Participar de leilões de carros pode ser uma boa maneira de ganhar dinheiro extra e muita gente se dedica exclusivamente a essa atividade. É o caso de Gladiston Azevedo, que há três anos se dedica apenas à compra de veículos em leilões, mas também promove cursos online sobre o assunto e tem 1,3 milhão de seguidores no perfil do instagram, onde é conhecido como “louco por leilões”.
A busca por conhecimento na área acompanha o aumento dos pregões online, um segmento que cresceu 70% durante a pandemia e que, segundo especialistas do setor, não perdeu relevância.
O que o Gladiston chama de “virada de chave” e que o motivou a começar a investir mais em leilões foi o lucro que teve ao vender uma Ford Transit, ano 2011, há oito anos. Ele ainda trabalhava na oficina mecânica do pai (onde trabalhou desde os 14 anos) e já comprava carros de leilão para complementar a renda.
“O furgão custou R$ 33.000 e o comprador me ofereceu um VW Fox 2012 e mais R$ 30.000, foi esse negócio que me fez querer viver disso. Em um negócio, eu praticamente ganhei um carro que muitas pessoas passam a vida para conquistar”, conta Gladiston, que já tem 14 anos anos de experiência comprando em leilões.
Mas para obter esse lucro de mais de 50% é necessário experiência e conhecimento para não cair em golpes ou comprar veículos que não são o que parecem e poderão dar dor de cabeça na manutenção ou revenda. Solicitamos algumas dicas para o especialista para que você tenha mais chance de fazer bons negócios tanto em leilões presenciais quanto virtuais. Confira:
Atenção aos golpes
Há incontáveis sites falsos de leilões e muitos casos de pessoas que perderam um bom dinheiro com essa modalidade de golpe. O especialista indica que os sites dos leiloeiros oficiais, normalmente, terminam com “.com.br” no final da URL e no geral, os sites que tem terminações como “.com” ou “.com/br” ou até “.org” são falsos.
“Tenho orgulho em dizer que ajudei mais de 1.000 pessoas a não cairem em golpes e esse atualmente é o grande problema do mercado de leilões no Brasil”, diz Gladiston, que oferece uma lista de mais de 800 leiloeiros oficiais que é atualizada diariamente, mas o serviço é pago.
Procure um leilão perto da sua casa
Mesmo com a modalidade virtual, a indicação é sempre visitar o carro que pretende arrematar presencialmente. Um leilão perto da sua residência facilitará a visita, reduzirá o custo com deslocamento e também o custo do frete, caso arremate o veículo.
Dedique um tempo para ler o edital
O valor final do arremate não é o valor que você vai pagar. Cada leiloeiro fixa uma taxa que, em média, é de 5% do valor que foi arrematado. Também há taxas administrativas, que constam no edital de cada leilão. Além disso, haverá todos os custos inerentes à compra de um carro, em especial documentação, que inclui a transferência de nome e eventual mudança de placa e IPVA.
Não compre carros sinistrados
O especialista garante que apenas uma pequena parte das frotas que são vendidas em leilões pelo Brasil são provenientes de sinistro, ou seja, envolveram-se em acidentes de trânsito. São carros conhecidos como pequena monta, média monta e grande monta.
O pequena monta se dá por avarias leves no veículo e é o único caso em que não consta um registro de recuperado de sinistro no documento do mesmo.
No média monta há avarias maiores e haverá o registro no documento, o que vai dificultar a revenda, pois o mercado de seguradoras costuma ser resistente para assegurar carros que já tenham passado por sinistro.
Por fim, os veículos de grande monta não tem direito a documentação e só podem ser vendidos como sucata.
“Eu sempre aconselho o público a preferir os veículos provenientes de financeiras e, em especial, de frotas de empresas privadas e órgãos públicos. Nesse último caso, na maioria das vezes, encontramos carros com pouca coisa para fazer, com baixa quilometragem e que estavam funcionando”, indica Gladiston.
Não tem test-drive
É importante ressaltar que nenhum leilão de carros no Brasil permite que o carro que está sendo leiloado seja conduzido pelos interessados, muitos não permitem nem sequer ligar o motor.
Portanto, é necessário sempre colocar na conta que sempre existirá a possibilidade do motor estar com problema e isso pode encarecer (muito) o conserto do veículo para a revenda. “Sempre coloco na cabeça que o motor pode estar com problema e meu lucro pode diminuir na revenda. Mas, de acordo com a procedência, é possível evitar a compra de modelos com motores inutilizados”, afirma.
Sempre avalie presencialmente
A dica principal do especialista é que a avaliação tem que ser presencial. Há detalhes que só são vistos pessoalmente e informações também. “Eu coleto informações importantes quando vou visitar os lotes, inclusive de funcionários que rodaram muitos quilômetros com aquele carro e sabem o estado do motor, por exemplo.”
O especialista indica que, caso não haja a possibilidade de visitar o local onde os lotes estão expostos, o mais indicado é solicitar a visita do mecânico de confiança, o que aumenta a possibilidade de comprar um bom carro. “Entre os meus alunos já existe a prática de trocar favores de um ir visitar para o outro conforme a conveniência e disponibilidade, a única regra é sempre visitar”, conclui.