A Dino é um dos modelos mais famosos já produzidos pela Ferrari. O cupê fugiu à regra dos motores V12 da marca italiana e foi equipado com o inédito V6 de 2,4 litros que gerava 195 cv.
O veículo foi batizado com esse nome para homenagear o filho de Enzo Ferrari, Alfredo Ferrari – conhecido como Dino –, que morreu em 1956 por conta de uma grave distrofia muscular.
Alfredo foi um dos criadores do motor central de seis cilindros. Este projeto foi usado como base para criação dos veículos de maior sucesso da marca, como o F40.
Além de ser um ícone da indústria automotiva, o modelo também é protagonista de uma das histórias mais misteriosas do mundo dos carros: a Dino enterrada.
De acordo com a Polícia de Los Angeles, Estados Unidos, a história começou em 1978, quando duas crianças encontraram uma superfície metálica estranha enquanto brincavam no quintal.
Sem saber do que se tratava, comunicaram um policial que passava pela rua fazendo ronda no exato momento.
O oficial começou a cavar com as próprias mãos e ao perceber o que era aquilo, comunicou o setor de investigação da polícia local.
A brincadeira de caça ao tesouro realmente colhia frutos naquele momento, afinal, as crianças haviam encontrado uma Ferrari Dino GT 1974 que havia sido roubada.
A escavação foi finalizada e, preso a correntes, o veículo começou a ser puxado de sua cova.
Os investigadores logo notaram que os criminosos tinham o intuito de retirar o carro da terra em outra oportunidade, uma vez que cobertores tinham sido usados para proteger o interior do veículo.
Além disso, panos que foram colocados nas saídas de escape para inibir a entrada da terra, o que prejudicaria o funcionamento das partes mecânicas.
Mas o que levou o veículo a ser enterrado? Antes mesmo de fundamentar hipóteses, foi ressaltado que a Dino era mais rara do que se imaginava.
Ele era verde metálico – uma das cores mais raras do modelo –, tinha bancos da Ferrari Daytona e rodas maiores do que as de série com calotas douradas, que exigiam uma mudança na carroceria para caberem.
O modelo havia sido comprado pelo encanador, Rosendo Cruz, em setembro de 1974.
Três meses após a compra, o proprietário do veículo e sua esposa foram ao restaurante Brown Derby, local visitado comumente por celebridades de Hollywood.
Estranhando o comportamento dos manobristas do local, Rosendo resolveu deixar o veículo na rua, a poucos metros do estabelecimento. Só não sabia que essa seria a última vez que estacionaria o seu carro.
O dono do veículo não encontrou mais o esportivo, registrou o roubo na polícia e recebeu os US$ 22.500 da seguradora que havia sido contratada.
O caso parecia um roubo comum da cidade, mas após ter sido encontrado, em 1978, toda a investigação recomeçou e duas teorias ganharam força.
A primeira é de que o encanador teria forjado o roubo do veículo para receber o dinheiro do seguro, já que o esportivo não apresentava marcas de arrombamento nem vidros quebrados, dando a entender que os criminosos tinham as chaves do veículo.
Para isso, o proprietário teria contratado ladrões para levar o carro até o sul de Los Angeles, desmontar o veículo e enterrar as peças. No entanto, os bandidos teriam decidido ficar com o carro e, então, enterraram ele tomando os devidos cuidados.
Para provar que haviam feito o serviço, cortaram o emblema que carrega o nome da versão da traseira do veículo para entregar ao encanador, que depois acionaria o seguro para receber o valor do carro.
A segunda tese é de que o veículo realmente foi roubado. Embora pareça estranho pensar no ato de estacionar uma Ferrari na rua, é válido lembrar que isso é comum no local em que o modelo foi deixado.
O motivo de não haver janelas quebradas e sinais de arrombamentos, segundo esta teoria, é que os criminosos seriam profissionais e, neste caso, utilizaram ferramentas próprias para realizar a ação.
Em posse do veículo roubado, levaram-no para o sul de Los Angeles, na casa de um cúmplice, e iniciaram as ligações para arrumar um comprador. Foi aí que surgiu o problema.
As cores e acessórios encomendados na produção do veículo faziam ele ser extremamente único. Suficiente para não poder rodar pelas ruas da cidade e também manter longe os compradores do mercado alternativo de veículos.
Então, restava uma saída: enterrar o veículo exatamente onde ele estava. Buscaram proteger o Dino da melhor forma para que pudessem desenterrar mais tarde caso um comprador fosse encontrado.
Imaginando que seria difícil acreditar na possibilidade de uma Ferrari estar enterrada no quintal, os criminosos decidiram retirar o nome da versão do veículo da parte traseira como prova de que estavam com ele.
Embora as duas teses façam sentido, informações desencontradas não deixaram a investigação ser concluída e, até hoje, o caso não possui uma verdade concreta.
Sabe-se que, em 2012, o produtor do programa The Drive, Mike Spinelli, durante uma reportagem, conversou com um dos investigadores da época, chamado Denny Scarrol.
De acordo com Spinelli, Scarrol admitiu que, durante as investigações, informações falsas foram dadas a imprensa. Uma delas foi justamente a de que crianças teriam encontrado o carro enquanto brincavam no quintal.
Na verdade, segundo o investigador, um informante é que teria dito à polícia onde a Dino estava. Ele também levantou a hipótese de que Rosendo Cruz teria sido o mandante do crime para receber o valor do seguro.
Mas, por falta de provas, o encanador foi inocentado. Dali, foi levantada a questão de que a própria pessoa que ajudou a polícia seria o criminoso e estaria acusando o antigo dono do Dino para sair do foco.
Mas, sem provas novamente, o caso seguiu sem um final.
Durante a reportagem de Spinelli, foi descoberto o paradeiro do veículo. A Dino foi comprada por Brad Howard por US$ 8.000 durante o leilão feito pela seguradora, em 1978, e segue em Los Angeles.
Howard conseguiu restaurar o cupê totalmente – até a pintura verde metálica. O veículo participa de encontros de carro e carrega a placa “Dug Up” – que significa “desenterrado”, em inglês.
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