Escândalo na Daihatsu faz Toyota mudar presidência na América Latina
Pela primeira vez na história a Toyota do Brasil terá um presidente brasileiro, enquanto antigo presidente será CEO para a América Latina e Caribe
Os desdobramentos do escândalo de fraudes em testes de segurança da Daihatsu, que implicou na paralização da produção de carros da própria Daihatsu e da Toyota, resultaram em mudanças na presidência da Toyota na América Latina e no Brasil. Com isso, a Toyota do Brasil terá o primeiro presidente brasileiro em sua história.
Masahiro Inoue, CEO da Toyota América Latina e Caribe (TLAC), foi nomeado presidente da Daihatsu e substituirá Soichiro Okudaira a partir de 1º de março. O Chairman da Daihatsu, Sunao Matsubayashi também deixará a empresa e seu cargo ficará vago.
As empresas afirmaram que, sob a nova estrutura, “implementaremos minuciosamente medidas para prevenir a recorrência e trabalharemos para a futura revitalização da Daihatsu”.
Masahiro Inoue atua na América Latina há 16 anos e assumiu o cargo de CEO da Toyota para a região em 2019. Com o retorno de Inoue ao Japão, quem assume o cargo de CEO da TLAC é Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil desde 2017.
Com isso, Evandro Maggio, atual Diretor de Compras, Pesquisa e Desenvolvimento da Toyota para a América Latina e Caribe se torna o primeiro brasileiro presidente da Toyota do Brasil.
A nova presidência terá pela frente o lançamento do Yaris Cross, um SUV compacto com mecânica híbrida flex, em dezembro deste ano. O modelo será resultado de um investimento de R$ 1,7 bilhão, destinado à fabricação do modelo em versão híbrida flex na fábrica de Sorocaba (SP).
Curiosamente, o Toyota Yaris Cross que será destinado ao Brasil é o modelo vendido fora do Japão e da Europa, chamado AC200. É um carro maior e baseado na plataforma DNGA, concebida originalmente pela Daihatsu. Seria menor, mais simples e barata que a conhecida plataforma TNGA, que é usada nos Corolla e Corolla Cross brasileiros.
O que aconteceu com a Daihatsu?
No final de 2023 veio à tona que testes de colisão (crash tests) correspondentes a mais de 88.000 veículos teriam sido fraudados pela Daihatsu, a fim de melhorar suas notas. O achado gerou repercussão negativa na sociedade japonesa e a empresa viu-se obrigada a apresentar reparações pelo descaminho perante o governo local.
Tudo começou em abril, quando a própria Daihatsu, através de um relatório de denúncia, descobriu que testes estavam sendo conduzidos de maneira errada. A montadora, então, relatou às agências reguladoras japonesas e interrompeu a produção dos modelos afetados.
Desde então a empresa vem fazendo um pente fino em suas atividades após o escândalo que envolveu a subsidiária Daihatsu. Os Toyota Yaris e o Yaris Cross, que está cotado para vir ao Brasil em 2024, assim como o Toyota Raize e seu ‘irmão gêmeo’ Daihatsu Rocky chegaram a ter suas produções suspensas. As irregularidades também afetam modelos da Mazda, Perodua e Subaru.
As investigações descobriram que a Daihatsu vinha fraudando testes há muito mais tempo. Descobriu-se que as os airbags testados em modelos como o Toyota Townace e Pixis Joy e o Mazda Bongo eram diferentes dos que eram vendidos ao público. Também houve falsos sobre testes de impacto dos encostos de cabeça e sobre a velocidade de impacto de algumas provas. A investigação também averiguou que existem fraudes desde 1989.
O caso mais recente foi de adulteração dos motores dos Toyota Hilux e SW4 durante ensaios de certificação. Segundo a Reuters, a curva de potência do propulsor 2.8 turbodiesel foi maquiada para aparentar maior suavidade do que o de fato. Já o periódico Kyodo News informa que a adulteração ocorreu na curva de torque. Outros dois propulsores a diesel também estariam envolvidos na questão. O caso não se estendeu aos carros vendidos no Brasil.