Em meados de 1970, enquanto notava um declínio na venda do seu best-seller Fusca, a Volkswagen se apressou em desenvolver um hatch popular para a Europa. Esse foi o ponto de partida para a criação do Golf, lançado no velho continente em 1974. Mas um grupo de engenheiros da marca alemã não se contentou somente com um modelo compacto, funcional e econômico para o dia-a-dia, e desenvolveu uma versão apimentada do modelo, exibido no Salão de Frankfurt em 1975 como conceito – embora já estivesse pronta para entrar em produção.
No início de seu desenvolvimento, a empolgação dos engenheiros havia tornado o Golf GTI (de Gran Turismo Injection, ou, Gran Turismo com injeção eletrônica) praticamente em um carro de competição. Para torná-lo viável como veículo de passeio e produto comercial, alguns componentes tiveram que ser amansados. Quando começou a ser vendido, em 1976, caiu no gosto do público europeu, deu origem ao termo “hot hatch” (hatch quente) – e tornou-se um dos carros mais cultuados da história.
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A receita geral do GTI era relativamente simples, acabou copiada pela concorrência, e vem sendo repetida até hoje. Lançando mão de motores mais potentes, suspensão com acerto esportivo, pneus mais largos, câmbio preciso, freios redimensionados e kit aerodinâmico, o GTI tinha desempenho elevado, mas sem abandonar sua viabiliadade no dia-a-dia.
Com somente 3,70 m de comprimento, 1,63 m de largura e 1,39 m de altura, (menor, em altura e comprimento, que um Ford Ka), o primeiro Golf GTI acelerava aos 100 km/h em 9 segundos e chegava a velocidade máxima de 180 km/h. Outra característica era a agilidade em curvas, elogiada em reportagens da época – algumas reportagens comparavam a experiência com a de pilotar um Porsche 911.
A partir daí, cada nova geração do Golf que nascia vinha acompanhada da pergunta “quando vem a versão GTI?”.
A segunda geração (MK II – como algumas marcas acabaram identificando as gerações de produtos) foi lançada em 1983 também não fez feio. Mesmo maior e 110 kg mais pesado, ele foi oferecido com motores mais fortes, como um 1.8 (112 cv) ou um 1.8 16V (139 cv), que lhe permitia acelerava aos 100 km/h em 8s0 alcançar os 198 km/h. Na Alemanha, o modelo ganhou até mesmo uma série limitada com tração integral e motor supercharger de 210 cv!
Embora o Golf GTi tenha ficado maior e mais confortável ao longo da história, na terceira geração a Volkswagen não acertou a mão no desempenho logo de cara. Embora tivesse uma aerodinâmica bem mais evoluída, com 32 cm a mais de comprimento, 8 cm a mais de largura e 225 kg a mais em relação à primeira geração, seu desempenho ficou pior – de 0 aos 100 km/h em 9s9. Vendido inicialmente com um 2.0 8V de 115 cv, sua performance melhorou quando recebeu um 2.0 16V de 150 cv (0 a 100 km/h em 8s1).
A quarta geração do Golf GTI chegou em 1998 com visual conservador, mas uma grande dose de desempenho extra, se comparado ao seu antecessor. Embora tenha ganhado mais massa (1.333 kg), ele se destacou pelo bom fôlego do novo motor 1.8 20V turbo – que inicialmente gerava 150 cv e 21,4 mkgf de força e que evoluiu, posteriormente, para 180 cv e 24 mkgf de torque. Nessa última configuração, segundo a VW, o modelo ia aos 100 km/h em 7s9 e atingia velocidade máxima de 227 km/h.
Na geração cinco, o Golf GTI teve forte notoriedade mundial. Seu motor 2.0 TFSI (assim chamado na época) gerava 200 cv e 28,5 mkgf de torque, e, ao invés do câmbio manual de seis marchas, podia ser equipado com o câmbio automatizado de dupla embreagem chamado DSG, com trocas extremamente rápidas. Embora acelerasse aos 100 km/h em 7s2 e superasse os 230 km/h, itens de série como controle de tração e estabilidade o tornam mais seguro e ainda mais prático mesmo para motoristas comuns. O bom equilíbrio entre esportividade e praticidade renderam ao carro nada menos que 16 premiações ao redor do mundo- inclusive de “Melhor carro do ano (2004)” do programa inglês Top Gear.
A sexta geração do GTI se destacou pela eficiência. Seguindo a tendência da indústria automobilística, o modelo incorporou sistema como o sistema start-stop, que ajudou a reduzir o consumo de combustível e também na emissão de poluentes. Seu visual, no entanto, seguiu pela trilha da discrição, enquanto seu motor ficou 11 cv mais potente em relação ao antecessor.
A mais recente versão do GTI segue a mesma receita discreta e eficiente dos seus antecessores, além da notável quantidade de tecnologia embarcada. De série, a geração 7 oferece direção hidráulica, ar-condicionado Climatronic, sistema de entretenimento com touch screen e Park Assist, tornando-o ainda mais amigável no uso cotidiano.
Apesar dos itens que auxiliam na vida cotidiana de motoristas comuns, a Volkswagen, felizmente, não esqueceu dos entusiastas por alto desempenho. Enquanto a configuração “regular” do novo GTI extrai 220 cavalos de potência e 35,7 mkgf de torque do 2.0 TSI, rendimento suficiente para leva-lo aos 100 km/h em 6s5 e à máxima de 246 km/h, a marca também disponibilizou kit chamado Performance, que adiciona mais 10 cv na conta e um sistema de freios com discos ventilados nas quatro rodas (a versão “normal” utiliza discos sólidos na traseira) de maior diâmetro.
Por fim, para comemorar os 40 anos do início das vendas do primeiro GTI, a Volks tratou de lançar a melhor versão da história do modelo: o GTI Clubsport, com 290 cavalos e 38,7 mkgf de torque a apenas 1.700 rpm, além de alterações visuais (como os para-choques com aberturas maiores) e dinâmicas (diferencial autoblocante que neutraliza o subesterço, suspensão mais baixa e firme e pneus mais largos). O tempo de 0 a 100 km/h cai para 5,9 segundos com o câmbio DGS – há também uma opção manual de seis marchas.