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Europa muda testes e híbridos terão consumo até três vezes pior

Novo protocolo de testes busca deixar os valores divulgados pelas marcas mais próximos do que é a realidade do consumidor europeu

Por João Vitor Ferreira
Atualizado em 25 jan 2025, 13h29 - Publicado em 25 jan 2025, 11h00
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Montadoras divulgavam um consumo quase que milagroso para os PHEVs na Europa graças ao protocolo de testes do WLTP (Divulgação/Volkswagen)
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A Europa vai desmascarar o consumo dos carros híbridos plug-in, fazendo com que o seu consumo divulgado seja mais próximo da realidade. Essa mudança se baseia em estudos feitos pela União Europeia (UE), que afirmam que estes carros híbridos, na verdade, poluem e consomem até três vezes mais do que aquilo declarado pelos fabricantes.

Não é que as montadoras estejam mentindo descaradamente. O problema é uma brecha que existe no protocolo adotado pelo WLTP. Desde o dia 1º de janeiro de 2021, todos os carros na Europa são equipados com OBFCM (On Board Fuel Consumption Monitoring). De maneira totalmente legal e anônima, a UE obteve dados de consumo dos veículos e viu a discrepância que existe entre o mundo real e os números apresentados.

O estudo acompanhou 123.740 veículos híbridos plug-in. Para o WLTP, o consumo médio deles era de 59,17 km/l, mas utilizando os dados dos OBFCM a UE analisou que o consumo no mundo real foi de 16,83 km/l. Ou seja, um consumo 252% maior do que aquilo que é declarado pelos fabricantes.

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União Europeia descobriu que poucos motoristas sequer carregavam seus PHEVs, fazendo com o que seu consumo e emissões fossem muito maiores na vida real (Divulgação/Caoa Chery)

Mas porque essa discrepância tão grande existe? A resposta é simples: os motoristas dirigem seus híbridos “errado”. Para que os PHEVs atinjam o “consumo dos sonhos” é necessário que o modo elétrico seja usado o máximo possível. Isso pode ser até mesmo inviável, porque depende da recarga das baterias e estas, dependendo do carro, podem ser muito pequenas para que a autonomia elétrica seja adequada ao uso do proprietário do carro.

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No modelo de homologação atual, os PHEVs iniciam o ciclo de medição em modo elétrico e repetem o ciclo até que a bateria esteja totalmente descarregada. Depois, fazem um ciclo com ela vazia. No final, o carro terá rodado entre 80% e 90% do percurso em modo 100% elétrico. Portanto, é normal que o consumo seja inferior a 2 l/100 km (50 km/l). Se a bateria é muito grande, podem conseguir superar os 100 km/l, o que não convence ninguém e distorce a realidade.

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Para acabar com isso, a UE implementou em 1º de janeiro deste ano a Euro 6e bis, uma norma que vai revisar completamente os protocolos de avaliação de emissões e consumo dos PHEVs. A ideia é deixá-la mais próximo do consumo real, aumentando a distância de testes (feito em dinamômetro) de 800 km para 2.200 km.

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A proporção de condução com bateria vazia também será maior, o que vai diminuir as médias do antigo ciclo WLTP e aproximá-las da utilização real do europeu.

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Com o novo protocolo de testes consumo do BMW X1 híbrido plug-in foi de 142,8 km/l para 23,8 km/l (Divulgação/BMW)

Outra mudança está na faixa de temperatura dos testes. A partir de agora, as “condições normais” do teste serão entre 0º e 35º, ante 0º e 30º do antigo protocolo. Isso também muda as “condições extremas”, que passarão a ser entre 35º e 38º. As temperaturas mais altas vão induzir um uso maior de energia das baterias aumentando, consequentemente, o consumo dos carros.

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gráfico de consumo de modelos a gasolina, diesel, PHEV a gasolina e PHEV diesel no mundo real (azul) e no WLTP (laranja) (Comissão Europeia/Reprodução)

Para provar a eficiência dessas mudanças, a ONG ICCT (International Council on Clean Transport) analisou seus efeitos no BMW X1 xDrive25e PHEV, modelo que pode andar até 70 km em modo totalmente elétrico e tem consumo médio e emissões declaradas de 142,8 km/l e 15 g/km de CO₂. Com a nova regra, o SUV passou a ter um consumo médio de 23,8 km/l e as emissões subiram para 96 g/km de CO₂.

Mas em 2027 os testes serão ainda mais rigorosos, com a implementação da Euro 6e bis FCM. Nesse novo protocolo, a distância de referência subirá para 4.260 km. Logo, será ainda mais raro vermos carros com consumos insanos acima dos 100 km/l.

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