Ferrari pode lançar “veículo utilitário”, mas não o chama de SUV
Agência de notícias Bloomberg diz que novo modelo chegaria às ruas em 2021 de olho no mercado asiático
O último bastião da resistência “anti-SUV” pode cair em breve. A Ferrari pode estar considerando o lançamento de um “veículo utilitário” com quatro lugares, apesar de, no passado, ter negado essa possibilidade.
Isso seria parte de um ambicioso planejamento para dobrar os lucros da marca até 2022. A informação foi revelada pela agência de notícias Bloomberg, citando fontes ligadas à empresa.
O plano elaborado pelo atual CEO da Ferrari, Sergio Marchionne, visa ultrapassar o limite de 10 mil veículos vendidos por ano.
O número havia sido imposto pela própria fabricante, que, anteriormente, declarou não ter capacidade produtiva tampouco vontade de produzir mais carros – como forma de preservar a exclusividade da marca.
Além do motivo óbvio de aumentar o faturamento, a nova meta permitiria à Ferrari trabalhar com regras menos rigorosas de economia de combustível, segundo uma fonte ligada à marca.
Algumas propostas já estariam sendo avaliadas pela cúpula italiana, sendo que uma delas é de um veículo maior e mais espaçoso do que a GTC4Lusso, uma shooting brake de tração integral baseada na FF.
O projeto é chamado internamente de “veículo utilitário Ferrari”, considerando as restrições de Marchionne em desenvolver um SUV.
Seja como for, o futuro lançamento teria como alvo os clientes asiáticos, especialmente os residentes na China – um dos maiores mercados da Ferrari no mundo fora da Europa.
Por enquanto, as esperanças depositadas no carro são grandes: as fontes de dentro da empresa dizem que o modelo poderia vender até 2 mil unidades – ou seja, 20% do volume atual de vendas da Ferrari.
A aparência esportiva é uma das maiores preocupações dos designers da empresa.
A meta da Ferrari é inaugurar um novo segmento dentro da indústria em vez de apresentar apenas mais um utilitário esportivo, como fizeram Maserati (Levante, na imagem abaixo), Bentley (Bentayga) e Lamborghini (Urus).
O novo modelo, que pode ter carroceria de duas ou quatro portas, deve ser lançado a partir de 2021.
Híbridos e versões exclusivas no radar da Ferrari; elétricos estão praticamente descartados
Além do possível lançamento de um SUV (ou um crossover, como especula a imprensa europeia), a Ferrari deve investir na produção de novos modelos híbridos para melhorar a eficiência energética de seus carros e atrair novos clientes. Carros elétricos estão praticamente descartados.
Procurada pela Bloomberg, a marca preferiu não se pronunciar.
Marchionne assumiu o comando da Ferrari em 2016 e luta para aumentar a capacidade produtiva da marca desde então.
No passado, o executivo já derrubou um antigo limite de 7 mil veículos vendidos anualmente – mas parece que a nova capacidade produtiva atual de 10 mil unidades ainda não é suficiente para o italiano.
Ao mesmo tempo, a gestão Marchionne investe na exclusividade lançando edições limitadas de seus modelos mais icônicos, como a LaFerrari Aperta (abaixo) – a versão sem teto da LaFerrari vendida por US$ 2,1 milhões.
Mas não basta apenas ser milionário para adquirir um exemplar. É preciso passar por uma criteriosa avaliação da Ferrari, e as chances de receber um “não” são grandes – como ocorreu com David Lee, um famoso colecionador de modelos da marca que reside nos Estados Unidos.
Os dois movimentos representam um esforço da direção da Ferrari em resistir contra o avanço dos veículos “sustentáveis”, à medida que vários países (como França e Alemanha) já anunciaram que banirão a venda de veículos movidos a combustão dentro de algumas décadas.
Marcas como a Volvo e a conterrânea Maserati já decidiram abandonar o combustível fóssil de forma gradual ou definitiva nos próximos anos.
Enquanto as mudanças não ocorrem, a Ferrari até tem motivos para comemorar.
Os lucros da empresa sem desconto de taxas e impostos cresceram mais de 14% no segundo trimestre de 2017 frente ao mesmo período do ano passado, atingindo a cifra de 1 bilhão de euros.
As fontes de dentro da Ferrari afirmam que, se a estratégia de Marchionne vingar, a tendência é que este número dobre dentro de cinco anos.