Último Ford Escort XR3 foi o esportivo nacional mais veloz de sua época
A segunda geração ganhou espaço e injeção eletrônica, mas brilhou pouco tempo
Terceira pesquisa experimental: até hoje, poucos conhecem o signifcado (em inglês) da sigla XR3, que tornou o Escort um dos maiores ícones esportivos dos anos 80. Carro-chefe da Ford em duros tempos de recessão, o Escort segurou as contas da empresa até 1991, logo após receber uma injeção de ânimo da Autolatina: os potentes motores VW AP de 1,8 litro.
O problema é que a concorrência acelerou mais fundo: no mesmo ano o Gol ganhou um motor 2.0 e se tornou o GTi, primeiro nacional com injeção. Em 1991 veio o também injetado Kadett GSi 2.0. Com quase dez anos de mercado, o XR3 ressurgiu de sangue novo no Salão do Automóvel de 1992, em uma nova geração.
Seu objetivo era ambicioso: ser um esportivo melhor e 10% mais barato que o GSi. Igual ao europeu, o XR3 estava mais curto, alto e largo, com um entre-eixos 12 cm maior, melhorando espaço interno e estabilidade em curvas de alta velocidade.
Em nome da aerodinâmica, os faróis de duplo refletor aposentavam os belos faróis auxiliares redondos de longo alcance. E não havia grade: a refrigeração era garantida por uma abertura sob o para-choque. O aerofólio traseiro agora vinha da cor do carro.
Bancos recaro
No interior, uma semelhança com o Gol GTi: a otimista escala do velocímetro, até 240 km/h. Era o único diferencial de um painel simples. O requinte ficava restrito aos bancos Recaro, ar-condicionado, teto solar manual e toca-fitas FIC com equalizador.
As rodas de aro 14 estavam apoiadas em novas suspensões: a traseira recebia o eixo de torção e a dianteira continuava McPherson, mas com braços triangulares, evitando as famosas empinadas do XR3 anterior.
Apesar de firme, a suspensão era bem confortável, ainda mais comparado ao Gol GTi. Mas do GTi, o Ford herdava a novidade mais esperada: o motor 2.0 injetado. O câmbio de relações curtas também era projeto VW, mas importado da Argentina.
O mais veloz do Brasil
Sendo 160 kg mais pesado que o GTi, ficava pouca coisa atrás em aceleração, levando 11,01 segundos no 0 a 100 km/h. Mas seu perfil aerodinâmico fazia dele um estradeiro quase imbatível: com máxima de 186,4 km/h, era o mais veloz dos esportivos nacionais, perdendo só para o Chevrolet Omega CD 3.0.
Mas o acerto de suspensão cobrava seu preço, pois o carro balançava acima de 120 km/h. Os freios eram a disco nas quatro rodas, mas travavam com facilidade em uma época que ABS era item restrito ao Santana e a importados.
A suspensão também mereceu críticas na edição de fevereiro de 1993, quando o XR3 foi levado a Interlagos para um pega com Gol GTi e Kadett GSi: ele teria tudo para marcar a melhor volta, mas ficou em último graças à fixação deficiente da barra estabilizadora. O problema acabou motivando um recall.
O XR3 das fotos é um 1993/1994, do engenheiro Mário Trichês Júnior, mas com a injeção analógica Bosch LE-Jetronic substituída pela FIC-Ford digital em 1994. O Escort resistiu bem até este ano, quando precisou enfrentar o Uno Turbo. No ano seguinte seu prestígio foi abalado por Gol GTI 16V e Corsa GSi, nacionais com diversos itens importados.
Defasado, empobrecido em equipamentos e com o fim da Autolatina, o XR3 desapareceu em 1996 e não deixou sucessores dignos: o Escort RS, importado da Argentina, já não estava entre os sonhos de ninguém.
Aceleração de 0 a 100 km/h | 11,01 s |
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Velocidade máxima | 186,4 km/h |
Frenagem de 80 km/h a 0 | 30,5 m |
Consumo médio | 10,58 km/l |
Preço (janeiro de 1993) | Cr$ 371.000.000 |
Preço (atualizado IPC-A/IBGE) | R$ 193.329 |
Motor | transversal, 4 cilindros em linha, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic |
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Cilindrada | 1.984 cm³ |
Potência | 116 cv a 5.600 rpm |
Torque | 17,7 mkgf a 3.200 rpm |
Câmbio | manual de 5 marchas, tração dianteira |
Dimensões | comprimento, 404 cm; largura, 169 cm; altura, 130 cm; entre-eixos, 252 cm |
Peso | 1.120 kg |
Pneus | 185/60 HR14, radiais |