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Grandes Brasileiros: Chevrolet Monza Classic SE 500 EF

Além da inédita injeção eletrônica nos GM, a assinatura que ele ganhou era um verdadeiro aval

Por Felipe Bitu
Atualizado em 23 dez 2020, 10h06 - Publicado em 3 fev 2017, 20h17
O 500 EF podia vir com duas ou quatro portas
O 500 EF podia vir com duas ou quatro portas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Quem vê a variedade de médios hoje não faz ideia de como esse mercado era restrito nos anos 80: a Fiat não tinha seu representante e a Ford contava com o Del Rey, variação do defasado Corcel.

A disputa pelo posto de melhor médio ficava entre o VW Santana e o Chevrolet Monza, este último campeão de público. Mas a opinião da crítica era diferente: o bicampeão Emerson Fittipaldi comentou na edição de janeiro de 1987 que o Santana era seu preferido para rodar no Brasil.

Como o mundo dá voltas, o piloto venceu as 500 Milhas de Indianápolis, em 1989, com um F-Indy de motor Chevrolet. A GM aproveitou a ocasião para fazer dele seu garoto propaganda, lançando em 1990 uma série limitada de 5 000 unidades do Monza Classic SE, chamada 500 EF.

O número se referia à vitória na Indy, mas o carro nada tinha de esportivo: a mecânica era quase a mesma e o aerofólio, os emblemas e os frisos exclusivos não alteravam o visual sóbrio e austero.

Aerofólio era a tentativa de dar um ar esportivo
Aerofólio era a tentativa de dar um ar esportivo (Christian Castanho)
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Ele trazia direção hidráulica com regulagem de altura, ar-condicionado, vidros verdes, alarme, porta-malas com abertura remota, computador de bordo, bancos de couro e isolamento acústico melhorado, colocando-o entre os dez mais silenciosos do país.

Ar-condicionado, direção hidráulica e bancos de couro eram de série
Ar-condicionado, direção hidráulica e bancos de couro eram de série (Christian Castanho)

Também contribuía para isso o câmbio manual de cinco marchas, com relações longas para o motor trabalhar em rotações mais baixas, estimulando uma tocada tranquila.

O que soava forte era seu preço, 50% mais que um Classic SE. Do total, 10% correspondiam à injeção eletrônica, principal inovação do sedã. Mais caro que ele, só seu rival direto, o Santana Executivo, também injetado.

Quadro de instrumentos completo
Quadro de instrumentos completo (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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Fornecida pela Bosch, a injeção LE-Jetronic contava com quatro bicos (um para cada cilindro). Ela aposentou o carburador, oferecendo maior desempenho, menor consumo e uma regularidade de funcionamento jamais vista num automóvel nacional.

Ciente dos problemas enfrentados pela Volks com a qualidade da gasolina nacional no Gol GTi (que tinha a mesma injeção), a GM adotou uma taxa de compressão mais baixa (8,8:1, ante 10:1 do GTi). Com isso, perdia-se em rendimento, mas ganhava-se em confiabilidade, eliminando o sensor de detonação, indispensável no Santana, com taxa de 10:1.

Mesmo assim, os números do 500 EF ainda eram dignos de respeito: com 116 cv e 17,8 mkgf, ia de 0 a 100 km/h em 10,88 segundos, com máxima de 170 km/h cravados. Em desempenho, seu 2.0 se equiparava ao Opala Diplomata 4.1.

Com tantos atributos, restava saber se era melhor que o Santana Executivo. Após uma viagem de 7.350 km pelo Brasil, publicada na edição de outubro de 1990, a reportagem chegou à conclusão de que nenhum deles era completo, mas o Monza se destacava pela estabilidade e conforto, cansando bem menos durante a viagem.

Cintos para três, mas conforto só para dois passageiros no banco traseiro
Cintos para três, mas conforto só para dois passageiros no banco traseiro (Christian Castanho)
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Além das cores (preto ou vermelho perolizados), seu único opcional era o número de portas: como bom sedã executivo, a grande maioria saiu com quatro portas, de tal forma que as versões de duas são raríssimas.

Uma delas é o carro das fotos, do colecionador Júlio Camargo, de São José dos Campos (SP). “É um primor de luxo e conforto e responde imediatamente quando se pisa forte no acelerador. Uma esportividade implícita, com muita suavidade”, diz.

Pioneiro da injeção na linha GM, o 500 EF também abriu caminho para a segunda geração do Monza, exorcizando o carburador numa campanha publicitária que contava com a presença de Emerson. O carinho ao bicampeão seria reeditado anos depois, dessa vez no Omega Fittipaldi, que também figurou entre os melhores automóveis de seu tempo.

Por fora, o 500 EF era um Classic com frisos e emblemas
Por fora, o 500 EF era um Classic com frisos e emblemas (Christian Castanho)

Ficha técnica – Monza Classic SE 500 EF

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  • Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 2 válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por injeção eletrônica, a gasolina
  • Cilindrada: 1 998 cm3
  • Diâmetro x curso: 86 x 86 mm
  • Taxa de compressão: 8,8:1
  • Potência: 116 cv a 5 400 rpm
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  • Torque: 17,8 mkgf a 3 000 rpm
  • Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
  • Dimensões: comprimento, 436,6 cm; largura, 166,8 cm; altura, 135,8 cm; entre-eixos, 257,4 cm; peso, 1 160 kg; porta-malas: 407 litros; tanque: 57 litros
  • Suspensão: Dianteira: McPherson. / Traseira: eixo de torção
  • Direção: hidráulica, de pinhão e cremalheira
  • Freios: disco ventilado na frente e tambor atrás
  • Pneus: 185/70 R13 radiais

Teste QUATRO RODAS – março de 1990

  • Aceleração 0 a 100 km/h: 10,88 s
  • Velocidade máxima: 170,0 km/h
  • Consumo: 9,17 km/l (cidade), 14,05 km/l (estrada a 100 km/h)
  • Preço (fevereiro de 1990): NCz$ 770 000
  • Preço atualizado (IPC-SP / FIPE): R$ 164 000
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