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Dipirona e paracetamol podem ter o efeito do álcool na direção

Analgésicos têm efeitos nocivos na concentração, na coordenação motora e no aumento da sonolência - danos similares aos ocasionados por bebida alcoólica

Por Isadora Carvalho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
6 mar 2018, 18h06
Motorista-com-sono
(Christian Castanho/Quatro Rodas)

De repente, as linhas da estrada começam a entortar ou sumir. Você não consegue mais se concentrar na via e demora duas vezes mais para realizar uma simples troca de marcha.

Esses sintomas são bem comuns em condutores sob efeito do álcool ou de sono extremo – confira o nosso teste exclusivo de sono ao volante.

Porém, esses efeitos podem ser provocados pela ingestão de medicamentos facilmente encontrados em farmácias – e sem receita médica.

São remédios usados de forma corriqueira, como analgésicos (paracetamol, dipirona e ibuprofeno) e relaxantes musculares (Dorflex, Miosan e Mioflex).

De acordo com a Academia Brasileira de Neurologia, cerca de 20% dos acidentes são causados por motoristas com seus reflexos alterados. Não há dados no Brasil de colisões provocadas especificamente pelo efeito colateral de medicamentos.

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Afinal, muitas vezes a vítima não acredita que um simples remédio para dor de cabeça pode ter provocado uma sonolência excessiva ou mesmo a perda de consciência.

Remédios ao volanteAnalgésicos e relaxantes musculares podem provocar sonolência ao volante

“Muitos medicamentos afetam três funções importantes para a direção: cognitiva, motora e perceptiva. O efeito muda de acordo com cada organismo e por isso a automedicação é tão perigosa”, diz Dr. Dirceu Alvez Rodriguez, diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 72% dos brasileiros se automedicam. E o mesmo estudo aponta que 40% fazem seu diagnóstico pesquisando na internet.

De acordo com o diretor da Abramet, pedir uma orientação médica antes de consumir um remédio pode evitar acidentes.

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“Um bom profissional de saúde poderá aconselhar qual o melhor tratamento e alertar se ele irá afetar a condução de um veículo”, diz Rodriguez.

Se tomar esse remédio não dirija

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu consulta pública para que a mensagem “se tomar este remédio não dirija” viesse estampada na embalagem de todas as medicações que impõem risco à direção de veículos.

Porém, o projeto não andou. A Anvisa entendeu que a criação de pictogramas de alerta é uma atividade bastante complexa para o tempo disponível para a revisão da norma das embalagens.

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