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De Uno a Sandero R.S.: mais de 30 carros saíram de linha em 2021 no Brasil

Há quem saiu simplesmente por não vender, mas inflação, negócios revistos e as novas regras do Proconve anteciparam o ciclo natural de muitos modelos

Por Guilherme Fontana Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 dez 2021, 16h26 - Publicado em 29 dez 2021, 13h21
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Volkswagen Up é um dos modelos descontinuados em 2021 (Divulgação/Volkswagen)
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O setor automotivo foi um dos mais afetados no duro ano de 2021. Mesmo com o sucesso da vacinação contra a Covid-19 e a melhora nos índices da pandemia, a inflação atingiu o Brasil com os piores números em 30 anos. Para piorar, a indústria sofre, a nível global, com a falta de chips semicondutores, afetando a produção e as vendas de veículos em todo o mundo de forma histórica.

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Assim, diversos planos e negócios das fabricantes foram revistos e ao menos 30 modelos foram descontinuados. Mas também há, claro, casos em que o fim de um modelo foi causado apenas pelo encerramento de seu ciclo natural, por mudanças mecânicas ou pela troca por outros modelos.

Ainda existem aqueles que foram forçados a acabar pelas novas regras de emissões e ruídos do Proconve, mais rígidas e que entram em vigor assim que 2022 começar. Alguns modelos não poderão continuar em produção por não atenderem às novas normas. Assim, saíram de linha, já que, por questões industriais e mercadológicas, possíveis alterações não compensariam o investimento.

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Veja mais de 30 modelos que deixaram o mercado brasileiro em 2021 (em ordem alfabética de fabricante):

 

  • Caoa Chery Arrizo 5
Arrizo 5
Arrizo 5 era equipado com motor 1.5 turbo flex e câmbio CVT (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Diferentemente dos SUVs da Caoa Chery, o Arrizo 5 nunca foi um sucesso de vendas por aqui — o que só piorou com a chegada do “irmão” maior Arrizo 6. Já em março de 2021, ofuscado, o Arrizo 5 passou a ser vendido em versão única. Agora, executivos da marca já dizem para quem quiser ouvir que o ciclo do modelo produzido em Jacareí (SP) se encerrou no Brasil.

  • Chevrolet Montana

Ainda feita sobre a plataforma do Corsa, de 1994, a Montana saiu de cena após 11 anos de produção. A segunda geração da picape ainda tinha visual baseado no polêmico Agile e era equipada com motor 1.4 flex de até 99 cv — também aposentado. Mas ela terá uma sucessora: a nova Montana crescerá e subirá de nível para rivalizar com a Toro. Já flagrada em testes, a picape intermediária chegará em 2023.

  • Chevrolet Spin manual
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Várias versões da Spin poderiam ter câmbio manual (Christian Castanho/Quatro Rodas)
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As versões equipadas com câmbio manual da Spin foram vítimas das novas normas do Proconve. Conforme obtido em primeira mão por QUATRO RODAS, a minivan passou a ter apenas transmissão automática para acompanhar o motor 1.8 de até 111 cv, já que, com a manual, o modelo poderia não se enquadrar nas regras atualizadas do programa de emissões.

  • Chevrolet Tracker manual

Assim como a Spin, o Tracker também passou a ter apenas câmbio manual para se adequar ao Proconve L7. No caso do SUV, porém, os prejuízos foram menores, já que apenas sua versão de entrada (e menos vendida) era equipada com transmissão manual, acompanhando o motor 1.0 turbo. Além disso, a descontinuação já era esperada por questões de mercado.

  • Citroën AirCross
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AirCross passou por apenas uma reestilização, saindo de linha com o visual da foto (Acervo/Quatro Rodas)
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Baseado no C3 Picasso europeu, foi lançado em 2010 como C3 AirCross com um apelo visual aventureiro, com direito a muito plástico sem pintura adornando a carroceria e estepe pendurado na traseira. Também havia uma versão “civil”, homônima ao modelo europeu, mas que foi descontinuada em 2015, quando o AirCross perdeu o nome C3 e passou por mudanças visuais. Assim como o C3, deixou de ser produzido em 2020, mas permaneceu à venda com unidades de estoque até 2021.

  • Citroën C3

O C3 terá uma nova geração no Brasil em 2022, mas esqueça tudo o que você conhece sobre a essência do original. Aquele C3 arredondado, com visual refinado, mimos e acabamento típicos de um carro francês, deixou de ser produzido em Porto Real (RJ) ainda no primeiro semestre de 2021. O futuro modelo terá um jeito de hatch aventureiro, seguindo a proposta do Renault Kwid.

  • Fiat Uno
uno ciao
Uno Ciao é a série de despedida do hatch (Divulgação/Fiat)
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Foram 37 anos entre o início e o fim da produção nacional do Uno, um dos maiores nomes da indústria brasileira. Para a despedida, a Fiat preparou uma série especial e limitada a 250 unidades: o Uno Ciao. Sempre com o antigo motor 1.0 de 77 cv, a série tem adereços estéticos exclusivos.

  • Ford EcoSport

Precursor dos SUVs compactos no Brasil (e talvez no mundo), o EcoSport viu a concorrência, mais moderna, disparar à frente e acabou esquecido no segmento. Há alguns anos, a Ford até cogitou e chegou a iniciar os testes de uma nova geração, mas a notícia de que fecharia as fábricas no Brasil chegou antes. Assim, o SUV deixou de ser produzido no local em que nasceu.

  • Ford Edge ST
2019 Edge Titanium
Versão esportiva do SUV foi a última importada ao Brasil (Divulgação/Ford)
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Alguns meses após deixar de produzir carros no Brasil, a Ford também interrompeu a importação do Edge. Em sua última passagem por aqui, o SUV era importado na versão esportiva ST, com motor V6 2.7 de 335 cv. Na época, a Ford afirmou que a crise dos semicondutores antecipou a decisão de descontinuar o Edge ST.

  • Ford Ka e Ka Sedan

Assim como o EcoSport, o Ka também foi vítima da transformação da Ford em importadora no Brasil. Mesmo com bons números de vendas, visual atualizado e um recém-adotado câmbio automático, o compacto (em versão hatch e sedã) saiu sem deixar rastros.

  • Honda Civic
Honda Civic Touring
A décima geração do Civic, última produzida no Brasil, foi a melhor do sedã (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Após 24 anos, o Civic deixou de ser produzido no Brasil pelas nada boas perspectivas do segmento de sedãs médios por aqui. Com o encolhimento da categoria, não justificaria o investimento para a produção nacional da 11ª geração do sedã. Além disso, o novo City chega moderno e tecnológico o suficiente para, segundo a Honda, captar alguns dos clientes do Civic. Mas é apenas um “até logo”: o novo Civic chegará ao Brasil em 2022, importado e em versão híbrida.

  • Honda Fit

Decisão mais arriscada da Honda no Brasil, o Fit saiu de cena para que o inédito City hatch ocupe o seu lugar. Em sua terceira geração, o monovolume (ou seria hatch?) deixa de ser produzido após 18 anos e mais de 600.000 unidades vendidas no país. Queridinho no mercado, o modelo venceu a pesquisa Os Eleitos por quatro anos consecutivos, entre 2004 e 2007.

  • Hyundai HB20 e HB20S 1.6
HB20S
Agora o HB20 só é oferecido com os motores 1.0 turbo ou aspirado (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mais uma vítima da nova fase do Proconve, o HB20 teve a sua linha desfalcada: desde agosto, hatch e sedã deixaram de oferecer o bom motor 1.6 aspirado que equipava as versões intermediárias. Agora, restam apenas os 1.0 aspirado e turbo. Apenas o aventureiro HB20X mantém a motorização por questões de estoque – em breve o modelo receberá o 1.0 turbo.

  • Jeep Renegade diesel

O fato ainda não foi consumado, mas já está confirmado. A partir de janeiro de 2022, o Renegade será equipado apenas com o novo motor 1.3 turbo flex — mesmo nas versões topo de linha, nas quais ele combinará a motorização com tração 4×4 e câmbio de 9 marchas. Assim, as configurações a diesel do SUV serão descontinuadas, e quem não quiser abrir mão desse combustível deverá subir para o Compass.

  • Kia Rio
Kia Rio EX vermelho traseira
Kia Rio consegue se diferenciar bem pelo design, mas nem isso adiantou (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Após anos de promessas da Kia, o Rio enfim chegou ao Brasil, em 2020. Porém, foram menos de dois anos e pouco mais de 500 unidades vendidas até a marca resolver descontinuar o hatch por aqui. Equipado com o mesmo conjunto do HB20 (motor 1.6 e câmbio automático), o Rio foi prejudicado pelo dólar alto, pela reduzida rede de concessionárias Kia e pela nada fácil concorrência.

  • Nissan V-Drive

Quando a nova geração do Versa chegou ao Brasil, a antiga se manteve em linha como uma opção mais acessível. Para isso, mudou até de nome: passou a se chamar V-Drive. Pouco mais de um ano depois, porém, a Nissan optou por descontinuar o modelo alegando “ciclo natural do produto”. Na prática, a produção do Kicks foi aumentada em Resende (RJ).

  • Renault Sandero e Logan 1.6 

No final de 2020, menos de um ano e meio após apresentar os Sandero e Logan com câmbio automático CVT, a Renault arriscou deixou de oferecer a transmissão aos compactos. Em 2021, a marca foi além e cortou também o motor 1.6 dos modelos, restando apenas versões com motorização 1.0. Por enquanto, o Stepway, emancipado da linha Sandero, é o único que mantém o motor maior e o câmbio automático.

  • Renault Sandero RS
Sandero R.S
Sandero R.S foi o último esportivo nacional (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Primeiro Renault Sport feito fora da França e último esportivo nacional, o Sandero R.S. conquistou uma legião de fãs em seus aproximados seis anos de produção. Equipado com motor 2.0 aspirado e câmbio manual de seis marchas, o R.S. foi o que sobrou de um segmento vivo em 2015, quando outras opções, como DS 3, 208 GT e Swift Sport, ainda estavam disponíveis. O hatch também sai de cena pelas novas regras de emissões, e se despede com um kit especial para as 100 últimas unidades.

  • Suzuki S-Cross

Com um conjunto mecânico de dar inveja na concorrência, o S-Cross nunca foi o tipo de carro comprado por design — ele era equipado com um motor 1.4 turbo de 146 cv, que rendia um 0 a 100 km/h em 8,7 segundos. Em outubro, o modelo deixou de aparecer no site da Suzuki, que confirmou a interrupção da importação do modelo. Agora, o SUV ganhou uma nova geração, com menos jeito de minivan, e que pode voltar em 2022. A ver.

  • Suzuki Vitara
Duas motorizações para brigar contra Renegade de um lado e Compass de outro
Com visual bem resolvido, mas discreto, o SUV pegava de surpresa pelo desempenho (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)

Assim como o S-Cross, o Vitara teve a sua importação interrompida, segundo a marca, pela escassez de componentes no Japão. A Suzuki não dá pistas se e quando o modelo voltará a ser vendido por aqui. Também como no “irmão”, o SUV era equipado com motor 1.4 turbo e câmbio automático de 6 marchas. E surpreendia no desempenho.

  • Toyota Etios e Etios sedã

Etios hatch e sedã deixaram de ser vendidos no mercado brasileiro no último mês de abril, mas sua produção não foi encerrada. Na época, a Toyota anunciou que apenas a parte da produção que abastecia o Brasil seria descontinuada, para abrir espaço para o Corolla Cross. Porém, os compactos seguiram sendo produzidos em menor escala apenas para exportação.

  • Toyota Hilux e SW4 flex
Toyota SW4
SW4 Diamond é uma das novidades da linha 2022, que exclui as versões flex (Divulgação/Toyota)

Já na linha 2022, a Hilux passa a ser oferecida em seis versões — menos do que na linha 2021, já que, agora, a picape é oferecida apenas com motor 2.8 turbodiesel. O mesmo vale para o SW4. Na gama 2022, as principais novidades estão na nova versão Diamond e na descontinuação das versões com motor 2.7 flex.

  • Toyota Prius

A chegada do Corolla já anunciava o que aconteceria um tempo depois. O sedã de renome, com aparência convencional, motorização híbrida flex e mais tecnologia fez com que o Prius, com visual diferentão e motor apenas a gasolina, perdesse o sentido no mercado. Segundo a KBB, apenas três unidades do híbrido foram vendidas no Brasil em 2021.

  • Troller T4
Modelo Troller TX4 Azul
Marco da indústria brasileira, o Troller T4 sai de linha sem deixar sucessor (Divulgação/Troller)

Propriedade da Ford desde 2007, a Troller também deixou de existir com o fim das atividades produtivas da empresa. Com isso, algumas empresas até tentaram comprar a marca e as negociações correram até agosto deste ano — até que a matriz da Ford ordenou que a marca Troller não seria vendida. Os últimos T4 foram vendidos bem acima do preço de tabela.

  • Volkswagen Fox

O Fox foi lançado com o lema “compacto para quem vê, gigante para quem anda”, exaltando seu espaço interno — um dos responsáveis por cativar os quase 1,3 milhão de compradores durante seus 18 anos de produção. Na prática, o modelo teve apenas uma geração, com profundas mudanças de estilo e alterações mecânicas com o passar do tempo.

  • Volkswagen Jetta 1.4
jetta
Abaixo da GLI, todas as demais versões do Jetta eram equipadas com motor 1.4 TSI (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Sem conseguir competir com os concorrentes e com o Virtus cada vez mais caro, o Jetta perdeu todas as versões equipadas com motor 1.4 turbo já no início de 2021. A estratégia da Volkswagen foi deixar apenas a versão esportiva GLI, com motor 2.0 turbo, como um diferencial. A versão, inclusive, será atualizada em breve e já roda em testes no Brasil.

  • Volkswagen T-Cross manual

Assim como o Tracker, o T-Cross manual seguiu um caminho já previsto e deixou de ser oferecido. A transmissão, de seis marchas, estava presente apenas na versão de entrada do SUV — com motor 1.0 turbo e que já custava mais de R$ 105.000. A combinação teria sido lançada no modelo apenas para chamariz pelo preço inicial, já que nem o Polo possuiu o conjunto.

  • Volkswagen Tiguan 1.4
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Versões 1.4 do Tiguan saíram para abrir espaço para o Taos (Dirk Winnmeyer/Quatro Rodas)

O caso do Tiguan é diferente do Jetta, já que as versões 1.4 nunca tiveram níveis tão baixos de vendas. O problema veio dentro de casa e se chama Taos. Para que não houvesse uma canibalização entre os modelos, o Tiguan passou a ser vendido apenas em sua versão topo de linha, com motor 2.0 turbo.

  • Volkswagen Up

A Volkswagen confirmou, em abril, o fim do Up no Brasil. Segundo a marca, a decisão foi tomada para seguir sua estratégia de renovação de produtos, cujo modelo tomará o lugar do compacto será o Polo Track, previso para ser lançado apenas em 2023 como o carro mais barato da Volkswagen no Brasil. Desde a descontinuação do modelo, as unidades usadas do compacto tiveram seus preços inflacionados.

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