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DeLorean DMC-12

Ele só se tornaria um ícone anos depois do seu fim, por obra de um filme que encantou gerações

Por Fabiano Pereira
Atualizado em 9 nov 2016, 14h43 - Publicado em 21 out 2015, 12h02
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    O engenheiro John Zachary DeLorean foi o idealizador do primeiro muscle car, o Pontiac GTO, em 1964, e foi na divisão mais esportiva da General Motors que ele ganhou fama em Detroit. Chegou aos altos escalões do grupo até que saiu da empresa, em 1973. DeLorean tinha o sonho de criar um esportivo de aço inoxidável, ideia que até apresentou à GM. Não houve interesse, mas ele não desistiu: fundou sua própria companhia. Em 1975 o desenho do cupê estava pronto nas pranchetas de Giorgetto Giugiaro, mas faltava financiamento. Com sua reputação dos tempos de executivo da GM e acesso a nomes influents da indústria, ele custeou o projeto de 300 milhões de dólares com 4 milhões do próprio bolso, mais dinheiro de Wall Street, de revendedores, do governo britânico e até do apresentador de TV Johnny Carson.

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    De posse do dinheiro, ele ergueu uma fábrica em Dumurry, na Irlanda do Norte. Influência da Lotus, o chassi em Y do carro era de fibra de vidro e resina conhecida como Elastic Reservoir Molding (ERM). Completando a multinacionalidade, o motor V6 Peugeot-Renault traseiro de 145 cv usava cabeçote Volvo e injeção mecânica Bosch. Na frente, iam radiador e tanque de gasolina.

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    O aço inoxidável dos painéis da carroceria custava oito vezes mais que o aço estampado tradicional. Assim, ela deveria resistir à corrosão ao menos 25 anos. Parafusos fixavam as chapas para facilitar a manutenção. Sem pintura nem polimento, a lataria só precisava de uma palha de aço especial para esconder arranhões. As portas asa-de-gaivota, eternizadas pelo Mercedes-Benz 300 SL 1954, não só conferiam personalidade como segurança em colisão – o batente mais alto da porta fornecia um anteparo a mais contra impactos laterais. Embora conhecido depois como DMC-12, o modelo foi lançado em 1981 como DeLorean Sports Car e considerado caro, lento, falho no acabamento e bem menos visionário que a expectativa em torno dele fazia supor.

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    O exemplar 1981 das fotos, à venda na loja Garage Imports, de Santo André (SP), nunca foi restaurado e está com 77 000 km. A posição ao volante é bem esportiva e as persianas traseiras não atrapalham a visão. Não se sente falta de potência do motor, mas sim de um melhor escalonamento de marchas, que são longas demais. A estabilidade é boa, o carro anda bem colado no chão e o forte nível de ruído no teto e na traseira é acentuado pelo peso da estrutura de aço e das portas pesadas.

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    As vendas caíram já no segundo ano e logo depois o governo britânico fechou a fábrica por irregularidades fiscais, deixando 2 000 carros prontos no pátio. Tudo caminhava para que o DMC-12 fosse mais um fracassado esportivo idealizado por um sonhador, quando virou estrela do filme De Volta Para o Futuro, de 1985 – o que motivou uma empresa do Texas a comprar o ferramental e voltar a produzir o cupê a partir de 2008. Ou seja, o status de ícone cultural do DeLorean surgiu só depois de seu prematuro fim e vem repercutindo até hoje, durando mais que o aço inoxidável da sua carroceria.

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