Estados Unidos pressiona México em negociações com fabricantes chinesas
A chegada das fabricantes chinesas no México tem incomodado os Estados Unidos, que tem o receio de futura investida no país de forma "ilegal"
O México abriu as portas para as fabricantes de automóveis chinesas entrarem no país e instalarem fábricas. Seria um meio de as marcas chinesas conseguirem entrar nos Estados Unidos sem pagar taxas abusivas cobradas pelo governo estadunidense. Mas os EUA não está feliz com isso.
Com a fabricação de carros no México, as fabricantes chinesas poderiam vender seus carros nos EUA com benefícios assegurados pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), de livre comércio. Mas isso irritou as autoridades americanas, que estão com muito medo de perder hegemonia no mercado automotivo dentro do seu próprio país.
Há uma pressão estadunidense contra isso, o que fez o governo mexicano parar de conversar com as empresas chinesas. Em janeiro, autoridades mexicanas afirmaram à BYD que não concederiam mais terras e incentivos fiscais à ela, como haviam feito no passado.
Esta decisão do governo mexicano (supostamente) tem um pé do Gabinete Representante Comercial do Estados Unidos, embora eles se recusem a afirmar isso. Contudo, o próprio governo Biden já disse que “não permitirá que as montadoras chinesas inundem o mercado de veículos que representam uma ameaça à segurança nacional”.
O México é um centro de produção para diversas montadoras, sejam elas, propriamente, norte-americanas ou alemãs ou japonesas. No entanto, o governo estadunidense nunca se importou com este avanço internacional em seu país vizinho, apenas agora que a China também está interessada.
O país asiático tem feio grandes investimentos no setor automotivo mexicano e tem como maior objetivo fincar sua bandeira num país vizinho dos EUA que desempenha um papel tão importante no abastecimento de automóveis do país.
A administração do governo Biden seguirá influenciando a decisão do seu país vizinho, ainda mais em um ano de eleição. E, talvez, o México irá ceder, pois tem medo dos EUA propor termos desfavoráveis na próxima revisão do acordo de livre comércio, que ocorre em 2026.
Apesar de toda a pressão, cerca de 20 montadoras chinesas já estão no mercado automotivo mexicano, incluindo BYD, JAC, MG e Chery (lá chamada de Chirey). Como no Brasil, elas estão oferendo produtos baratos e com propostas para uma futura eletrificação do mercado.
A VW e a Toyota dominavam o mercado entre as marcas populares. Mas, agora, os compradores estão passando a migrar para outras alternativas, como BYD e MG, marcando um afastamento das marcas tradicionais.
Mesmo com todo o esforço do governo estadunidense para a não entrada das empresas chinesas, há outros meios que podem ser usados pelas montadoras. Na China, a BYD e a Tesla tem um histórico de trabalhos em parceria, fornecendo baterias ao fabricante americano. É possível que os chineses façam o mesmo com outras montadoras, o que evitaria tarifas. Essa novela ainda terá muitos capítulos.