catedral” do modelo 1971 era exclusiva do mercado brasileiro (Xico Buny)
Continua após a publicidade

Ficha técnica – Ford Galaxie 1971

  • Motor: longitudinal, 8 cilindros em V, 4.785 cm3, 2 válvulas por cilindro, carburador de corpo duplo; 190 cv a 4.600 rpm; 37 mkgf a 2.600 rpm
  • Câmbio: manual de 3 marchas, tração traseira
  • Dimensões: comprimento, 533 cm; largura, 200 cm; altura, 146 cm; entre-eixos, 302 cm; peso, 1.730 kg
  • Pneus: 7.75 x 15 diagonais
  • Desempenho: 0 a 100 km/h em 13 segundos; velocidade máxima de 157,2 km/h
  • Consumo: 3,7 km/l (cidade) / 5,5 km/l (estrada)
  • Preço (novembro de 1969): NCr$ 25.950
  • Preço (atualizado IGP-DI/FGV): R$ 160.414,46
Publicidade

Consulte a Tabela KBB

Selecione o carro que você quer vender ou comprar

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.